Rio de Janeiro vai discutir caducidade parcial do sistema de ônibus municipais

Contratações temporárias e política de tarifas de ônibus estão também em pauta de Conselho presidido pela secretária de transportes Maína Celidônio

ADAMO BAZANI

A prefeitura do Rio de Janeiro vai discutir a caducidade parcial do SPPO (Sistema de Transporte Público por Ônibus).

O tema faz parte da pauta da próxima reunião do Conselho do Fundo Municipal de Mobilidade Urbana Sustentável (FMUS), presidido pela secretária de Transportes, Maína Celidônio, agendada para 04 de novembro de 2021.

A convocação do encontro foi publicada nesta quinta-feira, 28 de outubro de 2021.

O sistema de transportes do Rio de Janeiro desde pelo menos 2015 tem enfrentado uma crise que foi agravada pela pandemia de covid-19.

Constantes quebras de veículos, descumprimento de percentuais de frota, atrasos, lotação e itinerários inadequados são alguns dos reflexos dessa crise sentidos na pele diariamente pelos passageiros.

Neste interim, empresários de ônibus do Rio de Janeiro se viram envoltos em denúncias de corrupção envolvendo agentes públicos, integrantes do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e até do judiciário, o que piorou a imagem do setor junto à opinião pública.

Contratações temporárias no sistema serão debatidas pelo conselho.

Congelada há três anos, a tarifa de ônibus do Rio de Janeiro também será tema de discussão no encontro.

O conselho vai analisar Projetos de Lei sobre Política Tarifária.

Recentemente, o prefeito Eduardo Paes disse que a cidade deve adotar um sistema de subsídios parciais à prestação dos serviços de ônibus em moldes inspirados na capital paulista e Distrito Federal.

Como ocorre em quase todo o País, somente a arrecadação pelas catracas não tem sido suficiente para manter os serviços de transportes e aumentar a qualidade.

O intuito é que o poder público atue para auxiliar o custeio dos benefícios sociais e operacionais aos passageiros, como as gratuidades e integrações.

Outro assunto é a licitação da concessão da bilhetagem eletrônica.

Como mostrou o Diário do Transporte, a prefeitura do Rio de Janeiro quer tirar da responsabilidade das empresas de ônibus, como é atualmente, a operação e gestão da bilhetagem eletrônica.

O edital foi lançado em 08 de outubro de 2021 e a entrega das propostas vai ocorrer no dia 06 de dezembro de 2021. O valor do contrato é de R$ 1 bilhão aproximadamente.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2021/10/08/licitacao-da-bilhetagem-do-rio-de-janeiro-veja-os-principais-pontos-do-edital/

A prorrogação da intervenção do BRT (Bus Rapid Transit) é outro tema de discussão do conselho dos transportes da cidade.

O sistema está degradado e a prefeitura tenta recuperar com a reabertura de estações fechadas, a maior parte por vandalismo e ações criminosas, além de parte da frota sucateada, problemas estruturais no pavimento e oferta de ônibus inferior à demanda.

A intervenção da prefeitura do Rio de Janeiro no BRT começou em março de 2021 e terminaria em setembro de 2021, mas, como reportou o Diário do Transporte, em 18 de setembro de 2021, o prefeito Eduardo Paes prorrogou os trabalhos por mais seis meses, até março de 2022.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2021/09/18/eduardo-paes-prorroga-por-mais-seis-meses-intervencao-no-brt-rio/

O Conselho não tem poder de decisão, mas de encaminhamentos.

FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO JUDICIAL:

O quadro dos transportes do Rio de Janeiro reflete na continuação até mesmo da existência de algumas empresas.

Como tem mostrado o Diário do Transporte, desde 2015 até o fechamento desta reportagem, em 28 de outubro de 2021, empresas fecharam as portas e 11 entraram em recuperação judicial. Três dos quatro consórcios operacionais de ônibus no Rio de Janeiro também estão em recuperação judicial.

FECHADAS SEM CONSEGUIR TENTAR RECUPERAÇÃO JUDICIAL:

RIO DE JANEIRO (CAPITAL):

Acari;

Estrela;

EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL;

RIO DE JANEIRO (CAPITAL)

Penha-Rio;

Campo Grande;

Real;

Expresso Pégaso;

VG;

Palmares;

Pavunense;

Paranapuan;

Transportes Vila Isabel;

Consórcio Intersul: Autoviação Alpha S.A., Autoviação Tijuca S.A., Empresa de Transportes Braso Lisboa Ltda., Gire Transportes Ltda., Real Auto-ônibus Ltda., Translitorânea Turística Ltda., Transportes Estrela Azul S.A., Transportes São Silvestre S.A., Transporte Vila Isabel S.A., Transurb S.A. e Viação Sáenz Pena S.A.

Consórcio Santa Cruz: Jabour, Recreio, Barra, Campo Grande, Pégaso e Palmares – Fechadas: Andorinha, Top Rio, Algarve, Rio Rotas e Bangu

Nova Cap.

Gire Transportes

Consórcio Transcarioca: Auto Viação Tijuca S/A, Auto Viação Três Amigos S/A, Caprichosa Auto Ônibus Ltda., Real Auto Ônibus Ltda., Transportes Futuro Ltda., Transportes Barra Ltda., Transurb S/A, Viação Normandy do Triângulo Ltda., Viação Novacap S/A e Viação Redentor Ltda.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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