Eletromobilidade

Trólebus voltam a operar na linha municipal 4113/10 Gentil de Moura – Pça. da República nesta segunda (06), após chuva da última sexta-feira (03)

Foto: Lucas Amorim/Ônibus Brasil

Veículos movidos à diesel substituíram elétricos para não haver desatendimento no itinerário

ADAMO BAZANI/ARTHUR FERRARI

A linha do transporte coletivo municipal de São Paulo 4113/10 Gentil de Moura – Pça. da República voltou a ser atendida por trólebus na manhã desta segunda-feira, 06 de novembro de 2023, após ser operada por veículo movidos à óleo diesel durante todo o fim de semana em decorrência da forte chuva que atingiu a capital e região metropolitana causando diversos estragos na rede elétrica.

De acordo com a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora responsável sistema de transporte coletivo da capital, a região das avenidas Nazaré e João XXI foram atingidas na sexta, causando problemas nas linhas de trólebus.

Na sexta-feira, as rajadas de vento ultrapassaram a 100 km/h em algumas regiões da capital paulista e cidades da Grande São Paulo.

Somente na capital, mais de 1,4 mil chamados para queda de árvore foram abertos.

Mais de 1,5 milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica, muitas das quais, ainda hoje.

A normalização total é prevista somente para a terça-feira (07).

Não estão previstos mais temporais como os de sexta-feira até terça-feira, pelo menos, quando uma nova frente fria chega à faixa leste do Estado, que inclui a capital e a Grande São Paulo, e pode provocar chuva forte novamente.

Em entrevista coletiva sobre o balanço da chuva neste sábado (04), o prefeito de São Paulo, falou que parte dos problemas relacionados a falta de energia quando chove poderia ser evitada com o aterramento da fiação, projeto que segundo Ricardo Nunes, encontra algumas pendências, como as relacionadas com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), telefonia e rede de trólebus.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/11/04/ouca-nunes-diz-que-aterramento-de-fios-enfrenta-dificuldades-em-sao-paulo-e-cita-problemas-em-redes-de-trolebus-por-causa-de-chuva/

NUNES CITA ENTERRAMENTO PARA APOSENTAR TRÓLEBUS:

No dia 18 de setembro de 2023, quando foram apresentados os primeiros 50 ônibus elétricos à bateria da nova geração, o prefeito Ricardo Nunes falou da intenção de aposentar a rede de trólebus da cidade de forma gradativa.

Além do custo de R$ 30 milhões por ano para manter a rede aérea, o prefeito citou na ocasião, os entraves que, segundo ele, os trólebus representam no projeto de enterramento da rede elétrica e eliminação dos postes.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/09/19/ouca-subsidios-vao-aumentar-com-onibus-eletricos-e-nunes-confirma-que-quer-fim-gradativo-de-trolebus/

Especialistas, entretanto, criticam a postura de Nunes sobre uma eventual descontinuidade dos trólebus.

Um dos responsáveis pelo Movimento Respira São Paulo, fundado em 2004 com o objetivo de incentivar o uso da tração elétrica no transporte coletivo urbano, Jorge Françozo de Moraes, diz que a rede de trólebus não atrapalha o projeto de aterramento da fiação na cidade.

“A afirmação de que a rede de trólebus está atrapalhando o processo de enterramento de fios na cidade é completamente infundada As redes de estão presentes em meros 200 quilômetros espalhados pela cidade e se trata de um serviço público essencial, que é o transporte de passageiros, por veículos não poluentes. A presença de dois ou quatro fios, sobre as vias, ou dos cabos alimentadores nos postes, ao longo das ruas, fora da área central, não são tão intrusivos quanto ao grotesco emaranhado de fios de comunicação e TVs a cabos, ao longo das calçadas, que surgiram somente nas últimas décadas.”

Veja o artigo completo nesse link:

https://diariodotransporte.com.br/2023/10/30/trolebus-vale-a-pena-sao-paulo-manter-os-trolebus-e-o-que-e-e-trol-pode-ser-alternativa-na-capital/

O Diário do Transporte ainda mostrou que o historiador e professor do Departamento de Engenharia e Sociedade da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, Peter Norton, também defendeu a manutenção dos trólebus na cidade de São Paulo.

Norton diz que o foco deve ser substituir os ônibus poluentes pelos veículos com bateria e não tirar os trólebus, que não poluem.

“Seria muito melhor gastar seu dinheiro atualizando, melhorando, dando manutenção e substituindo qualquer coisa que você precise fazer para o trólebus continuar operando do que o substituir por veículos elétricos a bateria. O importante é analisar tudo e fazer escolhas baseadas no que de fato a tecnologia pode oferecer. A decisão não pode ser porque isso ou aquilo é mais chamativo, porque às vezes a novidade é o melhor que temos, mas nem sempre é assim”.

Relembre e ouça a entrevista completa:

https://diariodotransporte.com.br/2023/10/19/fim-do-trolebus-em-sao-paulo-pesquisador-internacional-defende-manutencao-de-trolebus-em-sao-paulo/

ÔNIBUS À BATERIA E TRÓLEBUS TUDO JUNTO:

Existem já modelos de ônibus que podem operar uma parte na rede área e outra parte com baterias, chamados E-Trol.

Modelos deste tipo vão operar no futuramente no corredor BRT (Bus Rapid Transit) entre o ABC Paulista e a capital. A previsão é de que o sistema entre em operação pela empresa Next Mobilidade em 2024. O veículo tem tecnologia 100% nacional, da empresa Eletra de São Bernardo do Campo. Os chassis são feitos em São Bernardo do Campo também, pela Mercedes-Benz, e as carrocerias pela empresa Caio, em Botucatu.

Veja os detalhes:

https://diariodotransporte.com.br/2023/06/04/eletra-divulga-detalhes-da-configuracao-do-e-trol-onibus-eletrico-a-bateria-e-trolebus-num-unico-veiculo-que-vai-rodar-no-abc-e-pode-ser-opcao-para-corredores-brt-em-outras-regioes/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Arthur Ferrari, para o Diário do Transporte

Compartilhe a reportagem nas redes sociais:
Informe Publicitário
   
Assine
     
Comentários

Comentários

  1. Luis disse:

    É o poste mijando no cachorro! Entendi que, de acordo com o prefeito, o problema não é a Enel (que cortou seu quadro de eletricistas em 36%), nem a falta de manejo preventivo de árvores na cidade, tampouco a preventiva na fiação. O culpado do apagão é a resistência em desativar as linhas de trólebus, porque fios do trólebus podem cair. E ele quer tirar a todo custo. Ainda fala que a fiação exposta nos postes é culpa do trólebus. Sendo que na cidade de SP apenas 6% da fiação elétrica de postes é enterrada. Me faça um grande favor Prefeito Ricardo Nunes: vá estudar, cara!

Deixe uma resposta