Supervia retira 40 trens chineses de circulação por problemas nas caixas de tração

Foto: Divulgação.

Empresa responsável pelo transporte ferroviário no Rio de Janeiro divulgou nota atribuindo medida à recomendação da fabricante CRRC. No início desta segunda-feira, 18, trens circulam com atrasos e plataformas estão cheias

ALEXANDRE PELEGI

Em nota divulgada na noite deste domingo, 17 de novembro de 2019, a Supervia, companhia operadora de transporte ferroviário do Rio de Janeiro, informou a retirada de circulação de 40 trens de fabricação chinesa a partir desta segunda-feira, 18.

A concessionária do sistema de trens informou que a medida visa garantir a segurança da operação e atende à recomendação da fabricante CRRC (China Railway Construction Corporation), um dos 50 maiores grupos empresarias do mundo.

O motivo é que foram detectados problemas em série nas caixas de tração (engrenagem que transmite energia do motor para eixo e rodas), ainda em fase de garantia de fábrica”, afirma a nota da empresa.

A nota emitida pela Supervia divulgou as mudanças na rotina e nos intervalos dos ramais.

De acordo com a concessionária iriam aumentar os intervalos nos ramais Santa Cruz e Japeri, além do trecho entre Gramacho e Saracuruna. Ainda segundo a empresa, algumas viagens do ramal Deodoro serão realizadas em trens de quatro carros.

MANHÃ COMEÇOU COM PROBLEMAS

Na manhã desta segunda-feira os usuários dos trens já sentiram os efeitos da medida, com plataformas cheias em algumas estações.

Informações da Supervia davam conta que os intervalos entre as composições estavam instáveis, com atrasos na operação, o que complica bastante a vida dos usuários que seguem em direção ao trabalho.

A frota total da concessionária é de 201 trens, somando operação e aqueles que passam por manutenção.

TRENS CHINESES

Os trens chineses de um segundo lote de compras feitas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro foram incluídos na operação da SuperVia entre 2014 e 2016. Em setembro de 2016, a Supervia detectou problemas, em especial na caixa de tração (engrenagem que transmite energia do motor para eixo e rodas) e comunicou os fabricantes, a chinesa CRRC.

Após análise técnica, foi identifica a necessidade de substituição do tipo de peça. Desde novembro de 2018, a fabricante passou a realizar um recall até que em junho de 2019, em vistorias, novas falhas foram identificadas.

A partir daí, por decisão da própria CRRC, foi suspenso o trabalho até nova medida para solução definitiva.

Por estar ainda em período de garantia, a manutenção das referidas caixas de tração é responsabilidade do Consórcio CRRC, de acordo com contrato firmado entre os chineses e o Estado”, informa o comunicado da Supervia.

A medida afetará diretamente a rotina de mais de 700 mil usuários que utilizam os serviços da concessionária diariamente.

A Supervia não comunicou quando novos vagões substituirão os que estão sendo retirados hoje de circulação.

IMPACTOS NA OPERAÇÃO

A nota informa, por fim, qual será a consequência da medida para o usuário do sistema de trens a partir de hoje:

“Com objetivo de garantir a continuidade da prestação do serviço com segurança e o mínimo de impactos possível, a SuperVia elaborou um plano de ação mediante à indisponibilidade parcial da frota.

Os ajustes serão:

Aumento dos intervalos nos ramais Santa Cruz e Japeri;

Aumento dos intervalos no trecho entre Gramacho e Saracuruna;

Algumas viagens do ramal Deodoro serão realizadas em trens de quatro carros.

A Supervia conclui a nota afirmando que está reforçando o efetivo de apoio nas estações e ramais impactados, assim como nos canais de atendimento aos passageiros, além de acionar o plano de contingência junto ao Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro (COR) e Concessionárias de transporte.

A empresa espera uma solução rápida pelo fornecedor chinês, que permita que o serviço seja normalizado brevemente”, conclui.

GIGANTE CHINESA QUER PARTICIPAR DE CONCESSÕES DA CPTM

Em visita à China, em agosto deste ano, o Governador João Doria assinou um protocolo de intenções com a CR20, subsidiária da gigante de infraestrutura CRCC.

Segundo comunicado do governo paulista, o grupo empresarial chinês demonstrou especial interesse em participar das licitações de pelo menos três projetos. O Trem Intercidades, da CPTM, e mais recentemente a disputa pela continuidade das obras da Linha 6 Laranja do Metrô de SP, estavam no alvo da gigante chinesa, segundo o governo paulista.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Leoni disse:

    Entendo que nesta emergência de se utilizar as novas composições, a Supervia-RJ deveria se socorrer com a CPTM-SP que possuem muitas composições disponíveis em bom estado armazenadas em seus pátios inclusive os espanhóis que trafegavam na Linha 10-Turquesa, prontas para serem desmanchadas enquanto aguardam os “Recall” que deve demorar um tempo longo.

    Esta é a grande vantagem de se padronizar os equipamentos ferroviários, coisa que alguns incautos insensatos e despreparados insistem em se omitir.

    O que não pode acontecer é a Supervia-RJ diminuir sua freqüência, a fim de evitar-se o risco de grandes tumultos em breve.

    1. PauloDubanjo disse:

      Os 1700 tem por lá e já poderiam rodar ,já os espanhóis precisaria de testes e treinamentos ,na verdade são 20 trens de 8 carros os 1700 creio dariam conta fácil.

    2. Leoni, te digo uma coisa: O Rio merece os desgovernos que tem. A CPTM até poderi, sim, mas não acho ideal essa contribuição. Em 2009 enviei carta ao Cabral (quando decidiu comprar trens na China), de que poderia muito bem (a convite do Geraldo-que lhe sugeri, antes), convidá-lo a conhecer o parque industrial de trens em Hortolândia-SP, para aqui perto, comprar os vagões à Supervia. Semanas depois em sua soberba respondeu, agradecendo ao convite, e preferiu comprar a mais de 20 mil kms daqui…Olha no que deu.

    3. Vai nada,,,,Olha no que deu Cabral comprar trens na China…seu orgulho falou mais alto. Hj ele está na prisão, e os trens encrencados.

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