Itapemirim atribui às recuperações judiciais separação da Rápido Marajó

Ônibus da Rápido Marajó já com padrões de pintura da Itapemirim.

Gradativamente, operações, garagens e estruturas em comum serão desfeitas

ADAMO BAZANI

A Viação Itapemirim confirmou na manhã desta quarta-feira, 01 de novembro de 2017, ao Diário do Transporte, que se separou oficialmente da Rápido Marajó.

Já é o segundo negócio desfeito com o grupo de empresários que assumiu a companhia  no final de 2016.

No dia 11 de setembro, a Passaredo Linhas Aéreas anunciava rompimento com a Viação Itapemirim por, segundo a companhia aérea, “não cumprimento das condições precedentes estabelecidas em contrato”. Na ocasião, os empresários Sidnei Piva de Jesus e Camila de Souza Valdívia, atuais controladores da Itapemirim, disseram que o rompimento do negócio foi consensual porque “as condições apuradas até a presente data não contemplavam os seus respectivos interesses e, como consectário lógico do contrato preliminar, optaram pelo encerramento das tratativas com a condução do negócio Passaredo Linhas Aéreas S/A pelos seus acionistas.”

Desta vez, quanto à Rápido Marajó, por meio da assessoria de comunicação, a Itapemirim informou à reportagem do Diário do Transporte, que a separação ocorreu por causa das recuperações judiciais das duas empresas, que são distintas.

“Tratam-se de duas recuperações judiciais distintas. Para que possa haver recuperações judiciais mais eficazes e mais transparentes, a decisão foi por separar as empresas e fazer as prestações de contas de maneira mais precisa”

Gradativamente, estruturas, garagens e operações realizadas em conjunto serão sreparadas.

Os controladores da Rápido Marajó, anteriores ao acordo entre as duas empresas, já haviam reclamado da postura dos proprietários da Itapemirim.

Já a família do fundador da Viação Itapemirim, Camilo Cola, diz ter sido vítima “um golpe dos atuais controladores”.

Segundo Camilo Cola e sucessores, os atuais controladores da Itapemirim foram contratados para ajudar a família fundadora no processo de recuperação judicial.

A família Cola diz que transferiu poderes dentro da Itapemirim ao novo grupo, o que resultou em sua própria destituição do comando. Cola era assessorado por um diretor de carreira na empresa, Anísio Fioresi, e pelo advogado e ex-juiz Rômulo Silveira, diretor jurídico do grupo com a administração antiga.

Entre as supostas irregularidades apontadas pela família Cola e atribuídas ao novo grupo, está o desvio de recursos da empresa obtidos com as vendas de passagens para o pagamento de notas fiscais por serviços prestados por outras empresas dos atuais gestores.

Na versão da família, os empresários foram contratados para gestão do processo de recuperação judicial do grupo que envolve a Viação Itapemirim, Transportadora Itapemirim, ITA – Itapemirim Transportes, Imobiliária Bianca, Cola Comercial e Distribuidora e Flecha Turismo Comércio e Indústria, mas compraram as empresas. A família Cola diz que não tinha intenção de se desfazer da Viação Itapemirim. A Viação Kaissara foi incluída na recuperação por determinação da Justiça que entendeu que houve indícios de fraudes cometidas ainda pela família Cola na transferência de linhas da Itapemirim à empresa. O novo grupo também assumiu as linhas da Kaissara.

O caso agora corre na Justiça.

Na ocasião, em nota, o novo grupo da Itapemirim, afirma que os sócios atuais são proprietários legítimos da empresa.

“Apesar da profunda admiração pelo antigo fundador os novos proprietários da Itapemirim com o compromisso de manter a ética e a transparência de suas atividades, prestando esclarecimento à recuperação e ao seu administrador judicial todo o desenvolvimento financeiro, fiscal e contábil, de todas as atividades da empresa, sempre no sentido de retomar o crescimento.  Esclarece também que os novos e legítimos proprietários vem trabalhando arduamente no processo de profissionalização em todos os setores da empresa”

São sócios formais hoje da Itapemirim, os empresários Camila Valdívia e Sidnei Piva. Também faz parte da administração da empresa, Milton Rodrigues Junior, que já respondeu processo na Justiça por acusação semelhante à feita pela família de Camilo Cola, mas no setor de transpores de cargas.

Milton Rodrigues é proprietário de 14 empresas em Santa Catarina, Rondônia, Goiás, Espírito Santo e São Paulo. Apesar de não constar oficialmente como sócio da Itapemirim, o empresário tem uma Sociedade de Propósito Específico -SPE, constituída em fevereiro deste ano com Camila e Sidnei, com endereço registrado na sede da Viação Itapemirim, em Cachoeiro do Itapemirim.

O nome de Milton apareceu em 2015 como um dos pivôs de um suposto esquema de desvio de recursos envolvendo a Transportadora Dalçoquio, de Itajaí, e a Tomé, outra transportadora de cargas, com sede em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Representantes da Tomé Transportes, que assumiu o comando da Dalçoquio, registraram em 2015, boletim de ocorrência contra Milton Rodrigues Junior, detentor de 80% das ações da Dalçoquio, segundo o registro da empresa na Junta Comercial de São Paulo na época.

Milton foi acusado de ter desviado R$ 4 milhões do pagamento de funcionários que foram retirados de uma conta da empresa.

A direção da Tomé alegou na ocasião que a compra da Dalçoquio foi efetuada pelo empresário Laércio Tomé, que teria se mantido anônimo. O registro da empresa então teria ficado em nome de Milton Rodrigues, que deveria ser sócio minoritário. De acordo com a defesa de Tomé, na época, Milton Rodrigues não teria cumprido o acordo que previa devolução da maior parte das ações.

Ainda na época, a defesa de Milton Rodrigues disse que ele comprou a Dalçoquio sozinho e que Laércio Tomé queria comprar a transportadora de Itajaí depois.

Após um grupo de executivos da Tomé ter chegado à Santa Catarina para assumir a Dalçoquio, Milton Rodrigues deixou a direção e não efetuou os pagamentos devidos, impedindo que o negócio fosse concretizado.

A defesa de Milton Rodrigues ainda havia sustentado que os R$ 4 milhões foram transferidos para outra conta da empresa, para pagar os funcionários e que a família de Laécio Tomé Transportes teria se negado a oferecer a lista de trabalhadores.

O caso ainda é discutido na justiça.

Os empresários paulistas Sidnei Piva de Jesus e Camila de Souza Valdívia também enfrentam uma série de ações judiciais.

Na Justiça do Trabalho, aponta o jornal, os novos sócios da Itapemirim, Camila e Sidnei, respondem a mais de 100 processos. Já na Justiça de São Paulo, são mais de 50 ações, várias relacionadas à execução extrajudicial ou fiscal, ou seja, cobranças.

Um dos maiores processos de execuções fiscais, na ordem de R$ 30 milhões, foi movido pela prefeitura de Barueri, na Grande São Paulo, e envolve a Procarta Serviços, de propriedade dos atuais sócios da Itapemirim.

A defesa dos empresários diz que esclarece judicialmente todas as ações e nega irregularidades nas condutas dos clientes.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Valdir K.Machado disse:

    Tenho saudades desta empresa, trabalhei na Penha/Itapemirim de 1987 a 1992 era um prazer enorme fazer parte do quadro de colaboradores (mot.rodoviário) um luxo! Que saudade!Valdir setor Poa.

  2. Diogo Magalhães disse:

    Essa é a versão da Itapemirim / Kaissara, porém o Sr Odilon já estava pleiteando a algum tempo o rompimento desse mal explicado consorcio e a retomada do comando da TTT / RM, quem sabe agora vai…

    1. blogpontodeonibus disse:

      Que seria esta parte aqui do texto

      Os controladores da Rápido Marajó, anteriores ao acordo entre as duas empresas, já haviam reclamado da postura dos proprietários da Itapemirim.

  3. marcelo duarte disse:

    Fico com a duvida se a separação foi somente da ITA e RM continuando com os mesmos socios ou se o controle societario da RM voltou p/ os socios anterios…..

  4. Almir Aversani disse:

    e agora de que serão o ônibus que compraram da cometa, e os ônibus novos que era para chegar até o final do ano ou foi uma pegadinha dos novos socioa rsrsrs

  5. Guilherme Storch neto disse:

    Itapemirim,,pra min boa lembrança estudava no rio e fazia vitória x rio era tudo diferente 1970

  6. Luiz disse:

    E agora José!

  7. Romílio José da Silva disse:

    será o fim da Itapemirim?

  8. Camilo disse:

    Bando de estelionatário ladrões muito país de família passando aperto por causa q nem baixa na carteira deram bando de covardes to c meu pagamento recisao completa INSS FGTS tudo sem pagar passei fome por causa de recuperação judicial q n paga ninguém

  9. Carlos Vasconcellos disse:

    Desde que o velho Cola deixou a direção da empresa, os filhos destruíram a saudosa Itapemirim.Há é claro grupos concorrentes que estáo por trás da conspiração, inclusive o Grupo Guanabara, de Jscob Barata.

  10. Alessandra disse:

    Só seu o seguinte eles não pagam os ex colaboradores da Itapemirim e Kaissara isso é uma vergonha

  11. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Matematicamente não há milagres, independentemente da marca que for.

    E como diria aquela personagem da novela, Dona Milú.

    Esse caso é um Mistéééééééééééério.

    Se chegar ao Supremo, saberemos quem tem razão.

    Assim só nos resta sentar e aguardar uns 15 ou 20 anos.

    Att,

    Paulo Gil

  12. Jose carlos fernandes mangabeira disse:

    Isso não cheira bem…… é caso de Polícia!

  13. Jandson disse:

    Caso complicadíssimo, esse Valdivia não inspira confiança

  14. Osvaldo Gonçalves Da Crus disse:

    Eu era funcionário da Transbrasiliana Transporte e Turismo e da rápido Marajó.
    Hoje estou na Viação Araguarina do grupo Odilon Santos .

  15. santos disse:

    trabalho na itapemirim , infelizmnte pelo visto nao chegara a fevereiro de 2018

  16. EMILIO MARTINS MENES disse:

    Já fiz a pesquisa sobre a ITAPEMIRIM, gostaria que vcs do DIÁRIO cobrasse da nova administração a compra dos 400 ônibus que informaram que iriam comprar, o que notamos pque não compraram e ainda estão acabando como resto que tem, será que darão conta de operar na temporada 2017/2018?

    1. blogpontodeonibus disse:

      Que bom que pesquisou. Vamos continuar na cobrança e aguardamos posicionamento da empresa

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