Priorização do transporte coletivo em Porto Alegre soma 22 quilômetros em 16 novos trechos de faixas exclusivas nos últimos 12 meses
Publicado em: 5 de novembro de 2020
Prefeitura estima que programa que já alcança 35,75 km beneficia diariamente 450 mil usuários em 154 linhas urbanas da capital
ALEXANDRE PELEGI
A Capital Porto Alegre, apenas nos últimos 12 meses, iniciou a implantação de 22 quilômetros em 16 novos trechos de faixas exclusivas para o transporte público e táxi nos horários de pico, entre 6h e 9h e das 16h às 20h, de segunda a sexta-feira.
De acordo com o secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Tortoriello, a ideia é tornar o transporte público atrativo, para estimular sua preferência em relação ao automóvel, e assim reduzir congestionamentos. “Esta é a forma mais sustentável e eficiente de gestão da mobilidade urbana, cada vez mais reforçada nas grandes cidades do mundo nesta retomada para a nova normalidade. A priorização do transporte coletivo e da mobilidade ativa, dentro do conceito de cidades inteligentes e do equilíbrio do espaço para todos os modais, é necessária para dar continuidade ao retorno da circulação”, explica ele.
As faixas, demarcadas por uma linha azul contínua, estão disponíveis para os demais veículos fora da hora do rush.
Os equipamentos fazem parte do Programa de Priorização do Transporte Coletivo, pensado para qualificar o sistema de transporte, reduzir os tempos de viagem, dar mais eficiência ao serviço, para reduzir custos.
Pelas estimativas da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), órgão gestor do trânsito em Porto Alegre, com base em dados colhidos antes da pandemia de coronavírus, foram beneficiados diariamente 450 mil usuários em 154 linhas urbanas da capital.
Com o momento de restrição provocado pela pandemia, a necessidade de se repensar os deslocamentos nas cidades em todo o mundo passou a ser uma preocupação das administrações municipais. Porto Alegre não foi diferente.
A diminuição gradual no volume de passageiros transportados por ônibus, que já preocupava o setor e os órgãos gestores, se agravou a ponto de exigir da administração pública a tomada de decisões para garantir o funcionamento do sistema transporte público, direito social garantido pela Constituição Federal.
No Sul do Brasil, foram tomadas medidas que, infelizmente, apesar de necessárias e imperiosas, ainda são consideradas ousadas por muitas cidades.
Entre os obstáculos que a Prefeitura de Porto Alegre precisa vencer, segundo Rodrigo Tortoriello, está a criação de novas fontes de financiamento para o transporte coletivo. Isso, ele explica, demanda uma mudança de cultura para conscientizar a população e os legisladores no sentido de demonstrar a importância de priorizar o coletivo sobre o individual.
Este “sinal de civilidade e progresso”, lembra Tortoriello, ocorre em todas as cidades desenvolvidas do mundo. Por que não em cidades brasileiras?
“A implantação de Faixas Exclusivas de ônibus é uma das políticas públicas mais eficientes. Com baixo investimento e baixo custo de manutenção, a medida proporciona a quem usa o transporte público mais rapidez e especialmente mais confiabilidade, pois o ônibus se isola dos engarrafamentos e das interferências do trânsito. Com isso, mais pessoas são beneficiadas e o transporte público fica mais atrativo”, destaca Sérgio Avelleda, secretário Municipal de Mobilidade e Transporte da capital paulista em 2017 e 2018, e hoje diretor mundial de Mobilidade Urbana do WRI – World Resources Institute for Sustainable Cities.
RUAS COMPLETAS
Repensar o uso dos espaços públicos, com ações coletivas capazes de transformar as cidades para melhor, é uma preocupação constante para proporcionar estruturas que favoreçam um transporte saudável, com soluções rápidas, baratas e altamente eficientes.
O conceito de Ruas Completas está inoculado nos projetos implantados em Porto Alegre. O objetivo é buscar soluções de desenho urbano que oferecem uma experiência mais segura e democrática para todos.
Tortoriello ressalta que através do redesenho da sinalização horizontal, com demarcação de ilhas por meio de urbanismo tático e redução da distância na transposição das vias, e a implantação de ciclovias, é possível priorizar os usuários da mobilidade ativa ao valorizar a segurança e reduzir a acidentalidade nos trechos.
“A redivisão das faixas de rodagem, sem redução de capacidade de veículos, também contribui para tornar mais eficiente o uso do espaço urbano. Desde a implantação da nova sinalização da rua João Alfredo, em 2019, no tradicional bairro boêmio da Cidade Baixa, a Prefeitura gaúcha implantou 13.550 metros de projetos com o conceito que prioriza a segurança de pedestres e motoristas, a mobilidade a ativa e que proporciona uma nova maneira de utilizar os espaços públicos”, afirma o secretário.
NOVAS FAIXAS
Neste mês de outubro, a EPTC, cuja missão é gerir e qualificar a mobilidade urbana, implantou mais um trecho de 750 metros de faixas exclusivas, em local de intenso comércio e circulação de pedestres, o bairro Azenha. Relembre: Porto Alegre amplia programa de faixas exclusivas para o transporte público
Além disso, a Empresa já iniciou a sinalização do próximo trecho, com 2.400 metros, nos bairros Auxiliadora e Moinhos de Vento, que contempla uma ciclovia de 1.400 m.
“A estrutura para a mobilidade ativa, que passa pelo Parcão, tradicional área de lazer dos gaúchos, faz a ligação com a malha cicloviária já implantada e dá acesso às universidades e à orla do rio Guaíba. Somente em 2020, os 16.950 metros de faixas exclusivas inaugurados representam 108% do total implantado desde 1977 até 2016 (15.700 m), antes do início da atual gestão”, informa a EPTC em comunicado enviado ao Diário do Transporte.
A Empresa destaca que não são só os clientes do sistema público de transporte os favorecidos com este modelo de gestão da mobilidade. O motorista José Roberto Guilherme, que há 12 anos atua na linha 397 Bonsucesso, zona leste da Capital, apoia a iniciativa. Ao ser perguntado sobre o uso das faixas exclusivas, ele respondeu, segundo a EPTC: “Melhorou muito, foi a melhor coisa. A gente tem mais espaço para andar, diminui o fluxo de veículos, o estresse da gente e dá uma boa diferença no tempo de viagem. Principalmente na descida da Lomba do Pinheiro, divisa com o município de Viamão, onde tem uma faixa exclusiva. Ali a gente perdia uma média de 15 a 20 minutos. Hoje a gente desce tranquilo, melhorou muito”, conclui Guilherme.
AVALIAÇÃO DAS FAIXAS: MENOS TEMPO DE VIAGENS É UM DOS BENEFÍCIOS
A implantação da faixa exclusiva de ônibus em Porto Alegre possibilitou ganho no tempo de viagem em 20%, em média, para os coletivos, estima a EPTC.
“Embora o impacto para o trânsito em geral represente uma velocidade menor em 15 % nas aproximações dos cruzamentos, estas iniciativas vão ao encontro a um desejável reequilíbrio do sistema de circulação, necessário para uma cidade melhor. Além de minimizar não apenas a gravidade dos acidentes de trânsito, mas também reduzir o número de mortes, pode ser capaz de trazer inúmeros outros benefícios para a sociedade, como redução de ruídos, aumento de utilização de espaços públicos, aumento de circulação em comércios, entre outros. Tal iniciativa representa estar na vanguarda das cidades que visam a preservação da vida, bem como a democratização do uso do espaço público”, destaca Tortoriello.
Concluindo, a EPTC informa que as novas faixas azuis vão ampliar para 35.750 metros, de uso exclusivo do transporte público nos horários de pico, que, junto aos 56,3 quilômetros de corredores de ônibus, contribuem para a regularidade das operações e mais agilidade nas viagens de ônibus para os gaúchos.
A medida integra as ações do MobiliPOA, o programa de mobilidade que organiza e disciplina os diferentes modais de transporte e circulação da cidade.
Histórico de Faixas Exclusivas em Porto Alegre (em metros)
1977
800 = Av. Cristóvão Colombo
1980
600 = Av. Júlio de Castilhos
1200 = Av. Independência
400 = Av. Voluntários
2013
4500 = Av. Cavalhada, Nonoai
750 = Av. Brasil
*2015*
1100 = Bento Gonçalves
2016
4200 = Av. Assis Brasil
2100 = Av. Icaraí
2019
900 = Av. Ipiranga
200 = Rodoviária (Rua da Conceição)
1150 = Independência
500 = Mostardeiro
400 = Goethe
2020
500 = rua Eng. Luiz Englert e av. Paulo Gama
800 = Túnel Conceição C/B
2200 = av. Loureiro da Silva
700 = av. João Goulart
700 = av. Mauá
4500 = Ipiranga B/C II (Ant. Carvalho até B. do Amazonas)
3000 = Ipiranga B/C III (B. do Amazonas até João Pessoa)
1000 = rua Siqueira Campos
400 = rua Silva Só
750 = av. Azenha
2400 = Plínio/24 de Outubro (em implantação)
Total: 35.750 metros (35,75 km)
Fonte EPTC
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Aqui na cidade de São Paulo os corredores de ônibus estão perdendo a finalidade, os políticos corporativos para ganharem votos querem enfiar tudo nos corredores, motos, carros de aplicativos, taxistas, carros particulares ,e o povo que necessita da rapidez nos corredores ficam para terceiro plano, e pior, aceitam com a maior naturalidade.