SPTrans estuda leasing para ônibus elétricos; testes com modelo Higer vão durar seis meses
Publicado em: 11 de novembro de 2021
Serão dois meses em cada uma das três empresas participantes; Durante apresentação do modelo, prefeito Ricardo Nunes reafirmou meta de 2,6 mil ônibus elétricos rodando nas ruas até o final de 2024
ADAMO BAZANI
Colaborou Jessica Marques
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, reafirmou na tarde desta quinta-feira, 11 de novembro de 2021, a promessa de que até o fim de 2024, a cidade terá ao menos 2,6 mil ônibus elétricos operando nas linhas municipais.
A declaração foi feita na apresentação do modelo de ônibus elétrico da Higer Bus que será testado na capital paulista.
Como mostrou o Diário do Transporte em entrevista, em primeira mão, o modelo Azure A12 BR, fabricado na China, mas preparado para receber peças nacionais, tem 12,2 metros de comprimento, capacidade para 70 passageiros entre em pé e sentados, baterias com autonomia de até 270 km, piso baixo total e o modelo de negócios contempla uma espécie de aluguel de 15 anos que inclui fornecimento de energia, troca de baterias e manutenção.
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LEASING:
No evento, o prefeito Ricardo Nunes disse que acredita ser possível o cumprimento da meta de 2,6 mil coletivos elétricos dado o volume anual de substituição de frota.
“Hoje temos 18 ônibus e acredito que atingiremos nossa meta, mesmo porque, conforme previsto nos contratos de concessão, cerca de mil veículos são substituídos naturalmente, e agora deverão ser trocados por modelos movidos a bateria”, explicou o prefeito, de acordo com nota da administração pública.
Empresas de ônibus apontam algumas dificuldades, como infraestrutura nas garagens, tempo de recarga e autonomia das baterias, além do custo de aquisição que pode ser até o dobro em comparação a um modelo do mesmo porte a diesel.
Na mesma nota, o diretor de Operações da SPTrans, Wagner Chagas Alves, disse que a gestão estuda alternativas para as viações atenderem a meta e o leasing é uma delas.
“Questão do leasing está aventada como outras opções. Por enquanto, não risco de atraso de ter os 2600, pois a meta contratual não pode ser desconsiderada”, afirmou, de acordo com a nota.
Segundo a prefeitura, o programa de metas prevê que 20% da frota seja composta por ônibus elétricos até o fim de 2024, como parte das ações municipais para cumprimento da Lei de Mudanças Climáticas, que prevê a redução da emissão de gás carbônico fóssil em 50% até 2028 e a erradicação deste tipo de poluente até 2038.
TESTES:
Como também havia mostrado o Diário do Transporte, os testes vão começar com a SPTrans (São Paulo Transporte) sem passageiros por cerca de 15 dias. A previsão é de início na semana de 22 de novembro de 2021.
Depois, o ônibus vai circular com passageiros por três empresas: Transwolff, que atende à zona Sul; Sambaíba, na zona Norte; e Metrópole Paulista, na zona Leste.
A prefeitura de São Paulo detalhou que o ônibus deve ficar dois meses em cada, totalizando seis meses de testes na capital.
Ainda na nota, a administração diz que a apresentação do ônibus foi possível “graças a participação de São Paulo na C40 Cities, grupo de lideranças climáticas das cidades e está inserida na iniciativa ZEBRA (Acelerador de implantação rápida de ônibus de emissão zero, na sigla em inglês), que visa apoiar cidades latino-americanas no processo de transição para tecnologia zero emissões – mesa redonda de negócios e indústria, do ICCT (Conselho Internacional de Transporte Limpo).”
MENOS DE 2% DE ÔNIBUS ELÉTRICOS:
Atualmente, de acordo com os indicadores da SPTrans, a cidade de São Paulo tem uma frota contratada de 13.806 ônibus de diferentes portes.
Apenas 219 são não poluentes na operação, ou seja, menos de 2%; sendo 18 elétricos à bateria, operados pela Transwolff na zona Sul; e 201 trólebus (conectados à rede área), da Ambiental Transportes (Consórcio TransVida), que ligam a zona leste ao centro e parte das zonas Oeste e Sudeste.
CORREDORES:
Como mostrou o Diário do Transporte, em 05 de novembro de 2021, durante anúncio de parceria do Estado de São Paulo e da Prefeitura em investimentos em mobilidade, o prefeito Ricardo Nunes e o governador João Doria disseram que os novos corredores de ônibus da cidade serão servidos apenas por modelos elétricos.
Relembre:
O Plano de Mobilidade Urbana da Cidade prevê 27 obras que totalizam mais de R$ 5,5 bilhões, entre a implantação de 11 novos corredores de ônibus, o que representa mais de 95 km de novas vias, 30 km de requalificação de corredores já existentes, além da construção de quatro novos terminais.
Relembre:
CENÁRIO DA INDÚSTRIA:
Apesar de os veículos elétricos também serem impactados pela falta de insumos e equipamentos, como também ocorre com automóveis a combustão, a demanda pelos modelos não poluentes tem aumentado.
No Brasil, já existem opções de produtos em plena atividade, algumas que apresentarão modelos e outras que estão se estabelecendo (por ordem alfabética):
BYD: Indústria de origem chinesa, com planta em Campinas (SP), que fabrica ônibus elétricos de diversos portes: micros, padrons e articulados, além de rodoviários, produzindo as baterias, tecnologia e chassis. Está entre as maiores produtoras mundiais na área de mobilidade elétrica e produz também no Brasil placas de energia solar. Existem diversas cidades que operam com ônibus BYD no Brasil, inclusive São Paulo.
CaetanoBus: A empresa portuguesa CaetanoBus trouxe para testes no sistema de transportes da cidade de São Paulo o chassi e.CC 100 C5845 E.E, 100% elétrico. O modelo recebeu carroceria Caio, de produção brasileira. O e.CC 100 pode ser receber carrocerias de comprimento mínimo de 9.5 metros e máximo de 12.7metros.
Eletra: Indústria 100% nacional, do Grupo ABC/Next Mobilidade, com planta em São Bernardo do Campo (SP). A empresa foi inaugurada oficialmente no dia 22 de agosto de 2000. Faz toda a integração e tecnologia para ônibus elétricos à bateria, trólebus, híbridos (motores elétricos e à combustão no mesmo veículo), Dual Bus (mais de um tipo de tração elétrica em mesmo ônibus, por exemplo: trólebus+baterias ou baterias+híbridos). Não produz os chassis e baterias. O BRT-ABC, entre São Bernardo do Campo e São Paulo, é uma concessão à Next Mobilidade terá ônibus 100% elétricos de 22 metros cada com tecnologia Eletra, chassis Mercedes-Benz e carroceria Caio.
Higer: Empresa de origem chinesa que apresentou um modelo elétrico de ônibus padron neste mês de novembro de 2021 na capital paulista. Diz que trará ao Brasil também vans, ônibus articulados e ônibus rodoviários elétricos. Os modelos são monoblocos (chassi, motores e carroceria formando um bloco só).
Marcopolo: Tradicional fabricante de carrocerias de Caxias do Sul (RS), testa em parceria com a empresa Suzantur, operadora de transportes de Santo André (SP), um ônibus 100% elétrico, projeto integral da Marcopolo. O modelo é padron com piso baixo. O veículo circula sem passageiros entre o Terminal Vila Luzita (bairro populoso de Santo André) e o terminal principal da cidade no centro (Terminal Santo André Oeste).
Mercedes-Benz: A gigante alemã lançou em 25 de agosto de 2021 o chassi de ônibus elétricos eO500U, de piso baixo, para carrocerias de até 13,2 metros, justamente os padrões de São Paulo. O modelo será produzido em São Bernardo do Campo (SP) e em 2022 já serão vistas as primeiras unidades. Para a capital paulista, já há um mercado previsto para ser iniciado com cerca de 150 unidades com carroceria Caio. A empresa planeja lançar em breve ônibus articulados e superarticulados.
Volvo: A gigante sueca produz em Curitiba (PR) um modelo de ônibus elétrico híbrido. O ônibus tem um motor a combustão, que gera energia, e o elétrico que atua na maior parte da tração. A tecnologia é híbrida paralela, quando o ônibus está parado, freia e até 20 km/h a atuação é do motor elétrico. A partir de 20 km/h, entra em operação o motor a combustão. Há unidades em circulação em Curitiba, Foz do Iguaçu e Santo André (Suzantur), por exemplo.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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