ENTREVISTA: MAN deve desenvolver micro-ônibus elétrico para o Brasil a partir da plataforma do caminhão e-Delivery

Caminhão Elétrico deve ser base para micro-ônibus com baterias para suprir carência de veículos menos poluentes de menor porte

Com isso, BYD que já tem produto em circulação deve enfrentar concorrência no segmento de ônibus leves urbanos elétricos

ADAMO BAZANI

A MAN – Volkswagen Caminhões e Ônibus está de olho nas tendências de veículos menos poluentes e, após lançar em parceria com a Eletra o caminhão leve e-Delivery elétrico, com PBT de 9 ou 11 toneladas, deve investir em um micro-ônibus que se movimenta também apenas com eletricidade para o mercado brasileiro.

Em entrevista ao Diário do Transporte, na última semana, o presidente e CEO da MAN Latin America, Roberto Cortes, disse que a plataforma deste micro-ônibus elétrico deve ser desenvolvida a partir do e-Delivery.

“Não quero me adiantar do que vem pela frente, mas não podemos negar que a plataforma do novo Delivery que contempla uma versão elétrica, no caso dos [micro] ônibus pode ser a plataforma também de um micro elétrico do setor [de transporte urbano de passageiros].” – disse o executivo maior da MAN em toda a América Latina para o repórter Adamo Bazani.

São Paulo deve ser o maior mercado para estes ônibus.

Acompanhando as discussões sobre a alteração da Lei de Mudanças Climáticas, para a implantação de novas metas de redução da poluição pelos ônibus da Capital Paulista, em uma das audiências públicas a respeito do tema na Câmara Municipal de São Paulo, o Diário do Transporte noticiou que uma das preocupações para a concretização destas metas é com o subsistema local (ex-cooperativas) pela falta de opções de modelos menos poluentes de ônibus mídis e micros.  Representantes da indústria disseram que, proporcionalmente, pelo custo e por capacidade de lotação, um micro-ônibus sai mais caro que um ônibus convencional, de 15 metros ou articulado menos poluente.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/09/18/micro-onibus-e-duvida-para-transportes-menos-poluentes-em-sao-paulo/

O presidente e CEO da MAN Latin America, Roberto Cortes, acredita que o desenvolvimento a partir de um caminhão, cujo volume de produção é maior, pode ajudar na redução dos custos e deixa claro que o subsistema local do sistema de transportes da capital paulista é o principal foco para um micro-ônibus elétrico da marca.

“A questão das [ex] cooperativas certamente é um dos nichos que nós estamos olhando como oportunidade e, além disso, o volume de vendas do [novo] Delivery está se provando que será muito alto. Isso vai fazer com que haja um barateamento na aplicação do ônibus, em se utilizando a mesma plataforma. Realmente está se mostrando uma possibilidade muito viável” – disse o executivo à reportagem do Diário do Transporte.

OUÇA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

ROBETO-CORTES-MAN-ADAMO BAZANI

O e-Delivery é fruto de uma parceria com a Eletra Industrial, empresa de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que há mais de 30 anos fabrica sistemas para ônibus elétricos, híbrido e trólebus.

A primeira apresentação do modelo ocorreu no dia 11 de outubro, no Innovation Day, em Hamburgo, na Alemanha.

Roberto Cortes, presidente da MAN, afirma a Adamo Bazani que acredita no “barateamento na aplicação do ônibus, em se utilizando a mesma plataforma. Realmente está se mostrando uma possibilidade muito viável”

A fabricante de bebidas Ambev será a primeira empresa a operar em testes e-Delivery no Brasil a partir de 2018. O modelo passa a ser produzido em série na planta de Resende no ano de 2020.

Com a concretização deste projeto do micro-ônibus, a chinesa BYD, que tem planta em Campinas, no interior paulista, pode deixar de ser a única empresa no mercado brasileiro que oferece um ônibus pequeno não poluente.

Hoje a empresa, em parceria com a Volare, da Marcopolo, já tem um modelo desenvolvido de miniônibus 100% elétrico que já transporta passageiros pela Viação Piracicabana, em Santos, no Litoral Paulista.

Até o momento, segundo a Piracicabana, o desempenho do modelo tem sido satisfatório. Relembre matéria em:

https://diariodotransporte.com.br/2017/10/23/entrevista-piracicabana-vai-intensificar-renovacao-de-frota-em-2018/

Na ocasião, Roberto Cortes disse também que MAN –Volkswagen Caminhões e Ônibus projeta crescimento de olho no mercado interno e também nas exportações e diz que a marca deve abrir unidades fabris em outros países, como Nigéria. Uma nova unidade na América Latina também faz parte dos planos da MAN, segundo o executivo.

No mercado interno, a expectativa em 2018, de acordo com Cortes, é de crescimento em torno de 10% a 20%. Já para o mercado externo, a MAN prevê um crescimento entre 20% e 40%

“Nosso plano é de internacionalização de fato. O maior mercado da MAN Latin America é o Brasil e nossos produtos sempre foram direcionados para a realidade operacional daqui, tanto de ônibus como de caminhão. Verificamos que podemos atender de maneira mais personalizada os outros mercados, muitas vezes com pequenas alterações em cada produto”, disse

O desenvolvimento de modelos específicos para países latinos já é uma realidade.

É o caso do ônibus midi Volksbus 14.190 SCD, desenvolvido para o México.

Ônibus da MAN no mercado europeu que pode receber recargas de oportunidade (rápidas) em estações ao longo do percurso

O motor MAN D08 foi reposicionado, ficando mais à frente da carroceria. O estilo é conhecido no País como trompudo e representa, segundo a empresa, mais de 50% das vendas, concentradas especialmente nos modelos de 12 a 15 toneladas.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/11/15/volkswagen-apresenta-no-mexico-o-chassi-volksbus-14-190-scd-primeiro-veiculo-100-desenvolvido-para-o-mercado-do-pais/

Os investimentos de R$ 1,5 bilhão anunciados em dezembro do ano passado pela MAN, para o ciclo até 2021, já comtemplam a internacionalização.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2016/12/02/man-anuncia-investimentos-de-r-15-bilhao-no-brasil-ate-2021/

Quanto ao mercado interno, os principais objetivos são retomar a liderança no mercado de caminhões e ampliar a participação nos segmentos de ônibus, para os quais, segundo Cortes, a MAN está otimista. O executivo voltou a reforçar o ônibus elétrico como estratégico para a empresa.

“Nós estamos otimistas em relação a nossa posição em ônibus, vemos grandes possibilidades de crescimento, estamos trabalhando e, nessa vida, tudo é foco. Nós atingimos a liderança em caminhões e agora estamos nos dirigindo no sentido de obtermos este mesmo sucesso com o ônibus. Eu posso adiantar que uma das alternativas é ver novas formas de transporte de passageiros com baixo custo. Uma delas que estamos analisando é, de eventualmente, a aplicação, por exemplo, da motorização elétrica para o transporte urbano” – reafirmou.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Lane disse:

    Muito interessante a evolução e desenvolvimento das soluções 100% elétricas.
    Capacidade técnica nós temos no Brasil. Apenas o poder público tem que definir regras estáveis, e que não mudem a cada legislatura.
    Eletrificação é o caminho para redução de emissões e menor custo operacional.

  2. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Parabéns MAN.

    O filet do buzão no futuro serão os micros.

    Isto Paulo Gil já previu.

    Metro aumentando e Aerotrem um dia saiu ai o ideal será a rede a lá Paulo Gil VAPT VUPT.

    Buzão pesadão e lerdo já era, o futuro serão os trilhos e os micros.

    Sem contar que o AEROMÓVEL já está Marcopolizado.

    Att,

    Paulo Gil
    “BUzão e Emoção é a Paixão”

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