OUÇA: Linha 6-Laranja de metrô vai atrasar de novo e obra completa fica para abril de 2027, diz Benini – Terceira mudança de data no novo contrato

Tatuzão no momento em que rompe contenção de estação

Secretário atribuiu atraso a problemas geológicos, e disse que em abril de 2026, serão apenas sete estações

ADAMO BAZANI

A entrega completa das obras da linha 6-Laranja de metrô de São Paulo vai atrasar de novo.

É o que revelou o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, na manhã deste sábado, 30 de setembro de 2023, em entrevista coletiva durante evento de chegada do Tatuzão Sul à estação Perdizes.

Benini disse que em abril de 2026, que era a mais recente promessa do Governo do Estado até esta nova previsão, serão entregues apenas sete estações do trecho entre Brasilândia e Água Branca, o que compreende as estações Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca.

As outras estações que ficarão para até abril de 2027 são Pompeia, Perdizes, Cardoso de Almeida, Angélica, Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim.

É a terceira mudança de data dede que as obras foram retomadas pela concessionária Linha Uni (Linha Universidade Participações S.A.), liderada pelo grupo espanhol Acciona.

A primeira previsão era outubro de 2025 sob o contrato da Linha Uni. No dia 26 de janeiro de 2023, o governador Tarcísio de Freitas falou que o prazo seria entre o fim de 2025 e início de 2026.

O secretário atribuiu este novo atraso a problemas geológicos encontrados em regiões como Freguesia do Ó e na região de Higienópolis.

“Para o norte, é rocha, mas aí chegou um momento que a gente encontrou um pouco de solo. Foi igual uma ampulheta [com areia descendo], então a gente teve de conter para continuar a escavação. A gente perdeu um tempo lá. Para baixo, para o sul, tivemos problemas em Higienópolis, na contenção, a gente precisou fazer uma fundação maior do que era esperado. Isso também levou um pouco mais de tempo e atrasou um pouco. São problemas que acontecem, a gente está escavando uma cidade, com vales, cheios de rio, que o solo muda de metro em metro. São dificuldades que a gente espera acontecer e, infelizmente, vai atrasar um pouquinho a obra.” – disse o secretário.

O secretário disse ainda que a linha deve receber mais seis estações, além das previstas inicialmente, quatro para o lado sul e duas para o lado norte.

Até o fim do ano, a Acciona deve entregar um orçamento com os valores para ser estudado um aditivo contratual às obras.

OUÇA:

DADOS DA LINHA:

LINHA 6 – LARANJA:

Retomada das obras: 06 de outubro de 2020

Previsão de entrega total: A primeira previsão era outubro de 2025 sob o contrato da Linha Uni. No dia 26 de janeiro de 2023, o governador Tarcísio de Freitas falou que o prazo seria entre o fim de 2025 e início de 2026. No dia 30 de setembro de 2023, durante a chegada do Tatuzão à estação Perdizes, o Secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, disse que haverá mais um atraso na entrega das obras completas devido a problemas geológicos, passando para abril de 2027.

Construção e operação em PPP – Parceira Público Privada: Concessionária “Linha Universidade Participações S.A.”, liderada pelo grupo espanhol Acciona

Antigo Consórcio: Consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC.

Extensão: 15,3 km de extensão, entre a Vila Brasilândia (zona Noroeste) a Estação São Joaquim (região central)

Valor do empreendimento: R$ 15 bilhões

Frota: 22 trens

Demanda diária: 630 mil passageiros

Estações: Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca, Pompeia, Perdizes, Cardoso de Almeida, Angélica, Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim

Prazo de contrato: 19 anos para manutenção e operação.

Integrações: Sistemas de ônibus e linhas 1-Azul do Metrô, 4-Amarela operada pela concessionária ViaQuatro e 7-Rubi, da CPTM e 8-Diamante, da ViaMobilidade

Breve Histórico: A linha 6-Laranja deveria ser realidade há muito tempo no cotidiano da cidade de São Paulo entre a zona noroeste e central. Em 25 de março de 2008, o governo estadual e a prefeitura de São Paulo se comprometeram a entregar uma nova linha do metrô em trajeto semelhante da 6-Laranja até 2012. Ao longo do tempo, a previsão foi mudada, inclusive com alterações das estações. Em 2013, após revisões de projeto e polêmicas, venceu a licitação Consórcio Move SP formado pelas construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, além do Fundo Eco Reality. O contrato foi assinado em 18 de dezembro de 2013, quando o ex-governador Geraldo Alckmin anunciou que a linha seria aberta parcialmente em 2018. O início dos trabalhos era previsto para 2014, com a entrega completa em 2020. A obras, porém, começaram em 13 de abril de 2015, com previsão de término para 2021. O valor total da linha nesta época foi estipulado em R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões entre o consórcio e o governo do Estado. Os outros R$ 700 milhões seriam pelas desapropriações.

O MOVE São Paulo assumiu o contrato de construção entre São Joaquim e Vila Brasilâsndia em 2015, mas entregou até a paralisação dos serviços, em 02 de setembro de 2016, apenas 15% das obras.

O consórcio Move SP alegou dificuldades na obtenção de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As empresas integrantes do consórcio foram investigadas pela Operação Lava-Jato, que apurou esquemas nacionais de corrupção, o que agravou a situação de crédito destas companhias.

No dia 07 de julho de 2020 terminou a última prorrogação do processo do contato de caducidade com o Consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC.

Assim como a atuação da MOVE SP foi controversa, a entrada da Acciona foi marcada por uma novela com ameaça do grupo espanhol não assumir o contrato, contestando valores e condições, tudo isso mesmo depois do anúncio pelo governador João Doria.

O anúncio de que a Acciona assumiria o contrato foi feito em 07 de fevereiro de 2020 pelo governo paulista. Relembre: Linha 6-Laranja do Metrô terá obras retomadas pela Acciona

A linha 6 é uma PPP – Parceria Público Privada prevê a construção, os trens e a operação da linha.

A Acciona, conglomerado espanhol formado por mais de 100 empresas e com sede em Madri, atua no Brasil desde 1996, onde conta com mais de 1500 profissionais em unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco.

Deteve por 10 anos a concessão da chamada Rodovia do Aço (BR-393), além de ter participado das obras do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, além de dois lotes do Rodoanel Norte, em São Paulo.

Venceu licitações para a construção de linhas e estações de metrô em São Paulo (SP) e Fortaleza (CE).

Rompimento de Rede de Esgoto: O rompimento de uma rede de esgoto em 1º de fevereiro de 2022 resultou na inundação por dejetos no canteiro de obras da linha 6-Laranja de metrô na região da Ponte do Piqueri, na Marginal Tietê. Os túneis projetados para os trens e a Saída de Emergência foram inundados por milhões de litros de dejetos. O acidente provocou a paralisação de parte do projeto e danificou os dois tatuzões que fariam os túneis. Em 31 de agosto de 2022, um dos equipamentos voltou a funcionar no sentido sul, em direção à estação Santa Marina. Em novembro de 2022, o outro passou a funcionar novamente em direção a Água Branca e São Joaquim.

Tatuzões afundando vias e interditando prédios: Parte da avenida Miguel Conejo, próximo ao número 850, na região da Freguesia do Ó, na zona Norte de São Paulo, e imóveis comerciais, como lanchonete, farmácia e um posto de atendimento da Defensoria Pública do Estado, tiveram de ser interditados em 24 de junho de 2023, porque com a passagem do “tatuzão” para construir a linha 6-Laranja de Metrô, um trecho da região afundou. Pelo local passa a chamada tuneladora Norte. Os desvios são pelas ruais Mateus Leitão e Simão Velho. No local há uma galeria de água canalizada e não foi descartado o risco de o equipamento atingir a estrutura. Em janeiro de 2023  outras edificações tiveram de ser interditadas na região após afundamento de asfalto e calçada.

No dia 26 de junho de 2023, foram realizadas vistorias no prédio onde funciona a Defensoria Pública do Estado, em uma drogaria e na empresa Heating Cooling – localizada entre a Avenida Miguel Conejo e Rua Bonifácio Cubas, e foi constatado pela Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), por meio da Subprefeitura Freguesia/Brasilândia que os imóveis não correm risco após a passagem do tatuzão no subsolo da região, e com isso não foram lavrados novos autos de interdição. A obra da Acciona também foi inspecionada e não foi encontrado risco. Segundo a empresa, o tatuzão está parado há aproximadamente 30 metros abaixo do solo. A Subprefeitura Freguesia/Brasilândia vai continuar monitorando a situação no local e nos imóveis. Por causa do bloqueio no trânsito, nove linhas de ônibus municipais gerenciadas pela SPTrans (São Paulo Transporte) tiveram de ser alteradas.

Sítios Arqueológicos: A Linha Uni, responsável pela construção e operação da linha 6-Laranja de metrô e tendo como principal acionista a espanhola Acciona, informou no dia 30 de maio de 2023, que dias antes identificou um novo sítio arqueológico – o Lavapés – na área do poço VSE (ventilação e saída de emergência) Felício dos Santos, na região do bairro da Liberdade, em São Paulo.

Foram fragmentos de cerâmica e louças descobertas a quase três metros abaixo do solo, que seriam dos séculos XIX e XX.

A suspeita é de que o material encontrado na região do Ribeirão do Lavapés tenha ligação com parte da história de povos negros que habitaram o local.

Até a retirada dos artefatos, as obras na área não podem avançar.

O procedimento de retirada precisou de autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Os primeiros materiais na área do poço VSE (ventilação e saída de emergência) Felício dos Santos foram encontrados ainda em abril de 2023. As escavações foram intensificadas e em maio, foram descobertas novas peças.

Ao longo da linha, já foram encontrados 12 sítios arqueológicos.

Em 10 deles, os materiais foram retirados e as obras prosseguiram. Há agora este sítio denominado Lavapés e o que tem enfrentado mais discussões que é no terreno onde será a futura estação 14 Bis, onde se acredita que o local abrigou ocupação quilombola (Quilombo da Saracura). O mesmo terreno também abrigou por anos a sede da escola de samba Vai-Vai.

Como mostrou o Diário do Transporte, o Ipham (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo, confirmou por meio de nota no dia 18 de maio de 2023, que solicitou a suspensão provisória das escavações das obras na futura estação 14 Bis da linha 6-Laranja de metrô de São Paulo, “porque foram encontradas duas peças cerâmicas que podem estar relacionadas com artefatos utilizados em cerimônias e atividades de religiões de matriz africana.”

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/05/18/ipham-confirma-que-pediu-suspensao-temporaria-das-escavacoes-de-estacao-da-linha-6-apos-encontro-de-duas-pecas-de-ceramicas-que-podem-ter-valor-arqueologico/

O Diário do Transporte mostrou que as escavações foram paralisadas no dia 10 de fevereiro de 2023.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/02/11/apos-enchente-ipham-determina-interrupcao-das-escavacoes-em-sitio-arqueologico-encontrado-em-futura-estacao-da-linha-6-laranja/

A determinação ocorreu após o local ter sido alagado em decorrência da chuva de verão em 07 de fevereiro de 2023.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/02/07/video-obra-da-linha-6-onde-foi-encontrado-sitio-arqueologico-e-tomada-por-enchente-em-sao-paulo/

A descoberta de vestígios arqueológicos de um antigo quilombo que existiu na região do bairro do Bixiga, no centro de São Paulo, até o começo do século XX, na área da estação 14 Bis foi anunciada em junho de 2022. O local teria abrigado o Quilombo da Saracura, formado por uma população quilombola que habitava o local e onde por décadas depois veio a abrigar a Escola de samba Vai-Vai, que deixou o local há pouco tempo para o início das obras.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2022/06/15/sitio-arqueologico-e-descoberto-em-obras-da-linha-6-laranja-de-metro-no-centro-de-sao-paulo/

Retomada das escavações: A Linha Uni, consórcio liderado pela Acciona responsável pela construção e posterior operação da linha 6-Laranja de metrô de São Paulo, informou na tarde desta segunda-feira, 10 de julho de 2023, que o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) autorizou a retomada da retirada das peças arqueológicas do terreno onde vai funcionar a futura Estação 14-Bis, na região do Bexiga.

No local, há indícios de que havia o quilombo Saracura. Ainda no mesmo terreno, funcionou por vários anos a Escola de Samba Vai-Vai.

De acordo com a concessionária, a autorização atende a um pedido feito pela empresa e foi concedida na última sexta-feira, 07 de julho de 2023.

Como mostrou o Diário do Transporte, o local foi atingido por uma forte enchente no dia 07 de fevereiro de 2023 e, desde o dia 10 daquele mês, as escavações estavam suspensas.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/02/11/apos-enchente-ipham-determina-interrupcao-das-escavacoes-em-sitio-arqueologico-encontrado-em-futura-estacao-da-linha-6-laranja/

Os vestígios do sítio arqueológico depois denominado de Saracura Vai-Vai foram encontrados em abril de 2022 a cerca de três metros de profundidade.

A Linha Uni, então, teve de contratar a empresa A Lasca, especializada em serviços de arqueologia para licenciamento ambiental, para verificar os materiais, acompanhar a movimentação de solo, averiguar o sedimento e as camadas de solo mais profundas na procura de vestígios arqueológicos.

Segundo a concessionária, até agora, foram resgatados e catalogados mais de quatro mil itens, entre louças, cerâmicas, metais e peças de vestuário, que ajudam a contar a história do antigo Quilombo Saracura, um dos maiores quilombos de São Paulo localizado no coração do Bexiga.

A concessionária de construção e mobilidade urbana informou que foram realizadas mais de 10 vistorias por representantes do Iphan ao canteiro de obras da Estação 14 Bis e à área de escavação do sítio, e desenvolvidas pesquisas históricas sobre o contexto desta localidade.

O diretor da Linha Uni, Jaime Juraszek, disse em nota, que todos os canteiros de obras da linha têm trabalhos arqueológicos.

“Todos os canteiros de obras da Linha 6-Laranja possuem atividade de averiguação arqueológica, que são envolvidas sempre que se inicia a etapa de escavação por determinação da Licença Ambiental. Nosso intuito é promover o desenvolvimento preservando a história da cidade, sempre em diálogo com a comunidade e partes interessadas”, conta o executivo.

Em nota de julho de 2023, a Linha Uni diz que segundo a empresa especializada em arqueologia, A Lasca, entre 2021 e 2023, ao todo, foram identificados 9 sítios arqueológicos históricos, sendo 7 já resgatados. Desde o início das obras já são 11 cadastrados:

– Miguel Conejo (Estação Freguesia do Ó),

– Água Branca (Estação Água Branca),

– Santa Marina I (Estação Água Branca),

– Santa Marina II (Estação Santa Marina),

– Pompeia (Estação SESC-Pompeia),

– São Joaquim I (Estação São Joaquim),

– Falha Taxaquara (VSE Tietê),

– Sara de Souza (VSE Sara de Souza),

– Saracura Vai-Vai (Estação 14 Bis),

– Vila Cardoso (Estação Vila Cardoso)

– Lavapés (VSE Felício dos Santos), este último no bairro da Liberdade.
O Sítio Lavapés até então foi a descoberta mais recente da Linha Uni. Os pesquisadores concluíram que os materiais encontrados, como objetos em louça, frascos e garrafas de vidro, entre outros, podem ter sido produzidos entre o final do século XIX e início do XX. O sítio Lavapés está localizado na área do VSE Felício dos Santos, entre as ruas Tamandaré e Pires da Mota.
As obras da Linha 6-Laranja são acompanhadas pelo Programa de Arqueologia Preventiva realizado pela A Lasca, que obedece às diretrizes legais relacionadas ao patrimônio arqueológico cultural brasileiro. Além disso, a concessionária desenvolve ações de Educação Patrimonial, por meio de parcerias com professores e alunos vinculados a unidades escolares relacionadas à Diretoria de Ensino Centro-Sul, Diretoria de Ensino Norte I e Diretoria Regional de Educação Freguesia-Brasilândia. O monitoramento arqueológico continua sendo executado em todas as unidades construtivas e turnos de atividades (manhã, tarde e noite) para garantir a proteção dos contextos arqueológicos identificados. – informou a concessionária na nota.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

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