TRÓLEBUS: Vale a pena São Paulo manter os trólebus? E o que é E-Trol? Pode ser alternativa na capital?
Publicado em: 30 de outubro de 2023

Alegando custos de manutenção da rede e impactos visuais, prefeito Ricardo Nunes diz que intenção é desativar sistema; Especialistas acreditam que há razões para manter os trólebus
ADAMO BAZANI
Especialistas divergem do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sobre a intenção de desativar gradativamente da rede de trólebus na capital paulista.
Um dos responsáveis pelo Movimento Respira São Paulo, fundado em 2004 com o objetivo de incentivar o uso da tração elétrica no transporte coletivo urbano, Jorge Françozo de Moraes, diz que há motivos técnicos, financeiros e políticos para que o sistema de trólebus seja mantido.
Como mostrou o Diário do Transporte, no dia 18 de setembro de 2023, durante a entrega dos 50 primeiros ônibus elétricos com bateria da nova geração, Nunes disse que que os trólebus atrapalham os projetos de aterramento da fiação e que a manutenção da rede aérea custa R$ 30 milhões por ano.
Nunes ainda citou grupos de defensores de trólebus, mas disse que como prefeito, não pode ter predileção por nenhum tipo de veículo em específico.
Relembre:
Segundo Françozo, em artigo enviado ao Diário do Transporte, o valor de R$ 30 milhões por ano para manutenção da infraestrutura elétrica representa R$ 150 mil por trólebus no período.
“Este valor é irrisório, comparado aos bilhões de Reais em subsídios para sistema de ônibus”
O especialista ainda diz que a rede de trólebus não atrapalha o projeto de aterramento da fiação na cidade.
“A afirmação de que a rede de trólebus está atrapalhando o processo de enterramento de fios na cidade é completamente infundada As redes de estão presentes em meros 200 quilômetros espalhados pela cidade e se trata de um serviço público essencial, que é o transporte de passageiros, por veículos não poluentes. A presença de dois ou quatro fios, sobre as vias, ou dos cabos alimentadores nos postes, ao longo das ruas, fora da área central, não são tão intrusivos quanto ao grotesco emaranhado de fios de comunicação e TVs a cabos, ao longo das calçadas, que surgiram somente nas últimas décadas.” – explica. (O ARTIGO COMPLETO PODE SER LIDO LOGO ABAIXO)
O especialista ainda diz que existem já modelos de ônibus que podem operar uma parte na rede área e outra parte com baterias, chamados E-Trol.
Modelos deste tipo vão operar no futuramente no corredor BRT (Bus Rapid Transit) entre o ABC Paulista e a capital. A previsão é de que o sistema entre em operação pela empresa Next Mobilidade em 2024. O veículo tem tecnologia 100% nacional, da empresa Eletra de São Bernardo do Campo. Os chassis são feitos em São Bernardo do Campo também, pela Mercedes-Benz, e as carrocerias pela empresa Caio, em Botucatu.
“Uma proposta intermediária seria substituir os trólebus atuais, no devido tempo, por novos trólebus com baterias. As baterias são carregadas através de rede aérea na primeira parte do dia, durante a operação normal, sem a necessidade de paralisação do veículo, por 3 ou 4 horas na garagem e na segunda parte do dia, o veículo vai operar desconectado da rede como um ônibus a bateria normal.” – disse Françozo.
O Diário do Transporte ainda mostrou que o historiador e professor do Departamento de Engenharia e Sociedade da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, Peter Norton, também defendeu a manutenção dos trólebus na cidade de São Paulo.
Norton diz que o foco deve ser substituir os ônibus poluentes pelos veículos com bateria e não tirar os trólebus, que não poluem.
“Seria muito melhor gastar seu dinheiro atualizando, melhorando, dando manutenção e substituindo qualquer coisa que você precise fazer para o trólebus continuar operando do que o substituir por veículos elétricos a bateria . O importante é analisar tudo e fazer escolhas baseadas no que de fato a tecnologia pode oferecer. A decisão não pode ser porque isso ou aquilo é mais chamativo, porque às vezes a novidade é o melhor que temos, mas nem sempre é assim”.
Relembre e ouça a entrevista completa:
Veja o artigo completo de Jorge Françozo de Moraes, do Movimento Respira São Paulo.
Por que manter o Sistema Trólebus?
MOTIVOS TÉCNICOS:
162 km de rede elétrica para os trólebus, foram renovados em 100%, desde 2011 a 2020.
Esta infraestrutura elétrica pode ter vida útil de até 20 anos. Portanto, deve ser utilizada até, no mínimo 2030.
Também, a frota pública de 201 trólebus, adquiridos entre 2009 e 2013, tem vida útil de 15 anos, com carência de 3 anos, de acordo com as próprias especificações da SPTrans.
Da mesma forma, estes veículos poderão ser desativados, somente a partir de 2024 e 2028, não esquecendo da carência de 3 anos. Portanto, a decisão sobre o futuro desse sistema caberá à próxima gestão da prefeitura.
MOTIVOS FINANCEIROS:
Nestes 12 anos, os investimentos públicos para a manutenção e renovação da infraestrutura elétrica, foram da ordem de 175 milhões e se atualizado, este valor pode chegar a 300 milhões. A desativação prematura da infraestrutura e da frota, que deve ocorrer apenas entre 2026 e 2030, se caracterizará em um enorme desperdício de erário público.
O prefeito também citou que são gastos 30 milhões por ano para manutenção da infraestrutura elétrica. Ou seja, são apenas 150 mil reais por trólebus, por ano!
Este valor é irrisório, comparado aos bilhões de Reais em subsídios para sistema de ônibus e esse valor pode ser considerado como um investimento no único meio de transporte elétrico não poluente que tínhamos, até então, que evitou a emissão de milhares de toneladas de poluentes em mais de 7 décadas. Foi um investimento para o meio ambiente.
A compra antecipada de 200 ônibus a bateria, em lugar dos trólebus, terá um custo elevado.
Se levarmos em conta que o preço de um ônibus a bateria é de 1,5 a 2,5 milhões, 200 ônibus custarão de 300 a 500 milhões de Reais. Serão necessários de 50 a 100 carregadores que custarão cerca de 20 milhões e uma subestação de grande porte na garagem, com potência de 8.000 kw, que é considerada uma estrutura bastante complexa e cara. Esse montante poderá ser utilizado para a substituição de ônibus diesel, e não dos trólebus, QUE JÁ SÃO ELÉTRICOS HÁ MAIS DE 70 ANOS!
O grande desafio para a inserção de frotas de ônibus a baterias puros, será necessidade de implantação de uma mega subestação em cada garagem, cujos custos de implantação nunca foram informados e que vai depender de estudos complexos da concessionária de energia, devido à enorme concentração de potência em um só ponto. Quem vai pagar por esses investimentos?
MOTIVOS POLÍTICOS:
Não queremos que se repita a mesma atuação da administração da Sra. Marta Suplicy, quando foram desativados 145 km de rede aérea, 29 subestações de grande potência e 260 trólebus.
Toda essa infraestrutura, que ainda poderia ser utilizada por muitos anos, foi vendida, literalmente, como sucata, o que caracterizou um vergonhoso desperdício de erário público.
PROCESSO DE ENTERRAMENTO DE FIOS NA CIDADE:
A afirmação de que a rede de trólebus está atrapalhando o processo de enterramento de fios na cidade é completamente infundada. As redes de comunicação, instaladas em extrema quantidade nos postes da cidade, representam a maior poluição visual e é um serviço prestado por empresas privadas. As redes de distribuição de energia, estão em segundo lugar, em termos de poluição visual da cidade, mas, mesmo sendo administrada por uma empresa privada, se caracteriza como um serviço essencial para a população. Estas duas modalidades de redes aéreas, representam milhares de quilômetros em toda a cidade.
As redes de trólebus vêm em terceiro lugar e estão presentes em meros 200 quilômetros espalhados pela cidade e se trata de um serviço público essencial, que é o transporte de passageiros, por veículos não poluentes. A presença de dois ou quatro fios, sobre as vias, ou dos cabos alimentadores nos postes, ao longo das ruas, fora da área central, não são tão intrusivos quanto ao grotesco emaranhado de fios de comunicação e TVs a cabos, ao longo das calçadas, que surgiram somente nas últimas décadas.
Portanto, o enterramento de todos os tipos de redes, é uma demanda bem-vinda, mas que gerará o aumento das tarifas de energia elétrica e de comunicação, a serem incluídas nas contas dos consumidores.
As redes de contato dos trólebus estão presentes na área central da cidade e podem ser mais intrusivas em alguns pontos, onde existem derivações e cruzamentos. Os cabos alimentadores são subterrâneos nesta área. As redes de contato na área central, poderão ser suprimidas, desde que os novos trólebus, sejam equipados com um pequeno banco de baterias modernas, com autonomia de 50 a 100 km, a exemplo do já existe no exterior.
O ramal de trólebus para o bairro de Higienopolis, é um dos trechos em estudo para o enterramento da fiação. Neste trecho, a fiação de comunicação é a mais impactante e deve ser considerada como prioridade para enterramento, mas a rede de trólebus, com apenas dois fios sobre a via, é quase imperceptível, ao longo das vias arborizadas. Os dois cabos alimentadores, em paralelo, poderão ser suprimidos em um trecho, melhorando sobremaneira a estética. A duplicidade de postes nas Ruas Marques de Itu e Major Sertório, poderá ser eliminada completamente, sem nenhuma restrição da sustentação da rede de trólebus existente.
Em países desenvolvidos da Europa, como França, Itália e Suíça, ou em cidades como São Francisco, nos Estados Unidos, a presença das complexas redes de trólebus, juntamente com as redes de bondes históricos ou Veículos leves sobre trilhos, são toleradas, pois representam os serviços púbicos essenciais para a população. É normal a presença de um emaranhado de fios de contato e tirantes de sustentação, fixadas nas fachadas dos edifícios centenários e históricos.
NOVOS TRÓLEBUS COM BATERIAS (e-Trol)
Uma proposta intermediária seria substituir os trólebus atuais, no devido tempo, por novos trólebus com baterias. Esse tipo de trólebus já existe em outros países.
As baterias são carregadas através de rede aérea na primeira parte do dia, durante a operação normal, sem a necessidade de paralização do veículo, por 3 ou 4 horas na garagem e na segunda parte do dia, o veículo vai operar desconectado da rede como um ônibus a bateria normal.
A malha de rede de corrente contínua dos trólebus, possui 22 subestações retificadoras com potência total de 30.000 kW e os atuais 201 trólebus, consomem menos de 50% dessa potência, ou seja, esta malha representa um verdadeiro parque de recarga dinâmica de mais de 200 trólebus com baterias.
Essa inovação irá eliminar por completo as paralizações dos trólebus, por problemas de falta de energia ou desvios de tráfego, as redes poderão ser simplificadas e até ser removida da área central, por exemplo, mantendo-se nos corredores fora do centro e a infraestrutura existente será utilizada para esses novos trólebus bi-modais. Irá representar a diminuição dos custos de manutenção e os custos das contas de consumo de energia poderá diminuir, pois no pico da tarde, quando as tarifas são 20% mais caras, a maioria dos trólebus estarão operando através das baterias.
Lembrando que hoje já temos 50 trólebus equipados com baterias, para movimentação em emergências, porém são baterias automotivas comuns, com restrições de operação. As baterias modernas atuais, de Ion de Lítio, por exemplo, são mais eficientes, mais potentes e mais leves.
Reportagem: Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Essa é uma alternativa bem interessante.
O que o Nunes quer é fazer “algo marcante” para que ele possa sair candidado a prefeito ano que vem… É necessário sim que se invista em energia limpa para o transporte público mas, proibir a compra de ônibus diesel da noite pro dia e depois dizer que os trólebus atrapalham, me faz pensar: qual o real interesse dele? Se realmente quisessem, poderiam fazer uma rede elétrica na área expandida de SP (a área delimitada pelas marginais) e ali manter os trólebus – já que eles querem limitar o tráfego. Dali “pra trás”, mantêm-se os ônibus a bateria. E, uma coisa importante: não adianta nada fazer tudo isso e os próprios políticos não fazerem a sua parte, se livrando dos seus carros e regalias e incentivando o uso do transporte público.
Anderson, desde que o mundo é mundo a política funciona dessa forma. Alias, o brasileiro só lembra das “marcas”. O prefeito atual quer ser lembrado como o homem de pulso firme, que quando manda e determina vira lei! O problema disso é que ele está mexendo num ponto sensivel demais! Ele ignorou totalmente a realidade e está tentando mostrar que faz alguma coisa pelo paulistano comprando onibus verde e mudando a identidade visual dos mesmos. Ai eu pergunto: E cadê as outras promessas dele? Cade o tal Aquatico que ia ligar o Jardim Gaivotas ao Pedreira? Cadê a alternativa de saida dessa região, que atualmente só conta com uma unica avenida que é a Belmira Marin e quando qualquer coisa acontece ninguem consegue nem entrar e nem sair?
Mas isso nao ganha campanha, o que ganha campanha são decisões populistas. É obvio que essa escolha dos onibus eletricos são para agradar um grupo especifico de pessoas, senao ele nao falaria que os trolebus são um problema (embora eu particularmente ache arcaico).
Obrigado William pelo seu comentário. De qualquer forma, os trólebus na Europa, por exemplo, estão em constante modernização com alta tecnologia. Os trólebus daqui estão na geração de 2013, e uma geração atual seria exatamente os ônibus a bateria que estão sendo produzidos agora, só que teriam uma opção a mais de carregar as baterias através da rede e não só pela subestação na garagem. Uma frota de 200 ônibus a bateria vai precisar de uma mega subestação na garagem de 8000kW. Imagine então se em uma garagem tenha 400 ou 600 ônibus, não haverá infraestrutura fixa que suporte tamanha demanda. Abs.
Agradeço ao Canal DIÁRIO DO TRANSPORTE a publicação de meu artigo. Representa um contraponto às alegações do prefeito. Este tipo de decisão não pode ser precipitada. Temos que aguardar os resultados do emprego maciço dos ônibus a bateria, o que deve ocorrer com em um período experimental de um ou dois anos. Não podemos esquecer todos os experimentos não bem sucedidos com os ônibus híbridos ou a gás, cujos estudos foram caracterizados como revolucionários e ” morreram na praia”. Obrigado. Jorge Françozo de Moraes
eu acho que deva , os troleibus fazem parte da cidade , agora aterrar os fios e achar que tirando os troleibus vai resolver , isto é hipocrisia , atualizem o sistema e com charme volte para a Rua Augusta os veiculos eletricos
.
Sou a favor do fim dos trólebus porque sou contra fios suspensos. Toda fiação elétrica, telefônica ou do que quer que seja deveria ser subterrânea e não aérea.
Este argumento de “mas nos países desenvolvidos os trólebus não só continuam como se renovam”. Nos paises desenvolvidos, muita coisa acontece que o Brasil não copia. A saber:
Paises desenvolvidos tem salário mínimo alto e qualidade de vida (Brasil não copia).
Em certos países desenvolvidos, política não é emprego, é apenas representação do povo (Brasil não copia).
Nos países desenvolvidos, a religiosidade começa a desaparecer (Brasil não copia).
Países desenvolvidos tem educação focada no desenvolvimento do senso crítico e do discernimento (Brasil não copia).
E outros exemplos que não me lembro agora.
Como veem, esse papo de que existe trólebus nos países desenvolvidos não me convence. Não temos o hábito de copiar o que é bom destes países, só o que é ruim.
Por coincidência, acabei de receber este artigo sobre as vantagens da fiação subterrânea:
https://www.instagram.com/reel/CzCnJdkv8rerwsgy99yUJ/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==
Prefeito pífio, ridículo e mal-intencionado. Trólebus existem a mais de 70 anos em SP e a preocupação dele é a poluição visual e o aterramento elétrico??? Típico pitaco de um cara que não sabe administrar se bobear um condomínio… Não serve pra nada, não agrega em nada e não ajuda em nada! Todos os patrimônios e prédios públicos, bem como os serviços municipais estão sucateados. Espero que venha uma candidato/candidata que retire este indivíduo do poder, porque o cara é ruim demais. O pior prefeito de SP dos últimos 2 séculos (senão o pior da história) !!!!
O pior é o empréstimo que o prefeito fez nos EUA. O paulistano vai ter que pagar essa conta, porque esse dinheiro foi usado para compra desses ônibus. Se usasse pelo menos em comprar ônibus elétrico como o trólebus, compraria muito mais veículos e ajudaria na renovação tecnologica do país.
Ou seja, mais um político que faz dívida e não ajuda em nada o país.