Rio Claro (SP) mantém operação da Rápido SP por mais 180 dias enquanto não consegue licitar concessão do transporte
Publicado em: 2 de julho de 2022

Concorrência para escolha de nova empresa foi suspensa pelo Tribunal de Contas em fevereiro de 2022
ALEXANDRE PELEGI
A prefeitura de Rio Claro está com dificuldades para licitar os serviços urbanos de transporte público.
Para não interromper o atendimento, a prefeitura vem contratando por dispensa de licitação e em regime emergencial a atual concessionária, empresa Rápido SP.
Após no início deste ano ter estendido o contrato por seis meses, a prefeitura, que não conseguiu ainda realizar a concorrência pública, comunicou nova contratação pelo mesmo período.
A observação é que o contrato poderá ser interrompido antes desse prazo, “caso o novo processo licitatório seja concluído”.
A publicação do aviso da contratação emergencial consta do Diário Oficial do Estado deste sábado, 02 de julho de 2022.
Esta é a segunda contratação emergencial. No final de janeiro deste ano o contrato de concessão do serviço de transporte coletivo firmado com a empresa Rápido SP, que opera na cidade há dez anos, foi postergado também por 180 dias. Relembre:
CERTAME SUSPENSO
A concorrência para definir a empresa que vai operar o sistema de ônibus da cidade estava prevista para 21 de fevereiro de 2022. Antes disso, porém, foi suspensa pelo próprio Município para adequação do edital, após decisão do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) determinando a impugnação do certame.
Os conselheiros Robson Marinho (Relator), Antonio Roque Citadini, Renato Martins Costa, Cristiana de Castro Moraes, Sidney Estanislau Beraldo e o Auditor Substituto de Conselheiro Josué Romero, na sessão que foi realizada no dia 06 de abril deste ano, e publicada em Diário Oficial do Estado no dia 27 do mesmo mês, determinaram ao Município que retifique o edital da Concorrência nº 3/2021.
Além disso, a prefeitura deverá republicar o documento com as devidas alterações.
De acordo com a publicação do DOE, “o texto convocatório deverá definir, de forma clara, as fontes de custeio que viabilizarão a concessão”.
Além disso, o TCE observa que a comprovação de prova de aptidão em transporte coletivo de passageiros necessariamente em serviço público, como disposto no Edital impugnado, afronta Súmula da Corte de Contas.
O texto observa ainda que “mostra-se indevida a exigência de prova de regularidade fiscal referente ao IPVA, haja vista não possuir, de forma inequívoca, simetria com o ramo de atividade da licitante, compatível com o objeto contratual”.
Para sustar o processo licitatório o Conselheiro Robson Marinho acolheu duas representações apresentadas ao Tribunal contra o Edital – a primeira pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Rio Claro (STTRRC); e outra pela empresa de ônibus Fortbus, com sede em Leme (SP).
EDITAL ANTERIOR
Pelo Edital anterior, que está sendo retificado pela prefeitura, o contrato de concessão tem prazo de cinco anos.
O valor máximo da tarifa de remuneração da prestação do serviço é de R$4,9995, considerado na data base de 1º de dezembro de 2021.
O critério de julgamento da concorrência é o de menor valor da tarifa de remuneração.
O valor da tarifa a ser cobrada dos usuários (tarifa pública) será definido pelo Município e estabelecida em decreto.
A diferença entre o valor da tarifa de remuneração e o valor da tarifa pública será coberta por recursos públicos na forma do Contrato de Concessão.
Fazem parte da licitação:
Sistema de Bilhetagem Eletrônica – SBE
Sistema de Controle Operacional – SCO
Sistema de Informações aos Usuários – SIU
Sistema de Monitoramento de Imagens – SMI
DEMANDA
Em novembro de 2021 foram transportados 238.811 passageiros no Sistema de Transporte Coletivo, dos quais 49.514 foram de passageiros com direito à gratuidade, representando 25% do total. Ocorreram 8.627 integrações e 35.201 estudantes com direito à meia tarifa utilizaram os serviços. Deste modo, o total de passageiros equivalentes, ou seja, que correspondem ao pagamento de tarifa integral foi de 163.070 passageiros.
Os passageiros econômicos foram 212.584, assim considerados aqueles que correspondem aos passageiros integrais; os estudantes, transformados em equivalentes (multiplicado por 50%) e as gratuidades que são pagas pelo Município.
A demanda de transporte ainda se mostra com uma expressiva contração por decorrência da pandemia da Covid-19. Registra-se, porém, que tem havido uma recuperação mais expressiva nos últimos três meses, nos quais houve um acréscimo de 72 mil usuários, representando um crescimento de 43% em relação a agosto de 2021.
EXPECTATIVA
Pelos dados projetados, para o primeiro ano da concessão (julho de 2022 a junho de 2023) é esperada uma demanda de 4.440.399 passageiros, sem integrações, o que corresponde a uma média de 370.033 passageiros por mês.
Em relação aos passageiros equivalentes, que representam a geração de receita para o sistema de transporte coletivo, o total anual estimado é de 2.537.665 usuários, ou 211.472 por mês. Estes valores, comparados com o ano de 2019 representam uma redução de 20,6% no passageiro total e de 28% nos passageiros equivalentes.
Para o segundo ano de concessão é esperada uma melhoria na demanda com uma média mensal de 398.147 passageiros sem integração, e a partir do 3º ano, uma estabilidade com 403.793 passageiros, também sem integração, o que representa 13,4% a menos que o ano de 2019.
FROTA
Para o início de operação dos serviços a Concessionária deverá empregar uma frota total de 53 veículos para o serviço regular. Esta frota deverá ser constituída obrigatoriamente por 27 ônibus com equipamento de ar-condicionado e 26 ônibus sem ar-condicionado.
A frota operacional para o serviço regular será de 48 ônibus, sendo 24 ônibus com ar-condicionado e 24 sem ar.
Para o serviço “Incluir” a frota total é de 4 vans adaptadas, e a frota operacional é de 3 unidades.
A produção quilométrica operacional projetada na média anual para o serviço regular é de 275.664 km mensais e para o serviço “Incluir”, de 11 mil km.
Durante o prazo do contrato, os ônibus não poderão ter uma idade superior a 10 anos. Para as vans, recomenda-se que os veículos também observem esta idade máxima.
A idade média máxima da frota para o início de operação é de 5 anos.
HISTÓRICO
O contrato com a Rápido São Paulo, atual concessionária que opera na cidade há 10 anos, expira neste mês.
A empresa Oficina Engenheiros Consultores Associados desenvolveu o termo de referência para o edital de concessão, que terá desta vez contrato por 5 anos, prorrogáveis por igual período.
A prefeitura realizou consulta pública desde setembro deste ano com os usuários, colhendo sugestões sobre o serviço de ônibus assim como opiniões sobre os traçados das linhas circulares.
O atual contrato, assinado com a Rápido SP em 2011, foi renovado em 2016, e foi objeto de várias investigações.
Em 31 de outubro de 2018, o Tribunal de Justiça do Estado determinou a indisponibilidade de bens da empresa Rápido São Paulo, de seu sócio João Carlos Kenji Chinen, do ex-prefeito de Rio Claro Palmínio Altimari Filho e do ex-secretário municipal José Maria Chiossi. O bloqueio vai até o limite de R$ 17.113.282,35.
Relembre: TJ decreta bloqueio de bens do ex-prefeito de Rio Claro e da empresa de ônibus Rápido São Paulo
Posteriormente, em março de 2019, João Carlos Kenji Chinen foi preso preventivamente por meio da Operação Passe Livre. O operador financeiro de Chinen, Fabio Luiz Queiroz, também teve a prisão preventiva decretada após operação deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), por meio do Ministério Público do Estado de São Paulo.
A operação teve como objetivo apurar fraudes e corrupção em contratos de transporte público firmados entre 2013 e 2016 pelo município de Rio Claro e pela empresa Rápido São Paulo Transportes e Serviços Ltda. Relembre: Operação Passe Livre em Rio Claro resulta em prisão preventiva de dono da Rápido São Paulo
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes
Estatiza tudo de vez e não licita jamais,pronto.Só assim acaba a mehrdhy@.Segue o exemplo de Rondonópolis(MT),que estatizou todo o transporte porque sabe-se que a iniciativa privada não tem legitimidade nenhumíssima pra pôh@ nenhumíssima.