Cidade de São Paulo estuda ajustes para recuperar passageiro de ônibus no pós-pandemia

Ônibus terão desafio de atrair passageiros com maior eficiência

Gerenciadora dos transportes municipais da capital paulista diz que analisa exemplos de outras cidades para estimular o uso do transporte coletivo como modo principal de viagens e desencorajar o uso do automóvel

ADAMO BAZANI

A SMT (Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes) da cidade de São Paulo estuda alterações no planejamento do sistema de ônibus para o pós-pandemia de covid-19.

A informação foi confirmada pela gerenciadora ao Diário do Transporte por meio de nota na última semana.

Para isso, está sendo feita uma análise dos atuais comportamentos de viagem e projeções de como o paulistano vai se deslocar no futuro.

“Além da crise na saúde pública, a pandemia trouxe uma crise econômica derivada. Trata-se de uma crise econômica sistêmica, de caráter internacional, com preponderância nos grandes centros urbanos. Com base nesse contexto e visando se instrumentalizar com informações para enfrentar o novo desafio provocado pela Covid-19 na mobilidade da cidade de São Paulo, a SPTrans busca conhecer o comportamento das viagens, principalmente projetando um cenário pós pandemia, para subsidiar o planejamento de suas ações, permitindo avaliar o serviço prestado, para que sejam realizados os ajustes e estratégias necessários.”

O sistema de ônibus da cidade está em reformulação com base nos contratos assinados com as empresas em setembro de 2019.

Foi instituída uma fase de transição, mas desde o ano passado os estudos para a conclusão da nova rede foram suspensos por causa dos efeitos da pandemia.

Atualmente, na cidade de São Paulo, a demanda de passageiros dos ônibus está entre 50% e 60% do habitual que era registrado antes da covid-19.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2020/09/03/estudos-para-implantacao-de-nova-rede-de-onibus-em-sao-paulo-serao-retomados-apos-pandemia-diz-sptrans/

A fase pós-pandemia pode mudar alguns pontos do planejamento anterior, sem, no entanto, alterar a estrutura geral pensada para a rede de ônibus.

De acordo com o que a SPTrans diz que tem observado, mesmo com o teletrabalho, a maiorias dos passageiros não deixou e nem deve deixar o transporte coletivo.

Com a pandemia, as dinâmicas de trabalho foram alteradas. Estudos realizados apontam que o teletrabalho está disponível, mas a maioria dos usuários do transporte coletivo continuará se deslocando e dependendo da oferta do transporte público para acesso à sua fonte de renda.

Em períodos anteriores à pandemia, giravam as catracas dos ônibus e terminais aproximadamente 3,3 milhões de pessoas por dia.  Atualmente, a quantidade aproximada é de 1,9 milhão de pessoas diariamente.

No auge das medidas restritivas contra a pandemia, entre abril e maio de 2020, a queda de demanda ficou em torno de 80%.

A frota também está menor também que antes da doença: aproximadamente 88% do habitual. São 11,8 mil ônibus circulando dos mais de 13 mil contratos para o sistema, segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia as linhas municipais.

Muito da queda dessa demanda se explica pelo home-office (trabalho em casa), pelo alto índice de desemprego e porque, muita gente com medo de ser contaminada e querendo evitar aglomerações, mudou a forma de se deslocar: carro próprio, aplicativo, moto, bicicleta ou mesmo caminhadas maiores.

Mas quando a pandemia acabar e tudo estiver controlado, a demanda que os ônibus transportavam vai voltar?

A aposta de empresas de transportes e especialistas no setor é que toda a demanda não será recuperada, pelo menos não em curto prazo, o que pode trazer impactos negativos nos congestionamentos, segurança do trânsito e na poluição, já que haverá mais carros e motos nas ruas.

Em compensação, há otimismo sobre a ampliação, mesmo com o fim da pandemia, dos modos não motorizados (caminhadas, bicicletas, etc) nos deslocamentos diários.

A SMT (Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes) diz analisar exemplos de outras cidades sobre as ações atuais e o que se pensa para os deslocamentos no pós-pandemia.

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT), tem acompanhado experiências de outras cidades que apontam a preocupação da migração de usuários do transporte coletivo para o individual. Isso demonstra a necessidade de adotar medidas prévias para estimular o uso do transporte coletivo como modo principal de viagens e desencorajar o uso do automóvel.”

VELOCIDADE AOS ÔNIBUS E BICICLETA:

Ainda não há um consenso mundial sobre as melhores estratégias de mobilidade no momento atual de pandemia e para o pós-pandemia, mesmo porque, as cidades possuem realidades diferentes.

Mas há também muitas características semelhantes para metrópoles e megalópoles.

O que se vê em comum em diversas cidades, mesmo com aspectos sociais diferentes, é uma preocupação em garantir mais espaço para as bicicletas e ações para os ônibus ganharem velocidade e, assim, serem mais eficientes, conseguirem fazer mais viagens num mesmo período e, com isso, até lotarem menos.

Em julho de 2020, o The New York Times trouxe uma matéria especial dizendo que, além de uma gratuidade momentânea, os ônibus passaram a se tornar mais interessantes em Nova Iorque porque ganharam mais faixas exclusivas e prioridade nos cruzamentos por meio de equipamentos especiais nos semáforos.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2020/07/12/onibus-tem-atraido-mais-passageiros-que-metro-em-nova-iorque-e-e-visto-como-solucao-na-retomada-em-meio-a-pandemia/

No dia 05 de maio de 2021, a SMT da capital paulista realizou uma transmissão on-line que reuniu o secretário de Mobilidade e Transportes da capital, Levi Oliveira; subsecretario de Política de Movilidad de Bogotá, Juan Esteban Martínez Ruiz; e a subsecretaria de Planificación de la Movilidad de Buenos Aires, Lucila Capelli.

O colombiano citou como planos a ampliação em 40 km da rede de BRT Transmilênio, criação de linhas de metrô a expansão de ciclovias.

Já a argentina, disse que Buenos Aires investiu em ciclofaixas temporárias e permitiu o transporte de bicicleta no metrô. As ciclofaixas, construídas nas duas principais avenidas Córdoba e Corrientes, após a pandemia serão transformadas em ciclovias permanentes, num total inicial de 17 km.

Na abertura do painel o prefeito em exercício de São Paulo, Ricardo Nunes, descreveu de forma sucinta algumas das ações realizadas pela prefeitura, particularmente aquelas voltadas para segurança viária.

No transporte coletivo, Nunes repetiu o prometido no Plano de Metas: iniciativas de priorização do viário para o Transporte Público, como a implantação de 50 km de faixas de ônibus, e a construção de 40 km de corredores.

O secretário de Mobilidade e Transportes da capital, Levi Oliveira, em sua fala estendeu as ações descritas pelo prefeito em exercício, também priorizando os projetos dedicados à segurança viária e ao estímulo de uso da bicicleta. Foram citadas metas de salvar 2.780 vidas até 2028, e reduzir de 6 para 4,5 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes até 2024.

No caso das ciclovias, a meta é ampliar a rede cicloviária em 177 km e recupera 281 km das existentes. Além disso, construir mais 300 km de ciclovias em quatro anos.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2021/05/05/bogota-planeja-comprar-apenas-articulados-eletricos-em-renovacao-de-frota-do-transmilenio-a-partir-de-2022/

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Santos Dumont disse:

    Ocorreu que em alguma cidade interiorana (não lembro qual) um prefeito adotou uma experiência simples mas eficaz. Estabeleceu ele valores de tarifas escalonadas para serem praticadas durante determinados prazos certos de vigência, e daí observou em que momento a tarifa influenciou na demanda (logicamente ao preço mais baixo muita gente se deslocou por vários motivos: menos cansativo e trabalhoso do que ir a pé ou de bike, em busca de algum trabalho, com CT ou biscate, etc) desestimulando o deslocamento. Até chegar a tarifa que ao mesmo tempo era suportável (menos custosa) para o usuário, e também a prefeitura (menor subsídio), os horários foram monitorados para averiguar como os pontos de ônibus se comportavam no acúmulo de passageiros.
    Então é isto: quer mais gente dentro do ônibus? Diminua o valor da tarifa.
    Desestimular uso de carro particular é medida paliativa. Isso afeta outros setores da economia q geram empregos, renda e tributos, como mercado de carros, abastecimento, estacionamento, etc, etc, etc.

    1. transporte90 disse:

      Excelente comentário.
      É preciso mesmo um escalonamento, caso contrário, as superlotações pode vir a acontecer, e por conseguinte, AGLOMERAÇÕES, o que não se deseja né?

  2. ELI GOMES disse:

    Tiraram a gratuidade dos idosos pra pagar o aumento SALARIAL dessess vagabundos.
    De uma coisa é certa ninguém dá nada de graça pra ninguém SEJA LÁ o que FOR PODE esperar pra VER que os passageiros retornando para o transporte público que a paulada VÊM…se tiveram a CORAGEM de mexer com os IDOSOS tirando a gratuidade deles.
    Imagina quando passar a pandemia. O Que eles vão fazer com OS passageiros.

  3. Guido Rahme Stacchini disse:

    Tomem vergonha na cara, e devolvam a gratuidade aos IDOSOS acima de 60 anos, poisbpravtido somos IDOSOS mas pra pagar passagem não.

  4. techniqueinfo disse:

    Não acredito em melhoria do sistema de transporte em São Paulo e muitas outras capitais desse país. Moro em São Paulo já faz 63 anos, e comparo esse sistema aqui com um paciente de câncer. Os trabalhadores São mal preparados, mal pagos e os usuários não são valorizados e nem respeitados. É transportados em situação como se foucemos animais. É simples melhorar o sistema: É só tratar os usuários como seres humanos!!!

  5. Renato Moreira dos Santos disse:

    De vez eles tentar resgatar passageiros deveriam e aumentar as frotas de ônibus no município de sp nas linhas de ônibus que é uma vergonha

  6. Antonio Manuel Silva Reis filho disse:

    Houve recentemente audiência pública com discussão pelo retorno da gratuidade do bilhete do idoso. Alguém sabe informar a quantas andam? Fazendo muita falta, assim como também o metrô! ( DIREITO ADQUIRIDO)….

  7. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Não bastasse que na última licitação, o prazo para implantação da nova configuração das linhas era (ou já era) de 3 (três) anos.

    Agora me aparecem com a “muleta” da pandemia do COVID-19.

    O problema do buzão de Sampa é um só e eu já comentei aqui diversas vezes.

    “SIMPLESMENTE O BUZÃO DE SAMPA NÃO FUNCIONA”

    Perguntem para o CEO da Transmilenium se tem congestionamento de buzão como tem no corredor Rebouças.

    Por exemplo temos os taxis, que ficavam (alguns ainda ficam) chocando nos pontos e vieram os aplicativos e tiraram os taxistas da zona de conforto ou mudaram de atividade.

    A fiscalizadora só precisa aplicar um conceito simples da matemática:

    “A MENOR DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS É UMA RETA”

    *** Tem uma linha da Transpass que ela anda para trás, sem contar a turística 407-P ou 477-P (nunca lembro).

    Parem de elucubração mental e façam o buzão de Sampa funcionar só isso.

    E chega de buzão de vila nos corredores nos coresdores só articuladinhos trucadinhos.

    Lembrando que muitos ex passageiros do buzão, seja pelo motivo A ou B, já deu um “DEL” no buzão de Sampa trocando-o por outra forma/meio de locomoção.

    A fiscalizadora está presa no modus operandi da CMTC até hoje; o famoso 20/20.

    Ahhhhhhhhhhhhh sem falar no carro bota entre a 8705 e 8019.

    Att,

    Paulo Gil
    “Buzão e Emoção é a Paixão”

    .

  8. Marcos Borges disse:

    O. transporte público daqui melhorar?,ESQUEÇAM!,Esses políticos, sindicatos…enfim….Eles NÃO ANDAM.DE ÔNIBUS!ELES NEM A AREA INTERNA DE UM ÔNIBUS ELES CONHECEM!Então que se lasquei o POVO!,Agora quem puder,vai evitar de todo jeito não andar de ônibus…Vai continuar evitando…e o trânsito complicando…Não tem jeito essa situação….

  9. Carlos disse:

    Eu não sei onde está embutido esse percentual de 50% da falta de passageiros, sendo que, mesmo na pandemia, os ônibus só andam lotados?
    Mas, se sentem falta de passageiros, é só colocar mais ônibus para que o povo se sinta com segurança em relação a tudo isdo que está acontecendo, e aí tenho certeza que muitos vão deixar de andar a pé ou deixar outros meios alternativos de locomoção.

  10. Adriana Nazareth Affonso disse:

    Não faz sentido reduzir a frota só porque tem Menas pessoas usando o transporte,vai ficar cheio do mesmo jeito,e ainda falam para não fazer aglomeração. Muita falta de respeito com o cidadão. Que vive pagando por tudo.

  11. Sebastião Ferraz disse:

    Blá blá blá blá no início do comentário fraco do Sebastião
    Vamos ao cerne da mensagem agora ..

    O cerne da questão transporte público é que os carros substituíram os ônibus, tem muitos carros nas ruas e os poucos ônibus que circulam estão sucateados, a principal causa desse caus (CAOS, a grafia correta) social são os aplicativos de transporte (Uber, 99) , enquanto esses governantes covardes não encararem esse sistema escravatista, onde quem mais ganham são as empresas estrangeiras, descapitalizando o país de origem esse sistema de “uberizacao” vai destruindo os pequenos empresários e gerando o caus social, com a deculpa (desculpa) que estão gerando empregos, .estão acabando os mesmos, enfim, vamos acordar gados brasileiros.

  12. Jorge Henrique Balsalobre disse:

    Poderiam começar pela devolução da gratuidade usurpada para idosos entre 60 a 64 anos.
    Seria uma medida justa e cortes, mostrando uma certa atitude politicamente correta, depois da desastrosa e prejudicial imposição.

  13. José roberto disse:

    Sem palavra o que este prefeito junto com o governador
    Fizeram com os idosos de 60 a 64 anos pagaram passagem a vida inteira e agora na velhice ainda continua pagando
    Tem muitos idosos que ainda precisa trabalhar porque
    Ainda não conseguiram se aposentar
    Sem palavras!!

  14. José medeiros disse:

    PODE FAZER O QUE QUISER, NÃO VAI MUDAR NADA. A PREFEITURA JÁ PERDEU PROS CARROS DE APLICATIVOS, LOGO LOGO A UBER ASSUME A PREFEITURA. NÃO TEM REGRA NENHUMA, TRABALHAM SEM RECOLHER OS DEVIDOS IMPOSTOS, NINGUÉM INCOMODA OS APPS EM NADA. PODE AFROUXAR MAIS PRA UBER, LÁ NA FRENTE, VOCÊS VÃO VER COM QUANTOS PAUS SE FAZ UMA CANOA!!!!

  15. Alfredo disse:

    Trabalho no sistema há mais de 25 anos, tem que tirar os carros dos corredores e faixas exclusivas, aumentar a velocidade para 60km/h, melhorar o pessimo salário dos operadores, retornar diversas linhas que foram reduzidas ou extintas por burrocratas que não usam ônibus, ter um grupo composto de policiais para dar segurança e evitar vandalismo, acabar com as caronas e regularizar pra valer aplicativos, com essas medidas, o transporte melhora

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