Metrô de São Paulo pode entrar em greve nas primeiras semanas de janeiro, diz Sindicato
Publicado em: 17 de dezembro de 2020
De acordo com entidade, há déficit de funcionários, violação a direitos trabalhistas e terceirização preocupa. “Privatização” de bilheterias será concluída entre março e abril de 2021, estima representação sindical. Metroviários querem prioridade na vacinação contra a Covid-19
ADAMO BAZANI/WILLIAN MOREIRA
O Metrô de São Paulo pode registrar uma greve nas primeiras semanas de 2021.
A informação é do Sindicato dos Metroviários na manhã desta quinta-feira, 17 de dezembro de 2021, da qual do Diário do Transporte participou.
De acordo com entidade, há déficit de funcionários, tem ocorrido violação de direitos trabalhistas e terceirização das bilheterias preocupa.
O sindicato estima que a “privatização” de bilheterias será concluída entre março e abril de 2021.
Os sindicalistas disseram que teve início nesta quinta (17) um “estado de greve”, no qual os trabalhadores não param, mas realizam uma série de ações de protesto.
A decisão ocorreu em assembleia virtual nesta quarta (16).
A entrevista coletiva foi realizada pelos diretores do sindicato Wagner Fajardo, Altino dos Prazeres e Camila Lisboa.
DÉFICIT DE TRABALHADORES:
Segundo os representantes sindicais, nos anos 1990, com menos linhas, o Metrô tinha 10 mil funcionários para transportar dois milhões de usuários por dia. Atualmente são 8.213 funcionários, com as linhas públicas estão maiores e o total de usuários é de quase cinco milhões de passageiros por dia (sem contar a queda de demanda por causa da pandemia).
Em 2019, 844 pessoas foram desligadas e, em 2020, este número deve chegar a 220, sendo 120 funcionários desligados por PDV (Programa de Demissões Voluntárias) e 100 funcionários com aposentadoria especial.
O Sindicato dos Metroviários estima que ao menos seriam necessários em torno de 10 mil funcionários pelo menos.
VACINAÇÃO:
O Sindicato dos Metroviários quer garantias que os trabalhadores estejam em prioridade na vacinação contra a Covid-19, devido ao nível de exposição dos funcionários da rede.
De acordo com Wagner Fajardo, o Plano de Imunização do Governo Federal pode não ser cumprido e a priorização dos trabalhadores em transportes atende à CNT (Confederação Nacional do Transporte), que representa as empresas de ônibus.
Assim, não há garantias de que metroviários sejam imunizados.
O sindicalista diz que o Metrô não disponibiliza o total oficial de funcionários infectados.
Um levantamento do Sindicato dos Metroviários aponta 394 casos de Covid-19 desde o início da pandemia entre os trabalhadores das linhas públicas (Metrô 1,2 e 3 e monotrilho da 15), dos quais, 223 casos confirmados, 82 suspeitos com sintomas, 89 afastados por terem contato com outra pessoa contaminada e oito óbitos (considerando os funcionários que não estavam trabalhando também). Os números não levam em conta os trabalhadores terceirzados.
Já nas linhas 4 e 5, segundo os sindicato, são 280 casos suspeitos 280 e 86 confirmados, num total de 366 trabalhadores.
No caso dos terceirizados com subnotificação, são 14 casos confirmados e 12 suspeitos
DEMISSÕES E BILHETERIAS:
O Sindicato dos Metroviários também elencou alguns outros pontos que motivaram a decisão pelo “estado de greve” relacionados à terceirização das bilheterias, demissões e avaliações de desempenho que, segundo a entidade, estariam distorcidas.
De acordo com a entidade, até março ou abril de 2021 todas as bilheterias estarão terceirizadas:
– Intensificação da terceirização das bilheterias, o que para nós é criminosa, porque precariza as condições de trabalho de forma brutal, porque os trabalhadores terceirizados não contam com uma série de benefícios e têm salários baixos. Essa terceirização é mais cara para o Metrô que se passagem salários
– Metrô de forma ilegal e imoral desligou sem direito a nada, mais de 100 trabalhadores da manutenção e operação, técnicos especializados com mais de 30 anos de Metrô. Foi feito desligamento sem verbas rescisórias. O Metrô suspendeu o contrato de trabalho destes trabalhadores em outubro.
– Demissões com base em avaliações de desempenho que não são claras e não levam em consideração a realidade da pandemia. Muitos trabalhadores foram afastados por causa da pandemia e acumulou serviço para os que estavam em campo.
O Diário do Transporte pediu um posicionamento do Metrô que informou que no momento não vai se manifestar.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes e Willian Moreira em colaboração especial para o Diário do Transporte
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