Justiça nega mais uma vez aumento de tarifa de ônibus em Belo Horizonte

Empresas querem reajuste de mais de 10% no valor das tarifas. Foto: Clovis Junior

Cabe mais um recurso por agravo de instrumento

ADAMO BAZANI

O desembargador Wander Marotta manteve a decisão da 2ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal de Belo Horizonte e negou nesta terça-feira, 26 de dezembro de 2017, recurso das empresas de ônibus da cidade para aumentar as tarifas. Na última sexta-feira, o juiz Marco Aurélio Abrantes Rodrigues, entendeu que o prefeito Alexandre Kalil, ao dizer que o reajuste só aconteceria depois da conclusão de uma auditoria nas contas do sistema de transportes, não se referiu em congelamento e não descumpre contrato que prevê aumentos anuais.

No dia 21 de dezembro, os consórcios BHLeste, Dez, Dom Pedro II e Pampulha entraram com mandado de segurança contra o prefeito Alexandre Kalil e contra o diretor-presidente da BHTrans, Célio Freitas Bouzada, alegando que havia risco de afronta ao direito das operadoras, “uma vez que a página oficial da Prefeitura informa que não haverá aumento. Segundo as empresas, o reajuste precisa ser publicado no Diário Oficial do Município (DOM) no dia 26 de dezembro, para passar a viger no dia 29 do mesmo mês, o que corre o risco de não ocorrer se não houver decisão judicial favorável a elas.” – conforme diz nota do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

As viações, que querem reajuste de 10,5%, podem recorrer por agravo de instrumento.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o juiz entendeu que a ação “não é pertinente” porque Kalil não se negou a dar o aumento e que sua posição não foi “definitiva”.

A última auditoria foi barrada na justiça, mas o prefeito promete lançar o edital para contratar um novo estudo.

As tarifas municipais em Belo Horizonte variam de R$ 0,90 a R$ 6,10, mas na maior parte do sistema o valor é de R$ 4,05.

As empresas alegam ainda que aumentou a necessidade de investimentos, como a obrigatoriedade de ônibus com ar-condicionado e suspensão pneumática, e que cresceram os custos operacionais como com combustíveis.

IMPASSES DE TARIFAS:

Outras capitais devem ter impasses em reação às tarifas de ônibus.

No Rio de Janeiro, a situação é pior. No início de 2017, o prefeito Marcelo Crivella e o vice, Fernando Mac Dowell, que também é secretário municipal de transportes, congelaram o valor em R$ 3,80. Mas após duas decisões judicias com base em ações movidas pelo Ministério Público, a tarifa agora está em R$ 3,40. O Rio Ônibus, sindicato das empresas, diz que o sistema pode entrar em colapso e que desde o primeiro congelamento, em 2013 após as manifestações contra as tarifas, as companhias acumulam prejuízos de quase R4 400 milhões.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/11/22/exclusivo-empresas-de-onibus-do-rio-estimam-prejuizo-acumulado-de-quase-r-400-milhoes-ate-o-final-do-ano/

O vice-prefeito e secretário de transportes, Fenando Mac Dowell, disse que até que seja cumprida a meta de 100% da frota com ar-condicionado, não haverá reajuste de tarifa de ônibus e descartou aumento no início de 2018.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/12/16/fernando-macdowell-vice-prefeito-e-secretario-dos-transportes-afirma-que-nao-havera-reajuste-da-tarifa-no-inicio-do-ano/

Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca anunciou que deve manter a tarifa em R$ 4,25. O anúncio ocorreu depois de acordo feito com as empresas de ônibus para a renovação da frota. Devem ser colocados até 2020, 450 ônibus zero quilômetro no sistema.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/12/21/greca-garante-que-tarifa-em-curitiba-segue-sem-reajuste-no-proximo-ano/

No Distrito Federal, o governador Rodrigo Rollemberg e o secretário de transportes, Fábio Damasceno, em evento para anunciar aumento do tempo de integração pelo Bilhete Único, indicaram que em 2018 não deve haver reajuste tarifário.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/12/20/governo-do-distrito-federal-diz-que-vai-congelar-tarifa-do-transporte-publico-em-2018/

Em São Paulo, a situação está mais definida. Tanto o prefeito João Doria, como o secretário de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, disseram que em 2018 haverá reajuste de tarifa de ônibus, mas a data e os valores não foram definidos. Os estudos são feitos em conjunto com o Governo do Estado já que as tarifas dos ônibus municipais da SPTrans são integradas com a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e o Metrô, que são estaduais.

Na capital paulista, houve congelamento da tarifa em 2017 no valor de R$ 3,80, que vigorou todo o ano de 2016 também. Foi uma promessa de campanha do prefeito João Doria.

Segundo a prefeitura, o congelamento custou mais de R$ 400 milhões. Somados aos altos custos básicos do sistema e às gratuidades e integrações, os impactos do congelamento contribuíram para uma necessidade de subsídios de R$ 3 bilhões neste ano. Em 2016, pensando em reajustar a tarifa, o então prefeito Fernando Haddad, destinou aos subsídios em 2017, um total de R$ 1,75 bilhão. Este valor acabou em julho e desde então, a prefeitura já retirou R$ 1,1 bilhão do orçamento de outras áreas.

Para o ano de 2018, a Câmara aprovou no Orçamento do Município, R$ 2,1 bilhões (R$ 2.102.183.016) para subsídios, mas Doria queria R$ 2,34 bilhões (R$ 2.342.987.676).

A licitação do sistema de transportes da cidade de São Paulo, com as reformulações nas linhas e redução do número de cobradores, pretende reduzir os custos de operação e, consequentemente, as necessidades de subsídios.

Entretanto, nesta quinta-feira, durante a apresentação das minutas dos editais da licitação, o secretário Sergio Avelleda disse que as mudanças serão gradativas e que os novos contratos serão calculados neste momento com base nos custos atuais do sistema: R$ 7,8 bilhões.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/12/21/licitacao-dos-transportes-de-sao-paulo-nao-vai-reduzir-custos-do-sistema-em-curto-prazo/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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