Campinas e região podem ficar sem ônibus a partir do dia 7 de abril

Foto: Divulgação

Empresas afirmam que não conseguirão pagar salários. Sindicato dos rodoviários alega que trabalhadores não receberam vale-refeição, e temem perder emprego

ALEXANDRE PELEGI

O transporte coletivo de Campinas e região está à beira de um colapso.

De um lado, as empresas de ônibus da cidade paulista afirmam que poderão parar por causa da pandemia de Covid-19 no dia 7 de abril. A alegação é que não terão receita para pagar os salários dos funcionários diante da queda do número de passageiros transportados.

Segundo os empresários, a quarentena provocou uma queda de 70% nas receitas.

O percentual representa a comparação ao número registrado na quarta-feira da semana anterior à quarentena. No dia 11 de março, foram 562.066 passageiros transportados (passagens pela catraca). Já no dia 25 de março, o sistema registrou 118.420 passageiros.

A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que gerencia e monitora o sistema de transporte público da cidade, aponta que, durante a quarentena, a queda no número de passageiros alcançou o pico de 78,9%, registrado na última quarta-feira, 25 de março. Esses dados incluem não somente as empresas concessionárias, como o transporte alternativo.

Os números indicam que os cidadãos estão seguindo as orientações das autoridades sanitárias, colaborando para conter a pandemia do novo coronavírus. E revelam ainda que os ajustes operacionais promovidos pela Emdec na frota de transporte público foram acertadas”, explica o secretário de Transportes e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro.

Já os rodoviários, por meio de suas entidades sindicais, se preocupam com os empregos da categoria na região de Campinas. Em uma circular, assinada pela Federação dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários do estado de São Paulo (FTTRESP), do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Campinas e região (STTRACR) e do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Americana e região, as entidades reivindicam a garantia de emprego, e alertam que sem isso poderão parar o transporte na região. “Somos nós que abrimos e fechamos as portas das cidades e exigimos mais respeito por parte dos patrões”, diz um trecho da nota.

Na mesma nota, os rodoviários afirmam já ter tido “o primeiro caso de descumprimento por parte dos patrões”, referindo-se ao não pagamento do vale refeição.

Como mostrou o Diário do Transporte, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), preside a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), e manifestou sua preocupação com os impactos da crise no transporte em todo o País. Em um ofício encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela FNP, com data de 27 de março, e entregue em mãos do ministro da economia Paulo Guedes, os prefeitos apoiam a proposta de criação do programa Transporte Social, assinado pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), ANTP (associação Nacional de Transportes Públicos) e Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana.

O programa, em síntese, propõe que o Governo Federal destine R$2,5 bilhões por mês para aquisição de créditos eletrônicos de passagens, enquanto perdurar a crise do COVID-19. Esse valor é necessário para equilibrar custos e receitas no setor e para manter em funcionamento mínimo do transporte público por ônibus. Segundo a proposta, cada crédito eletrônico de passagem corresponde a uma tarifa pública vigente no sistema de transporte coletivo por ônibus de cada localidade. O Governo Federal usaria os créditos do programa “Transporte Social” como um estoque a ser empregado durante e após a crise do COVID-19. Relembre: NTU, Fórum de Secretários e ANTP propõem ao Governo Federal compra imediata de passes de ônibus na ordem de R$ 2,5 bilhões/mês

De seu lado, as empresas de ônibus que atuam na cidade enviaram ofício ao prefeito de Campinas solicitando aumento do subsídio enquanto durar o isolamento social.

O diretor de Comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp), Paulo Barddal, informou que nesta quinta-feira, 02 de abril, a frota que entrou em operação na cidade representa 40% dos 831 ônibus que circulam nos dias úteis anteriores ao isolamento social. Os dados foram coletados Sistema de Bilhetagem Eletrônica da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc).

Jeremias Nunes dos Santos, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários de Campinas e Região, disse ao Diário do Transporte que aguarda a resposta das autoridades constituídas. O sindicato entrou em contato com a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), vinculada à Secretaria de Transportes Metropolitanos do estado, e que gerencia o transporte na região, e ao governador João Doria. “Depende da resposta deles, vamos tomar nossas medidas. Vamos fazer protesto e chamar a atenção do poder público, pois todos temos que dar as mãos para não deixar o trabalhador largado e abandonado“, afirmou.

Tomando por base apenas as empresas de Campinas, são 2,5 mil motoristas, afirma Paulo Barddal. “As compras foram reduzidas drasticamente, por causa do isolamento social”, afirmou o diretor ao Correio Popular, jornal da cidade.

rodoviarios campinas

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Joao Luis Garcia disse:

    Esses Sindicatos ainda acreditam viver nos anos dourados do Sindicalismo Brasileiro.
    Os tempos são outros, acabou a garantia de emprego, cada vez mais veremos a negociação caso a caso entre o Sindicato Patronal e os Sindicatos das categorias, seja ela qual for.
    As empresas estão amargando queda na sua receita superiores a 70% e como poderão manter as mesmas condições salariais ?
    Todos os setores da sociedade perderão, uns mais outros menos, mas ninguém saira ileso.

  2. Valter disse:

    Tem idiotas que publicam fica em casa.
    Quando as empresas quebrarem de vez, não adianta chorar.
    E não vai ter dinheiro nem pra funcionalismo público municipal e estadual.
    O governos vão arrecadar o que?
    Se preparem pro mega passaralho que vem aí.

  3. Pestana disse:

    Realmente, o que era público virou privado, os cabides de empregos acabou, as faltas de pagamento do INSS, FGTS e tantos outros tributos sonegados pôr políticos também acabaram, o site da transparência acabou com isso né. Pois deveria pôr obrigação de pelo menos pagar as despesas decorrentes para o transporte continuar, agora achar que motorista é bem remunerado e que temos que ganhar menos, só um incrédulo como vc. Desculpe, não o conheço, será quê vc imagina como se coloca uma frota dessas para rodar, qual a logística, acredito que pelo seu comentário vc deva ser de outro planeta, quanto a sindicatos realmente, Paulo Guedes deva ser seu Guru. Caso contrário, vá buscar os seus 600,00 reais que devem ser suficiente para vc e sua família. Desculpe o desabafo !!! # sindicatoforte

  4. Pestana disse:

    “DIA 5, O SETOR DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO VAI ENTRAR EM COLAPSO”, DIZ MAIA

    Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o setor, apresenta uma queda média de 70% no número de passageiros.

    “Dia 5, o setor de transporte rodoviário vai entrar em colapso, por uma questão simples: o que aconteceu nos últimos anos? O Uber tomou o mercado das empresas de ônibus. […]A queda de passageiros de ônibus em Porto Alegre foi de 25%. Quem saiu do ônibus foi o passageiro que foi para o Uber. Linhas curtas. […] A tarifa curta acabou o seu financiamento. Então, as empresas de ônibus, pela nova realidade do transporte, com a modernização dos aplicativos, com a entrada dos aplicativos, perdeu o financiamento que financiava a ida das pessoas mais simples para as suas casas. Então já tinha um problema grande de tarifa. Agora, tem uma queda média, 70% dos passageiros das empresas de ônibus. Como é que vai financiar? Vai deixar as empresas de ônibus parar?”

    Maia falou nesta manhã em participação a webinar promovido pelo jornal Valor Econômico em parceria com o banco Itaú.

    *Agência iNFRA*

  5. Vera disse:

    Porque não pedem para o prefeito e ao governador para pagar os funcionários? A culpa é deles!

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