Cidade de Dallas, no Texas (EUA), compra frota de sete ônibus elétricos

Compra contou com subsídio governamental. Cidades americanas começam a planejar a migração para frotas eletrificadas

ALEXANDRE PELEGI

Uma frota de sete modernos e descolados ônibus elétricos chegou ao centro da cidade americana de Dallas, no Texas, no dia 2 de julho de 2018.

Eles foram adquiridos pela agência DART – Dallas Area Rapid Transit, a agência de transporte e trânsito da cidade. A agência gerencia desde linhas de ônibus, VLTs (veículos de trilhos leves), trens urbanos e as chamadas HOV (High Occupancy Vehicle) Lanes*, faixas exclusivas para veículos com mais de um passageiro. Sua atuação abrange Dallas e doze cidades do entorno.

A DART já possui uma forte experiência com modos de transportes elétricos. A região em que atua, composta por mais de uma dezena de cidades, já conta com mais de 150 quilômetros de serviço de VLTs e trens elétricos (Streetcar e Light Rail).

No entanto, enquanto os sistemas sobre trilhos são movidos a eletricidade há muito tempo, os ônibus urbanos ainda precisavam dar esse salto. Essa realidade começou a mudar na semana passada, quando o primeiro lote de sete ônibus elétricos Proterra começou a operar no centro de Dallas. Eles fazem parte de um programa piloto que a agência de transporte público vai expandir se for bem-sucedido.

Os ônibus elétricos estão sendo utilizados no D-Link, um serviço de transporte gratuito fornecido pela DART com rotas que permitem explorar os distritos do centro de Dallas e as áreas históricas e culturais da região.

Os ônibus atendem principalmente aos funcionários de escritórios e aos turistas que se hospedam no centro da cidade e nos arredores. Eles circulam livremente, parando nos principais pontos turísticos e históricos e servindo como um conector para as duas linhas de VLT.

Depois de rodar 19 milhas (cerca de 30 km), os ônibus elétricos Proterra chegam à estação do centro de convenções e recebem uma carga completa que dura cerca de 5 minutos.

Os ônibus, que rodam em caráter experimental, são vistos pelo executivo Morgan Lyons, do DART, como “laboratórios móveis”. Morgan disse: “Queremos entender como eles se saem, o que envolve sua manutenção. Deve ser mais barato. No início os ônibus elétricos são mais caros, mas no final acreditamos que a manutenção deve ser mais barata”.

Cada ônibus custa mais de US$ 970.000 (cerca de R$ 3,7 milhões), acima dos US$ 480.000 (R$ 1,8 milhões) de um ônibus a gás natural comprimido. No entanto, as autoridades da cidade esperam que, com o passar do tempo, os custos dos elétricos acabem reduzidos. Isso porque a DART espera economizar até US$ 400.000 (R$ 1,54 milhões) em combustível nos próximos 12 anos. E espera ainda que os custos de manutenção sejam muito menores em relação aos outros tipos de ônibus.

Ryan Popple, da Proterra, acredita que os ônibus não são apenas mais verdes, mas sim mais modernos e atraentes. “O aspecto ambiental é importante, mas se trata também de fazer com que o transporte de massa seja vanguardista, atranete e de última geração, para que mais pessoas saiam dos carros e entrem em ônibus”, afirmou.

Este é provavelmente um esforço importante para os gestores públicos de Dallas. Enquanto o sistema de VLT (light rail system) tem grande apoio na cidade e nos subúrbios, os ônibus estão subutilizados.

O programa de compra do ônibus elétrico Proterra foi parcialmente financiado por uma doação de US$ 7,6 milhões (quase R$ 30 milhões) da Federal Transit Administration, agência do Departamento de Transportes dos Estados Unidos que presta assistência financeira e técnica aos sistemas de transporte público local. O subsídio é dedicado a programas de implantação de veículos com emissões baixas ou zero.

À medida que os preços dos ônibus elétricos caírem, os benefícios econômicos serão ainda maiores. Isso indica que se o programa piloto for bem-sucedido, o DART seguramente gostará de expandir sua frota de ônibus elétricos no futuro.

CIDADES AMERICANAS COMEÇAM A ELETRIFICAR SUAS FROTAS

Dallas se une a várias outras cidades que também começaram a eletrificar suas frotas de ônibus, apesar dos custos mais altos dos veículos e da infraestrutura de recarga.

Washington DC colocou 14 ônibus elétricos em seu sistema de transporte público nesta primavera. Columbus, capital do estado de Ohio, tem planos de comprar 10 ônibus elétricos. E  cidade de San Francisco, na Costa Leste, começou a substituir seus ônibus híbridos como parte de um esforço para eletrificar totalmente sua frota de ônibus até 2035.

O que, no entanto, tornou os ônibus uma realidade para as cidades americanas foi a disponibilidade de financiamento federal. O FTA anunciou em abril mais de US$ 84 milhões (cerca de R$ 320 milhões) em subsídios para ônibus urbanos com tecnologias avançadas e limpas.

Uma transição para a eletrificação nos transportes públicos poderia ajudar Dallas a atingir suas metas de se tornar uma cidade neutra em carbono até 2050, meta que foi estabelecida em 2014; em parte, incentivando os moradores a usar o transporte público ao invés de deus automóveis.

Como o transporte é muitas vezes uma das maiores fontes de emissões da cidade, qualquer medida que as agências de transporte público possam tomar para reduzir o impacto climático será um longo caminho para alcançar metas climáticas mais amplas.

* No final dos anos 90 houve uma tentativa de se implantar as chamadas HOV Lanes em algumas avenidas de São Paulo. Aqui elas foram apelidades de “faixa solidária” ou “faixa 2”. A medida, ao contrário dos EUA, acabou caindo em desuso e perdendo força.

Leia matérias recentes que publicamos sobre o assunto:

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Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Com informações do jornal “The Dallas Morning News” e dos portais “Smart Cities Dive” e “Inside EVs”

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