Caminhão elétrico eActros 600 pode ser trazer alternativas para ônibus com baterias em trajetos de longa distância: 531 km de autonomia
Publicado em: 16 de outubro de 2023

Baterias LFP (fosfato de ferro-lítio) podem receber alta voltagem de carga; Diário do Transporte esteve na BusWorld, e justamente a autonomia limitada de baterias é um dos entraves para ônibus rodoviários elétricos
ADAMO BAZANI
A Mercedes-Benz lançou na Alemanha o caminhão elétrico eActros 600, prometendo uma autonomia de 531 km com uma carga. Com recargas intermediárias, pode ter uma autonomia diária de cerca de mil quilômetros.
O segredo está no conjunto de baterias LFP (fosfato de ferro-lítio) que podem tem capacidade combinada de 621 kWh e um sistema de carregamento rápido.
De acordo com a montadora, é possível uma carga de 20% a 80% em cerca de 30 minutos, desde que com uso de um carregador de megawatt, como os oferecidos pela Tesla.
Já o carregamento mais tradicional CCS, de até 400 kW, pode levar em torno de quatro horas.
As baterias podem ter uma vida útil de 1,2 milhão de km, um cálculo para dez anos, em média.
O caminhão tem dois motores elétricos que rendem, se comparados com motores a diesel, uma média de 536 cavalos de potência contínua, com picos de 804 cavalos.
O veículo pode tracionar 44 toneladas.
De acordo com a Mercedes-Benz, a produção comercial deve começar entre o fim de 2024 e início de 2025.
A fabricante diz que já há unidades encomendadas na Europa.
Já estão disponíveis o eActros 300 e 400, para autonomias de 300 km e 400 km.
O eActros 600 pode, na visão da Mercedes-Benz, trazer alternativas que podem ser adaptadas para a realidade dos ônibus rodoviários de longa distância.
O Diário do Transporte esteve na BusWorld 2023, maior evento de ônibus do mundo, que ocorreu em Bruxelas, na Bélgica, entre os dias 05 e 12 de outubro de 2023, a convite da Mercedes-Benz.
Umas das dúvidas em relação à viabilidade de ônibus elétricos de longa distância é justamente a autonomia limitada das baterias.
Uma das alternativas analisadas é o hidrogênio como gerador de energia.
O modelo e-Citaro Fuel Cell, para rotas urbanas, promete uma autonomia de 400 km, com tanques de hidrogênio que aumentam a duração da carga que, se fosse apenas pelo sistema plugin (carregamento na “tomada” externa) seria entre 250 km e 300 km.
Relembre:
Mas há ainda questões a serem resolvidas.
No caso do hidrogênio, há ainda o alto custo aliado a infraestrutura insuficiente.
No caso das baterias para os ônibus rodoviários, há o espaço que elas “roubam” dos bagageiros, essenciais em viagens de maior distância.
Na Europa, o perfil de viagens de ônibus rodoviários é em distâncias menores (as longas terrestres são atendidas majoritariamente por trens) e com menos bagagens, bem diferente da América Latina, incluindo o Brasil, onde as linhas rodoviárias são bem extensas e a quantidade de bagagens é grande.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes