Grupo Transbrasiliana nega boato de falência

Ônibus da Transbrasiliana. Foto: João Victor

Em nota à imprensa, gestores judiciais afirmam que Plano de Recuperação permanece, e que representantes dos trabalhadores rejeitaram proposta de pagamento

ALEXANDRE PELEGI

Em nota divulgada nesta semana o Grupo TTT, da Transbrasiliana, um dos maiores do setor de transportes de passageiros da região Centro-Oeste do País, esclarece os fatos relativos à Assembleia realizada na sexta-feira, 24 de julho de 2020, a respeito da atual situação das empresas.

O Grupo contempla as empresas Transbrasiliana Transportes e Turismo, Rápido Marajó Ltda., Transbrasiliana Especiais e Fretamento Ltda.,Transbrasiliana Hotéis Ltda., Transportes Coletivos de Anápolis, Nasson Tur-Turismo Ltda.,Transbrasiliana Encomendas e Cargas Ltda.

Segundo a nota, assinada pelos responsáveis pela gestão judicial do Grupo – Marino Tolentino Filho e Romualdo José Crusco –, não foi decretada a falência das empresas, ao contrário do que foi espalhado por boatos após a reunião.

Ambos são consultores indicados pela Justiça e aprovados em assembleia de credores.

Segundo a nota, o que houve foi a recusa por parte dos representantes da classe trabalhista de uma proposta de alteração do Plano – Quinto Aditivo. Essa alteração, ainda segundo a nota, envolvia a possibilidade de fazer a finalização dos pagamentos aos trabalhadores, “uma vez que existe a proposta de compra da Garagem da Avenida Perimetral, em Goiânia, no processo de Recuperação Judicial”.

A proposta pode ser exercida até o dia 1º de setembro de 2020 pelo interessado na aquisição do imóvel.

Com a recusa, os gestores afirmam que não se alterou o estágio em que se encontra a Recuperação do Grupo.

“Continua existindo um Plano de Recuperação Judicial aprovado pelos credores e homologado pela Justiça do Estado de Goiás e que se encontrava suspenso” em virtude da pandemia de Coronavírus, continua a nota.

Os responsáveis pela gestão judicial do Grupo afirmam que a falência “parece ser a vontade dos representantes dos trabalhadores”, que rejeitaram o pagamento proposto no aditivo, estimado em R$ 73 milhões até o dia 1 de setembro.

Finalizando a nota, os gestores judiciais informam que aceitaram duas propostas feitas pelos advogados, mas se negaram a acatar uma restrição imposta por eles, que queriam que os credores não pagassem parcelas de INSS e FGTS, em valores de R$ 9 milhões devidas aos funcionários da ativa até setembro próximo, caso outros imóveis, além do da Avenida Perimetral Norte, fossem vendidos.


Leia a nota na íntegra:


HISTÓRICO

Como mostrou o Diário do Transporte, em assembleia no dia 26 de fevereiro de 2019, os credores do Grupo TTT da Transbrasiliana aprovaram o plano de recuperação judicial das empresas.

De acordo com o Grupo Capital, responsável pela condução da administração judicial, foi criado um comitê de credores na mesma assembleia. Com a apreciação pelo juízo, e com a homologação do plano, a administradora judicial iniciou nova etapa na fiscalização das atividades das empresas.

As dívidas do grupo somam mais de R$ 200 milhões (R$ 208.848.078,97) entre:

  • Credores Quirográficos (credor que não tem nenhuma garantia para o seu crédito, tais como hipoteca, alienação fiduciária. O seu crédito está apenas representado por um título de crédito): R$ 107,9 milhões (R$ 107.906.655,38)
  • Dívida trabalhista: R$ 85,3 milhões (R$ 85.316.673,72)
  • Garantia real (que vincula determinado bem do devedor ao pagamento da dívida): R$ 10 milhões
  • Micro-empresa: R$ 5,6 milhões (R$ 5.624.749,87)

Em novembro do ano passado, como mostrou o Diário do Transporte, os credores recomendaram na primeira fase da assembleia que analisou o plano de recuperação judicial que imóveis pertencentes aos empreendimentos sejam vendidos para capitalizar o grupo.

Além de pagar parte dos débitos, o dinheiro obtido pela venda de imóveis pode contribuir para a criação de investimentos nas empresas afim de que possam arrecadar mais.

Na ocasião, foi aprovado o adiantamento de 10% dos créditos trabalhistas.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2018/11/19/assembleia-de-recuperacao-da-transbrasiliana-recomenda-venda-de-imoveis-e-a-antecipacao-do-pagamento-de-10-dos-creditos-trabalhistas/

O grupo contempla as empresas Transbrasiliana Transportes e Turismo, Rápido Marajó Ltda., Transbrasiliana Especiais e Fretamento Ltda.,Transbrasiliana Hotéis Ltda., Transportes Coletivos de Anápolis, Nasson Tur-Turismo Ltda.,Transbrasiliana Encomendas e Cargas Ltda.

Segundo o Grupo Capital, que conduz a administração judicial, foi necessária a apresentação de um novo plano de recuperação em setembro de 2018, após as readequações na gestão do grupo de empresas de transportes e turismo.

Isso porque, ainda de acordo com a Capital, a venda das empresas do grupo Transbrasiliana para os atuais sócios da Viação Itapemirim e a posterior descoberta de indícios de fraudes pelos compradores mudaram a trajetória de todo o plano inicial.

Em dezembro de 2017, o juiz Aureliano Albuquerque Amorim, da 4ª Vara Cível de Goiânia, afastou do controle do Grupo TTT os atuais donos da Viação Itapemirim, Camila de Souza Valdívia e Sidnei Piva de Jesus e o empresário do setor de cargas, Milton Rodrigues Júnior, que atua com ambos.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2018/11/08/credores-do-grupo-transbrasiliana-votam-plano-de-recuperacao-judicial/

OUTRO LADO:

Em nota enviada ao Diário do Transporte na ocasião da primeira fase da assembleia, em novembro de 2019, a Itapemirim informou que não comprara a Transbrasiliana ou teve sociedade com a empresa. A companhia ainda negou que tenha havido irregularidades na recuperação da Transbrasiliana por alegar que não fez parte da administração da empresa.

“Primeiramente, a informação de que a empresa Transbrasiliana foi adquirida pela Itapemirim está totalmente equivocada.

A empresa Itapemirim jamais foi sócia ou acionista da empresa Transbrasiliana – de nenhuma forma.

São empresas diversas que apenas atuam no mesmo segmento (transporte).

Assim, a ITAPEMIRIM não reconhece qualquer irregularidade, já que jamais fez parte da gestão da empresa Transbrasiliana, não sendo possível apresentar informações sobre aquele processo (Recuperação Judicial da Transbrasiliana).”

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Milton Rodrigues Júnior disse:

    em 15/02/2020, o Grupo Transbrasiliana encerrou suas atividades no transporte urbano na cidade de Marabá, demitindo todos os funcionários sendo quase 300 funcionários das empresas Nasson e TCA, eles estavam com 5 meses de salários e vale alimentação atrasados e não pagaram nenhum centavo das rescisões trabalhistas. o caso pode ser verificado na ação 277-11.2020.5.08.0117 que tramita na 2º vara do trabalho de Marabá. Vale lembrar que o plano de recuperação judicial previa o pagamento total dos créditos trabalhistas antes da pandemia.Não foi pago INSS em FGTS durante toda intervenção.

  2. JHONATHAN disse:

    É para rir ou para chorar 😁 ?

  3. Rodrigo disse:

    Devia logo ser decretada a falencia

  4. Jakson Rogerio disse:

    Desde de 2015 aguardo o pagamento de rescisao trabalhistas,como encarregado durante 05 anos.

  5. Milton Rodrigues Júnior disse:

    muito dificil a situação, Os interventores estão vendendo todos imoveis por fora, e não fazem a prestação de contas, pegam comissões, gastam o dinheiro e não pgam as ações trabalhistas e pior, todo mundo que eles estao demitidno não pagam ninguem. O juiza eu entrou no lugar do Dr Aureliano prou todos os pagamentos até janeiro e as retiradas continuaram sendo feita e o dinheiro indo pro ralo. Vamos ver agora que o Ministerio Publico foi para detnro do processo se eles não amarelam, porque falcatruas é o que não se faltam neste processo.

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