ENTREVISTAS: Em primeira reunião de Comissão sobre cobradores de ônibus, secretário Edson Caram garante que profissionais não vão ser demitidos em São Paulo

Custo anual do sistema de ônibus da cidade é de cerca de R$ 8 bilhões. Foto: Adamo Bazani (Diário do Transporte) - Clique para Ampliar

Empresas de ônibus devem apresentar custos de qualificação e  projeto de PDI – Programa de Demissão Incentivada é cogitado. Sindicato quer garantias reais e uma das propostas é não contratar mais profissionais de fora para “formar” os cobradores em outras funções

ADAMO BAZANI

A prefeitura de São Paulo determinou que as empresas de ônibus não realizem demissões com o fim gradual dos cobradores no sistema de transportes.

Nesta quinta-feira, 01º de agosto de 2019, foi realizada a primeira reunião da Comissão formada para discutir a requalificação e o reaproveitamento destes profissionais em outras funções.

Em entrevista por telefone na manhã desta sexta-feira, 02, ao Diário do Transporte, o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, disse que a gestão não vai aceitar demissões. Uma das alternativas para não demitir, mas ao mesmo tempo ir gradativamente implantando os ônibus sem cobradores, é não repor os profissionais que saírem, já que o nível de rotatividade de trabalhadores no setor de transportes é grande.

“A prefeitura não vai aceitar demissão de forma nenhuma. A ideia da prefeitura é a seguinte: há um sistema de rotatividade muito grande dentro do sistema de transportes. Além dos treinamentos que vão ser feitos junto aos cobradores, qualificando para outros cargos dentro das empresas, quando um cobrador por algum motivo pedir demissão, esse cobrador não será reposto. É uma questão de longo prazo, não é tão rápida assim, mas não vai causar trauma nenhum dentro do processo” – disse Caram.

Ouça:

Segundo o secretário, os cobradores representam um custo anual de mais de 10% no sistema de ônibus, mas somente entre 4% e 6% dos passageiros pagam em dinheiro.

Do total de aproximadamente R$ 8 bilhões que custam por ano as operações de ônibus na cidade, ainda de acordo com a prefeitura, entre R$ 800 milhões e R$ 900 milhões são salários dos cobradores.

Atualmente a prefeitura necessita de quase R$ 3 bilhões para subsidiar o sistema porque as catracas arrecadam em torno de R$ 5 bilhões. Nos últimos anos, a conta não fechou e o poder público ficou devendo repasses para as viações e teve de remanejar recursos de outras áreas.

Os subsídios custeiam principalmente gratuidades e integrações pelo Bilhete Único.

O secretário explicou ao Diário do Transporte os principais pontos debatidos pela comissão. Uma nova reunião deve ser realizada na próxima quinta-feira, 08 de agosto.

“Cada parte levou sua lição de casa e na quinta-feira que vem vamos discutir o que foi colocado na mesa ontem: a questão da não demissão, dos custos e a questão até talvez de um PDV – Programa de Demissão Voluntária, que as empresas estão dispostas a absorver” – disse.

Ouça:

O presidente do SPUrbanuss, sindicato que reúne as viações, Francisco Christovam, disse ao Diário do Transporte, que além do programa de demissão, as empresas vão criar projetos de capacitação dos cobradores.

“Vamos criar vários programas de capacitação, de treinamento e esperamos fazer isso junto com o sindicato dos trabalhadores. Nos parece razoável fazer um programa de demissão incentivada. Para isso, vamos precisar de recursos para implantar e ver com os trabalhadores como eles enxergam este processo. Sabemos que alguns cobradores ficam na empresa por causa do plano de saúde. Isso para alguns cobradores que estão com uma certa idade é muito relevante. Podemos, por exemplo, pensar em manter o plano de saúde por um período até que ele possa se realocar”

Ouça:

O representante das empresas de ônibus defende que uma parte da “economia” com a extinção gradual dos cobradores seja revertida para que as viações custeiem a capacitação dos profissionais em outras funções.

“Essa economia deverá ser compartilhada, não necessariamente na mesma proporção, pelas partes, deverá ser um jogo do ganha-ganha. O poder concedente ganha porque deixa de ter de aportar recursos para cobrir um determinado valor, os trabalhadores ganham porque, por exemplo, o motorista que for conduzir um veículo sem cobrador é razoável que tenha um aumento em seu salário, e, as empresas vão precisar ter condições de operacionalizar todas estas mudanças: nós vamos ter de gastar com treinamento, capacitação, alteração de função. Isso representa custo. Nós não queremos resultado financeiro com isso, mas queremos que minimamente estes custos sejam cobertos” – disse Christovam.

Ouça:

O secretário geral do Sindmotoristas – Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, Francisco da Silva Xavier, o Chiquinho, que esteve no encontro, disse ao Diário do Transporte que a entidade sindical não vai aceitar cortes dos cobradores, profissionais que considera essenciais mesmo com aproximadamente 95% dos passageiros pagando com o Bilhete Único.

Chiquinho disse que a entidade quer garantias reais de realocação dos cobradores no sistema.

“Primeiro, eles [empresas de ônibus] têm de dizer onde vão realocar esses trabalhadores. Não são todos os cobradores e as cobradoras que têm aptidão de dirigir um ônibus. Segunda questão: qual o prazo para isso estar definido? Qual a garantia de emprego, de que as empresas não mandarão os trabalhadores embora aleatoriamente?”

Ouça:

O secretário geral do Sindmotoristas ainda disse que uma das sugestões para evitar os cortes é criar uma necessidade de mão-de-obra no sistema de ônibus que possa ser suprida pelos trabalhadores que hoje atuam como cobradores. Uma das opções é não mais contratar profissionais de fora e “formar cobradores” em outras funções.

“Uma das alternativas é as empresas se comprometerem a não contratar mais mão-de-obra de motoristas de fora. Tem de usar a mão-de-obra já existente, ou seja, preparar os cobradores para eles serem motoristas. Quando [uma empresa] contrata um motorista de fora, tira a vaga de um cobrador que pode ser motorista. Tem de começar pela requalificação para os cobradores pensarem em ser mecânicos, funileiros, eletricistas, motoristas, enfim, ocupar outra função. Só que para isso acontecer, o sindicato está cobrando do setor público e das empresas de ônibus que invistam na requalificação dos trabalhadores para que eles possam de fato se organizar para ter uma outra atividade que possam exercer e sustentar seus familiares” – disse o sindicalista.

Ouça:

Na última terça-feira, 30 de julho de 2019, diante da ameaça do Sindmotoristas de paralisão dos ônibus, a SMT – Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes revogou um ofício enviado por e-mail pela SPTrans – São Paulo Transporte, gerenciadora do sistema, que autorizava que os ônibus padrons e básicos novos do subsistema estrutural (viações que operam com veículos maiores) fossem inseridos nas linhas já sem o posto de trabalho do cobrador nas linhas.

O Sindmoristas decidiu paralisar todos os terminais de ônibus da cidade de São Paulo por três horas na quarta-feira, 31 de julho, mas diante da revogação do ofício, a entidade suspendeu a decisão.

OUÇA NA ÍNTEGRA:

– Secretário de Mobilidade e Transportes da cidade de São Paulo, Edson Caram:

– Presidente do SPUrbanuss, sindicatos das empresas, Francisco Christovam:

– Secretário-geral do Sindmotoristas, sindicato dos trabalhadores, Francisco da Silva Xavier (Chiquinho):

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Sandro Pereira Sandro disse:

    Ao invés de tirar os cobradores será bem melhor tirar as gratuidade integração e passe livre

    1. a maioria das empresas não querem falar nos idosos,que ocupam espaços (é direito do idoso por tudo que fez na vida), de quem está produzindo e pagando. Isso na mídia pega mal pra eles. Mas na mente deles as gratuidades no caso do idoso) é demais

  2. Marcelo Marques disse:

    Falam em requalificação do cobrador para outras áreas das empresas. mas se a preocupação da Prefeitura é reduzir custos, mesmo transferindo os cobradores para outras funções, o custo vai continuar existindo. A proposta do Secretário Geral do Sindicato dos Trabalhadores é a mais sensata, a de não serem contratados novos funcionários,pois desta forma, pode contribuir com o reaproveitamento dos cobradores. Isso já foi tentado no passado, mas não houve por parte dos interessados em fazer acontecer, inclusive com contratação de uma empresa especializada no assunto. Acredito que muitas empresas já fazem isso, sem a necessidade de ter novos repasses às empresas para cobrir estes custos. O sistema de transporte precisa é de uma reorganização operacional, que realmente consiga reduzir os custos, com resultados significativos, mas desde que, sejam sérias e realmente implantadas.

    1. Marcelo, a melhor das formas: a empresa paga no caso dele não ter CNH, o curso. Terminado e aprovado, é posto em vaga aberta, e assim num acordo mutuo empresa-empregado, desconte uma porcentagem na folha de pagamento…é um consenso. Ganham os dois

  3. WASHINGTON JOSE DA SILVA disse:

    E um bando mentirosos vão manda todo mundo embora

  4. É mais fácil a empresa ajudá-lo na aquisição de sua CNH, pagando auto escola, e depois de formado, aprovado, ele entra como motorista e a empresa, em acordo mutuo, desconte alguma porcentagem em folha….mensalmente….é mais justo e lógico…ambos ganham

  5. Diego fonseca disse:

    O assunto retirar cobrador já está acima de tudo para empresários e prefeitura pois não estão visando o bem estar da população e qualidade de serviço prestado, a cidade de São Paulo recebe milhões de pessoas vindas de outros estados até mesmo de outros países todos os dias que se locomovem grande maioria pelo transporte público e nos paulistanos que utilizamos o transporte público também e muitas das vezes não sabemos o local que devemos ir e vamos com o auxílio do cobrador até o destino final a informação prestada por esse profissional e muito importante dentro do coletivo, Ah o deficiente físico que é auxiliado pelo cobrador dentro do coletivo , pessoas que passam por mal estar dentro do coletivo e muitas das vezes o auxílio prestado e primeiro socorro e feito pelo cobrador , segurança no coletivo contra acedio contra as mulheres, evitar pessoas mal intencionados a pular a catraca ou deixar de efetuar o pagamento da tarifa de alguma forma , brigas que acontecem entre passageiros , escesso de bagunça que incomoda outros usuários, e o auxílio embarque e desembarque do coletivo, auxilia o motorista efetuar uma manobra quando necessário a limpeza interna do coletivo todas são atividades exercidas pelo cobrador , então o cobrador dentro de um coletivo tem como funções muito mais que apenas receber a passagem e liberar a catraca serviços estes que se retirar esse profissional cobrador de dentro do coletivo vai sobrecarregar e acumular funções ao motorista que vai passar a fazer dupla, tripla função quando que estamos falando de vidas seres humanos que estão sendo transportados e de extrema responsabilidade do motorista manter a segurança de todos e cabe a ele prestar total atenção no trânsito , volto a afirmar está tão focado nos custos do cobrador que não se lembra dos benefícios que o cobrador traz a população estando ali no seu lugar e os risco que terá acumulando funções ao motorista então além do desemprego em massa decaira muito a qualidade do serviço prestado sem este profissional que é de extrema importância o segundo homen dentro dos coletivos em São Paulo e nas demais cidades tambem

  6. Alex De Oliveira disse:

    Podem até tirar COB . Mas motorista não pode cobrar tarifa……

  7. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Quanta perda de tempo com um assunto já concluído.

    O auto atendimento já é uma realidade.

    Lembrem-se, já não se usa mais máquinas de escrever; é irreversível.

    É a mesma coisa que ser contra a máquina que corta cana e querer que seres humanos continuem a cortar cana no facão.

    Cobradores, vejam isto como uma oportunidade e não como o fim do túnel.

    Claro, cada um é um caso; porém para a maioria é uma oportunidade de renovação de ter outro trabalho e até com salário maior.

    Pensem fora da caixinha e deixem este tipo de pensamento de lado.

    O mundo mudou e muda a cada segundo; independe do homem.

    Quem manda é o UNIVERSO.

    Reflitam!

    Att,

    Paulo Gil

  8. Alisson xavier disse:

    Em São Paulo não funciona isso pode esquecer essa ideia são Paulo é grande metrópole se não tiver o cobrador muitas pessoas vão querer pular catraca, entrar por trás sem pagar e o motorista não vai pode falar nada senão vai apanhar principalmente no final de semana tem aquela galera que gosta de ir para os bailes e não gosta de pagar passagem o cobrador não cobra só passagem mantém a ordem no coletivo auxilia o motorista e a usuário principalmente idosos e cadeirantes gestantes mantém a limpeza do coletivo inibe ação de assédio ou qualquer tipo de vandalismo o cobrador tem várias funções é um agente dentro do coletivo o pessoal fala em reduzir custos relocando esses profissionais o custo vai ser o mesmo isso na cidade de São Paulo não dá certo já tentaram uma vez e tiveram que voltar atrás os coletivos tem que ter a presença do cobrador e ponto.

  9. Rodrigo Zika! disse:

    Vou repetir o que eu já citei, primeiro precisa eliminar pagamento em dinheiro dentro do coletivo, pois e algo bizarro atualmente, depois ter postos variados em diversos locais em SP pra carregar o BU, ou solicitar um novo, com prazos aceitáveis, já que os atuais e uma piada, ai sim depois pensar em realocar cobradores pra outras funções, e evitando contratar pessoas de fora pra empresa, muitos reclamam mais são acomodados e não procuram se especializar em outras coiras pra deixar de ser cobrado, uma profissão que vai ser extinta a qualquer momento no país, algo inevitável.

  10. Fábio disse:

    Como a maioria dos contadores vão virar motorista,se o projeto da prefeitura é diminuir ônibus,serao que vão mandar a maioria dos motoristas existentes embora para relocar os cobradores?

  11. robsom carmo disse:

    sobre remanejar os cobrador é tudo mentira aonde vão colocar mais de 5 mil cobrador desempregado eu sou um deles que foi demitido por causa do corte fiz vários cursos e ate hj não consegui outro emprego pq não tenho experiência em outras áreas

  12. Jose disse:

    Sou cobrador de ônibus , vou deixar minha opinião , direto no assunto
    Pagando o que é meu sem justa causa como e o de costume ! Saio feliz e contente
    Agora este pessoal que comenta que precisa de estudo eo que ganha menos na empresa (estude pra fazer o que gosta)
    Quer ganha dinheiro vai vender sorvete na praia ou vira político rsrsrs obs ensino fundamental incompleto já consegue qualquer um dos dois serviços

    Abrcs E que Deus abençoe a todos grandemente

    1. Felipe Eduardo de Almeida disse:

      Pura mentira desse Prefeito em falar que vai ter requalificação dos cobradores onde às empresas vai arrumar outra função para mais de 5 mil cobradores vamos continuar na luta prá que não terem nós cobradores

  13. Felipe Eduardo de Almeida disse:

    Nós cobradores não podemos permitir que nossa função saia isso é uma falta de vergonha desses políticos,esse Prefeito esquece que o ano que vem tem eleição para prefeitura

  14. Adriano disse:

    Na capital paulista zonas norte, sul, leste e oeste em comunidades em morros com cobrador já difícil imagina sem eles. Eles esquecem de cadeirantes que os cobradores que ajudam a atravessar a rua si for motorista ele iria deixar o ônibus sozinho e só Deus sabe o que pode acontecer.

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