Cortes de investimentos em corredores de ônibus em São Paulo já chegam a R$ 874 milhões nas gestões Doria/Covas

Sem corredores, ônibus perdem desempenho. Clique na foto para ampliar

Ontem, Diário do Transporte revelou mais uma transferência milionária de recursos: R$ 12 milhões das pitas dos ônibus para o Autódromo de Interlagos

ADAMO BAZANI

O ex-prefeito João Doria e seu sucessor, Bruno Covas, até agora retiraram R$ 874 milhões que estavam previstos originalmente para corredores de ônibus e destinaram o dinheiro para outras áreas, como o Programa Asfalto Novo e até para o Autódromo de Interlagos.

Ontem, o Diário do Transporte revelou em primeira mão que para o autódromo, que deve ser privatizado, a prefeitura retirou R$ 12 milhões que seriam para as estruturas que podem aumentar a qualidade e a velocidade dos serviços de ônibus da cidade.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2018/06/12/prefeitura-de-sao-paulo-tira-r-12-milhoes-de-corredores-de-onibus-para-o-autodromo-de-interlagos/

Atualmente, segundo dados da própria CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, a velocidade média dos ônibus na cidade de São Paulo é muito baixa, entre 12 km/h e 18 km /h.

Na cidade, só há 128,8 km de corredores de ônibus nos 17 mil km de vias, sendo que apenas 8 km, no Expresso Tiradentes, são de BRT – Bus Rapid Transit, que é uma estrutura que oferece mais exclusividade ao transporte coletivo e maior velocidade. Um estudo encomendado pela prefeitura em 2012 mostrou que para atender adequadamente os 9,5 milhões de passageiros diários dos ônibus de São Paulo, seriam necessários ao menos 600 km de corredores centrais (não de faixas).

Somente neste ano de 2018, os investimentos em corredores de ônibus perderam R$ 322 milhões, do total de R$ 542 milhões orçados para 2018. Restam R$ 220 milhões, mas ainda pode haver outros remanejamentos.

A prefeitura de São Paulo utilizou neste ano apenas R$ 5 milhões para construir novos corredores de ônibus e mais R$ 17 milhões para ampliar ou reformar os corredores que já existem.

Em 2017, primeiro ano de gestão Doria, os investimentos em corredores de ônibus também foram reduzidos. De R$ 595 milhões que deveriam ser dedicados à prioridade ao transporte público por meio da construção de corredores de ônibus, a prefeitura somente usou R$ 43 milhões. Os R$ 552 milhões restantes foram remanejados ou simplesmente, não usados.

O plano de metas da gestão João Doria/Bruno Covas prevê 72 km de corredores novos ou requalificados até o final de 2020. Mas a contar pelos números de realizações até agora e pela proposta de orçamento para 2019, o prefeito Bruno Covas deve realizar uma série de inaugurações no último ano de mandato, em 2020, que é ano eleitoral, ou não cumprir a meta.

Para 2019, a proposta de orçamento (que pode ser modificada até dezembro) prevê a construção de apenas oito quilômetros de corredores exclusivos para o transporte coletivo.

Até 2020, os corredores devem ter previsto um orçamento de R$ 1,4 bilhão (R$ 1.421.600.000). – Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2018/04/17/com-orcamento-total-maior-que-doria-bruno-covas-preve-apenas-8-km-de-corredores-de-onibus-em-2019/

O jornal Folha de S.Paulo hoje abordou o tema também.

Aos repórteres Arthur Rodrigues e Fabrício Lobel, o secretário municipal da Fazenda, Caio Megale, justificou o corte de investimentos em corredores dizendo que a prefeitura não recebeu os repasses federais prometidos e também atribuiu os remanejamentos à situação dos cofres municipais, que precisou do dinheiro que seria para a prioridade ao transporte coletivo para pagar despesas, como limpeza urbana.

“Como se tem um dinheiro só para duas necessidades, o corredor de um lado e outras demandas de custeio continuadas [de outro], não tem jeito. Primeiro, deve-se ter certeza de que a cidade continuará funcionando antes de fazer novos investimentos. É por isso que o investimento tem caído tanto não só para os corredores, mas de forma geral”

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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