Eletromobilidade

OUÇA: Nunes diz que aterramento de fios enfrenta dificuldades em São Paulo e cita problemas em redes de trólebus por causa de chuva

Segundo prefeito, há pendências envolvendo CET, trólebus e rede de telefonia para a eliminação de postes na região central

ADAMO BAZANI

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, fez um balanço na tarde deste sábado, 04 de novembro de 2023, dos trabalhos para tentar restabelecer a normalidade na cidade após a forte chuva que atingiu a capital e a região metropolitana nesta sexta-feira (03).

O balanço foi feito ao lado do responsável pela distribuição de energia da ENEL em São Paulo, Vincenzo Ruotolo.

Segundo Nunes, foram 1,4 mil ocorrências relacionadas a árvores na cidade de São Paulo, com desligamento de energia.

Foram 618 chamados sobre energia na capital.

Dos 6,5 mil pontos de semáforos a cidade de São Paulo, 247 estavam apagados por falta de energia até a hora da entrevista, no início da tarde, e cerca de 20 por problemas diretos no equipamento.

O prefeito falou ainda sobre o aterramento da fiação elétrica na cidade que, segundo ele, diminuiria os impactos na rede de distribuição quando ocorrem temporais com ventania e quedas de árvore como na sexta-feira.

Nunes disse que há avanços no projeto de eliminação de postes, em especial na região central, mas há pendências envolvendo CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), trólebus e rede de telefonia.

A ideia da prefeitura é usar os recursos da Cosip (Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública) para bancar os custos do aterramento nas áreas prioritárias, como no centro, e ser uma opção dos usuários nas demais áreas.

O prefeito citou que duas redes de trólebus ainda estão sem funcionar por causa do temporal.

“Nós estamos hoje com vários locais procedendo o enterramento de fios e a nossa ideia é fazer com que a gente possa acelerar este processo, mas como o Vincenzo falou aqui, a gente não pode jogar a conta para o usuário. Tem de ser algo que o usuário possa optar nas áreas não prioritárias e, nas áreas prioritárias, a prefeitura vai fazer junto com a ENEL usando recurso da Cosip. Na região central há mais de 380 postes para fazer a retirada faltando algumas pendências. Esses 380, a ENEL já fez a parte dela. Essas pendências são ou de CET ou são do pessoal da área de telefonia. Essa questão dos postes é muito complexa. Não há só a parte da energia, há a parte de telefonia, uma série de outras pessoas que fazem a utilização dos postes. Estamos concluindo, tem um cronograma para a gente fazer este aterramento. Você pega, por exemplo, a área dos trólebus. A gente teve duas redes que a gente não conseguiu restabelecer rapidamente [a energia] por conta dos fios que estão em cima. É importante que a gente possa fazer [o enterramento da fiação], ainda mais numa cidade que tem 650 mil árvores só na área de passeio e canteiro, fora o que temos nos parques e áreas de preservação” – disse.

OUÇA:

Como havia mostrado mais cedo o Diário do Transporte, os trólebus das linhas 4113/10 Gentil de Moura – Pça. da República e 2100/10 Term. Vl. Carrão – Pça. da Sé ficaram sem operar em São Paulo neste sábado, 04 de novembro de 2023, como reflexo ainda da forte chuva desta sexta-feira (03), que prejudicou a rede aérea e o fornecimento de eletricidade.

Nestas duas linhas, o atendimento está sendo feito por ônibus a diesel.

Segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia o sistema de transportes, o problema está na região das avenidas Nazaré e João XXIII.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/11/04/trolebus-em-duas-linhas-estao-sem-operar-neste-sabado-04-e-onibus-estao-sendo-desviados-ainda-como-consequencia-da-chuva/

NUNES CITA ENTERRAMENTO PARA APOSENTAR TRÓLEBUS:

No dia 18 de setembro de 2023, quando foram apresentados os primeiros 50 ônibus elétricos à bateria da nova geração, o prefeito Ricardo Nunes falou da intenção de aposentar a rede de trólebus da cidade de forma gradativa.

Além do custo de R$ 30 milhões por ano para manter a rede aérea, o prefeito citou na ocasião, os entraves que, segundo ele, os trólebus representam no projeto de enterramento da rede elétrica e eliminação dos postes.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/09/19/ouca-subsidios-vao-aumentar-com-onibus-eletricos-e-nunes-confirma-que-quer-fim-gradativo-de-trolebus/

Especialistas, entretanto, criticam a postura de Nunes sobre uma eventual descontinuidade dos trólebus.

Um dos responsáveis pelo Movimento Respira São Paulo, fundado em 2004 com o objetivo de incentivar o uso da tração elétrica no transporte coletivo urbano, Jorge Françozo de Moraes, diz que a rede de trólebus não atrapalha o projeto de aterramento da fiação na cidade.

“A afirmação de que a rede de trólebus está atrapalhando o processo de enterramento de fios na cidade é completamente infundada As redes de estão presentes em meros 200 quilômetros espalhados pela cidade e se trata de um serviço público essencial, que é o transporte de passageiros, por veículos não poluentes. A presença de dois ou quatro fios, sobre as vias, ou dos cabos alimentadores nos postes, ao longo das ruas, fora da área central, não são tão intrusivos quanto ao grotesco emaranhado de fios de comunicação e TVs a cabos, ao longo das calçadas, que surgiram somente nas últimas décadas.”

Veja o artigo completo nesse link:

https://diariodotransporte.com.br/2023/10/30/trolebus-vale-a-pena-sao-paulo-manter-os-trolebus-e-o-que-e-e-trol-pode-ser-alternativa-na-capital/

O Diário do Transporte ainda mostrou que o historiador e professor do Departamento de Engenharia e Sociedade da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, Peter Norton, também defendeu a manutenção dos trólebus na cidade de São Paulo.

Norton diz que o foco deve ser substituir os ônibus poluentes pelos veículos com bateria e não tirar os trólebus, que não poluem.

“Seria muito melhor gastar seu dinheiro atualizando, melhorando, dando manutenção e substituindo qualquer coisa que você precise fazer para o trólebus continuar operando do que o substituir por veículos elétricos a bateria . O importante é analisar tudo e fazer escolhas baseadas no que de fato a tecnologia pode oferecer. A decisão não pode ser porque isso ou aquilo é mais chamativo, porque às vezes a novidade é o melhor que temos, mas nem sempre é assim”.

Relembre e ouça a entrevista completa:

https://diariodotransporte.com.br/2023/10/19/fim-do-trolebus-em-sao-paulo-pesquisador-internacional-defende-manutencao-de-trolebus-em-sao-paulo/

ÔNIBUS À BATERIA E TRÓLEBUS TUDO JUNTO:

Existem já modelos de ônibus que podem operar uma parte na rede área e outra parte com baterias, chamados E-Trol.

Modelos deste tipo vão operar no futuramente no corredor BRT (Bus Rapid Transit) entre o ABC Paulista e a capital. A previsão é de que o sistema entre em operação pela empresa Next Mobilidade em 2024. O veículo tem tecnologia 100% nacional, da empresa Eletra de São Bernardo do Campo. Os chassis são feitos em São Bernardo do Campo também, pela Mercedes-Benz, e as carrocerias pela empresa Caio, em Botucatu.

Veja os detalhes:

https://diariodotransporte.com.br/2023/06/04/eletra-divulga-detalhes-da-configuracao-do-e-trol-onibus-eletrico-a-bateria-e-trolebus-num-unico-veiculo-que-vai-rodar-no-abc-e-pode-ser-opcao-para-corredores-brt-em-outras-regioes/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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  1. As redes de trólebus foram paralisadas pelo temporal de sexta-feira, causada pelos fios da Enel que caíram sobre a rede de trólebus. Comentário do prefeito afirma que foram “os fios em cima….” Sobre os processo de enterramento dos fios na cidade, nas Ruas Marques de Itu e Major Sertório, em Higienópolis, cerca de 40 postes duplicados poderão ser suprimidos, mantendo a sustentação da rede de trólebus sem problemas. Na área do Parque Dom Pedro II e Viadutos, os cabos alimentadores dos trólebus já eram subterrâneos originalmente, mas sofriam com constantes roubos de bandidos mendigos e teve que ser instalado de forma aérea. Nada é feito pelo roubos de fios de todas as concessionárias. Na Av. Nazaré, somente cerca de 380 metros da rede da Enel, previsto no projeto de enterramento, já foram enterrados e a rede de trólebus e os cabos alimentadores poderão permanecer no trecho ou os cabos alimentadores poderão ser transferidos para as ruas paralelas, mantendo somente os dois fios de contato no trecho existente. Portanto, a interferência da rede de trólebus no processo de enterramento de fios da cidade é irrisória!

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