Com investimento de R$ 1,2 milhão, réplica do Big Ben é restaurada em Paranapiacaba

Não será permitida a entrada de visitantes na torre, mesmo após a entrega do restauro. Foto: Divulgação / PSA.

Obra foi realizada por meio de TAC entre o Ministério Público Federal, a Prefeitura de Santo André e a MRS, empresa que administra a ferrovia da vila histórica

JESSICA MARQUES

A famosa réplica do Big Ben de Londres, construída em 1898 na vila histórica de Paranapiacaba, em Santo André, no ABC Paulista, passou por restauro. O investimento foi de R$ 1,2 milhão.

No dia 20 de julho de 2019, um sábado, primeiro dia do Festival de Inverno, será realizada a inauguração da Torre do Relógio, quando as luzes serão acesas. A cerimônia será às 18h.

A obra foi realizada por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre o Ministério Público Federal, a Prefeitura de Santo André e a MRS, empresa que administra a ferrovia de Paranapiacaba.

O TAC, firmado em julho de 2018, também envolve ações na cabine de sinais e a cabine de comando da ferrovia.

“Após o restauro o relógio e a torre foram completamente recuperados, voltando a funcionar como antigamente. Além disso, a torre recebeu uma iluminação monumental, que conferiu à construção um tratamento de monumento histórico. Além de realçar a beleza do relógio, servirá para orientar a população durante as noites. Tanto o projeto da obra quanto o projeto de iluminação monumental foram aprovados pelos órgãos de preservação histórica”, informou a Prefeitura, em nota.

O relógio está parado há mais de 10 anos e a última ação para conservação foi realizada em 2003, segundo informações da administração municipal. Esta é a primeira vez em que é feito um processo de restauro.

Após começar a funcionar, os moradores da vila histórica vão ouvir o sino atrelado ao mecanismo interno, que emite sinais sonoros de hora em hora, como as famosas badaladas do Big Ben original, de Londres.

Apesar de o relógio voltar a mostrar a hora certa e estar iluminado, não será permitida a entrada de visitantes na torre, mesmo após a entrega do restauro.

“A torre do relógio está localizada dentro da área operacional da MRS e, por uma questão de segurança, os visitantes não terão acesso a ela, devendo observá-la a distância”, explicou a Prefeitura, em nota.

RESTAURO NA VILA HISTÓRICA

Além da réplica do Big Ben, o Museu Castelo também passou por reforma, assim como a Garagem das Locomotivas, a Oficina das Locomotivas, a Igreja Senhor Bom Jesus de Paranapiacaba e a Casa da Família Ferroviária (Casa Fox).

Nestes casos, o restauro foi feito pela Prefeitura de Santo André. No Museu Castelo, a intervenção foi executada por meio de um contrato de manutenção da Secretaria de Meio Ambiente e contou com um investimento de R$ 111.885,42.

Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2019/04/07/antiga-casa-de-engenheiro-chefe-da-ferrovia-museu-castelo-e-reaberto-apos-reforma-em-paranapiacaba/

OBRAS EM PARANAPIACABA

Em 2019, as obras de restauro da Vila de Paranapiacaba foram retomadas. O município assegurou junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional) o repasse da verba federal do PAC Cidades Históricas, que possibilitará a restauração de 242 imóveis da Vila Martin Smith, além do Cine Lyra, de um imóvel incendiado na região do Hospital Velho e do campo de futebol do Clube União Lyra Serrano, que teria sido o primeiro do país.

O PAC Cidades Históricas foi aprovado em 2013, prevendo intervenções da ordem de R$ 42 milhões, contudo, as intervenções foram interrompidas para análise. O investimento previsto para as intervenções de restauro que estão sendo realizadas neste ano é de R$ 26 milhões.

Em 2017, foram entregues a adequação da fachada da biblioteca (antiga Casa do Engenheiro), o restauro do antigo almoxarifado da SPR (São Paulo Railway Company), os galpões das oficinas de manutenção e a garagem das locomotivas, que hoje é onde acontece a chegada do Expresso Turístico em Paranapiacaba.

“As demais obras não tinham começado ainda porque a Prefeitura identificou a necessidade de analisar de forma detalhada os gastos previstos, garantido assim a sustentabilidade financeira do convênio, sempre visando a utilização responsável dos recursos públicos”, justificou a Prefeitura, em nota.

O campo de futebol do Clube União Lyra Serrano tem previsão de investimentos de aproximadamente R$ 2,2 milhões. Segundo a Prefeitura, dentre as obras, o maior e mais complexo contrato é referente ao restauro de 242 imóveis, devido às diversas especificidades das casas, como, por exemplo, tipologias diferentes.

Por sua vez, a sede da Associação Recreativa Lyra da Serra (Cine Lyra), que fica na entrada da parte baixa da Vila, receberá investimento de R$ 1 milhão e a reconstrução de imóvel incendiado na região do Hospital Velho receberá investimentos de R$ 451 mil. A previsão é de que todas as licitações estejam em andamento ainda no primeiro semestre deste ano.

FESTIVAL DE INVERNO

Mais de 100 atrações culturais farão parte do 19º Festival de Inverno de Paranapiacaba (FIP), que acontecerá nos dois últimos finais de semana de julho, dias 20, 21, 27 e 28. Shows, exposições e intervenções culturais vão acontecer em dez pontos diferentes da vila inglesa, segundo a Prefeitura de Santo André.

“O Banco de Alimentos irá arrecadar 1 kg de alimento não perecível ou itens de higiene. Durante o festival também será entregue a Casa Escola Solidária, que funcionará no Antigo Galpão de eletroeletrônica. No local serão realizadas série de atividades desenvolvidas pelo Fundo Social de Solidariedade, em parceria com secretarias da Prefeitura, como a de Cidadania e Assistência Social e de Meio Ambiente.”

Confira as atrações e a estrutura do evento, conforme divulgado pela Prefeitura:

O Clube União Lyra-Serrano, como nas edições anteriores, receberá as atrações do Sesc, um dos parceiros da Prefeitura durante o evento. Além das atrações musicais, o local abrigará oficinas, aulas abertas e intervenções. O endereço é avenida Antonio Olyntho, s/n.

Outros importantes espaços serão o Antigo Mercado, na avenida Rodrigues Alves, s/n, a Biblioteca Ábia Ferreira Francisco, na avenida Rodrigues Alves, 472 e a Emeief Paranapiacaba, na rua Vereador João Dias Carrasqueira, s/n.

A programação terá atividades ainda na Casa Lúdica, que funcionará na avenida Campos Salles, 458; no Espaço para os Artistas de Rua, na rua da Estação, s/n, na Escola Estadual Senador Lacerda Franco, na avenida Forde, s/n, no Espaço Locobreque, na entrada da parte baixa e na Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba, na parte alta. Haverá ainda palcos na avenida Fox e na rua Direita.

Assim como nas edições anteriores, a Vila terá uma estrutura especial montada para receber o público nos quatro dias do festival. Na hora de comer, o público contará com praças de alimentação, que funcionarão no Antigo Mercado, na Casa Fox e no Galpão das Oficinas. Estes dois últimos contarão com espaço destinado às crianças. Os visitantes terão à disposição também os empreendimentos da vila, que contam com restaurantes, bares e cafés, entre outros.

A estrutura para o festival contará ainda com banheiros públicos nos principais pontos, como o Clube ULS, a Casa Fox, Museu Castelo, Centro de Informações Turísticas e Centro de Visitantes do Parque Nascentes.

No total são 22 masculinos, 22 femininos, quatro para portadores de necessidades especiais, além de cinco fraldários. O serviço será ampliado com a instalação de 80 banheiros químicos, sendo 30 masculinos, 30 femininos e 20 com acessibilidade em diversos locais. No quesito segurança, haverá Guardas Civis Municipais, além de seguranças particulares e agentes da Polícia Civil e Polícia Militar

Haverá também três pontos para fotos com molduras temáticas, seis pontos para informações, 30 novos bancos instalados em diversos locais para que o público possa descansar entre as atrações e serviço de Wi-Fi gratuito.

Outras novidades deste ano são a instalação de um posto do Samu para o atendimento de emergências, que ficará localizado no estacionamento, um posto de apoio para pessoas com deficiência ao lado do PA (Pronto Atendimento) de Paranapiacaba, além de seis tendas de suporte ao turista espalhadas pela Vila.

COMO CHEGAR

Durante o Festival de Inverno, a entrada de veículos não será autorizada na Parte Baixa. Por isso, quem for ao festival terá de deixar o veículo no estacionamento que funcionará na rodovia SP-122. No local estará disponível um serviço de ônibus de ida até a Parte Alta e o retorno ao estacionamento.

O valor do serviço será o mesmo cobrado no ano passado: R$ 30 para motos, R$ 45 para veículos, R$ 70 para vans e R$ 150 para ônibus.

O valor inclui o estacionamento, com seguro para o veículo e o serviço de ida até a vila e a volta ao estacionamento, também com seguro para os usuários. Quatro vans farão o translado exclusivamente para pessoas com deficiência, segundo a Prefeitura.

Duas linhas intermunicipais gerenciadas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) atendem a região. Uma delas é a 040, que parte do Terminal Prefeito Saladino, em Santo André e custa R$ 6,75.

A outra linha intermunicipal é a 424, que liga Rio Grande da Serra a Paranapiacaba e tem tarifa de R$ 4,40. O ônibus sai de um ponto próximo à estação Rio Grande da Serra, da linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e chega à vila inglesa em cerca de 25 minutos. O intervalo entre as linhas varia de 30 minutos a 1 hora, segundo a EMTU.

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) anunciou em março a ampliação de viagens do Expresso Turístico com destino a Paranapiacaba. O trem também é uma opção para chegar à vila.

Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2019/03/07/cptm-anuncia-ampliacao-de-viagens-do-expresso-turistico-com-destino-a-paranapiacaba/

HISTÓRIA DA VILA

Lugar de onde se avista o mar: Este é o significado da palavra Paranapiacaba, em tupi-guarani. A vila foi criada pelos ingleses entre 1865 e 1867 para moradia dos ferroviários da linha Santos – Jundiaí, uma das ligações ferroviárias pioneiras do Brasil.

Pertencente a Santo André, no ABC Paulista, a vila é cercada por belezas naturais, sendo possível do “planalto” ver mesmo o mar no litoral sul, desde que a característica neblina da Serra do Mar não baixe e deixe o clima com um ar tipicamente londrino.

A vila também é marcada por diversas histórias que envolvem de grandes empreendedores a ferroviários.

Leia a história de Romão Justo Filho: https://diariodotransporte.com.br/2019/03/10/historia-paranapiacaba-e-um-modesto-heroi-da-ferrovia/

Confira a história de Paranapiacaba, conforme divulgado pela Prefeitura de Santo André:

Em 1850 Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, empenhou-se na construção de uma Estrada de Ferro e, em 1856, um Decreto Imperial concedeu a ele o privilégio da construção e o prazo de 90 anos para sua exploração. Em 1860 conseguiu reunir capital suficiente e formou a empresa The São Paulo Railway Company Ltd. – SPR para construí-la. Paranapiacaba surge como acampamento para os trabalhadores que construíram o trecho da Serra do Mar. Com a inauguração da ferrovia, em 1867, a empresa viu-se obrigada a manter operários no local para a operação dos serviços e manutenção das obras. Posteriormente à duplicação da ferrovia edificou-se uma nova vila no Alto da Serra, a Martin Smith, de ruas arborizadas com alinhamentos regulares e sistemas de água e esgoto.

Na década de 1940 a Vila sofreu duas marcantes intervenções: em 1945 passou a chamar-se Paranapiacaba e, no ano seguinte, a São Paulo Railway Co. foi incorporada ao Patrimônio da União e passou a ser administrada pela Estrada de Ferro Santos a Jundiaí – EFSJ, terminando assim a presença dos ingleses na região. Ao receber o patrimônio, em 1946, o governo federal esforçou-se em manter a qualidade no transporte de carga e de passageiros que os ingleses tinham até então.

No tempo dos ingleses a Vila de Paranapiacaba apresentava certo ar europeu, romântico, com casas de madeira, quintais separados por cercas vivas e ruas calmas, ladeadas de pinheiros, em contraste com a Parte Alta, que recebeu uma ocupação urbana marcada pela herança portuguesa, com ruas estreitas e casas de pequenas frentes edificadas junto ao alinhamento. Unindo a Parte Alta à Parte Baixa há uma ponte metálica destinada exclusivamente aos pedestres e bicicletas, que se mantém até hoje após algumas reformas.

Em 1982 o Sistema Funicular construído pelos ingleses deixou de funcionar. Foi o fim de uma era de glamour e o começo de uma luta pela preservação do que ainda restava da História da ferrovia inglesa. Iniciava-se um movimento para a redestinação de Paranapiacaba a fim de transformá-la num polo turístico que mostrasse a beleza de seu casario, matas, águas e trilhas, que envolvesse as pessoas em seu clima mágico, histórico e cultural. Em 1987 foi elaborado pela Emplasa, empresa estadual de planejamento metropolitano, o Plano Integrado de Preservação e Revitalização de Paranapiacaba e, nesse mesmo ano, o Condephaat, órgão estadual de preservação do patrimônio, publica seu tombamento histórico, abrangendo a área do núcleo urbano, os equipamentos ferroviários e a área natural ao seu redor, selando legalmente o local como de interesse público. Em abril de 2000 Paranapiacaba tornou-se oficialmente um dos núcleos do programa da Reserva da Biosfera da UNESCO, que engloba a proteção de 329 áreas de floresta em 83 países.

Em 2001 a Prefeitura de Santo André deu o primeiro passo para assumir definitivamente a administração da Vila ao criar a Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense e, em 2002, foi formalizada a compra da Vila de Paranapiacaba da Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA. O contrato de compra e venda foi assinado no interior do Castelinho, testemunha inglesa do negócio, que mudaria o destino de Paranapiacaba.

Em 05 de junho de 2003, Dia Mundial do Meio Ambiente, foi criado o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba, área verde com cerca de 4,2 km² de Mata Atlântica no entorno da Vila.

Hoje Paranapiacaba conta com dois museus: o Castelinho, construção vitoriana que serviu de residência para o Engenheiro Superintendente, autoridade máxima da ferrovia inglesa, que guarda a memória dos tempos de funcionamento da São Paulo Railway Co., e o Funicular, que consiste em três galpões situados no pátio ferroviário, onde é possível ver as locomotivas, o carro fúnebre, as máquinas fixas e peças menores, como a azeitadeira, utilizada para lubrificar as máquinas. Ao ar livre podem ser vistos o trem ambulância, já bem enferrujado e o trem guindaste a vapor.

Paranapiacaba é cercada por três importantes Unidades de Conservação: o Parque Nascentes, citado acima, a Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba e o Parque Estadual da Serra do Mar. As matas, Parques e quedas d’água existentes no entorno da Vila compõem um cenário natural fantástico, que pode ser percorrido por trilhas de trajetos fáceis ou difíceis e requerem acompanhamento de guia habilitado e cadastrado pela Prefeitura. Dentre elas as mais conhecidas são as trilhas da Pontinha, do Mirante e da Água Fria.

Em 2001 realizou-se na Vila o 1º Festival de Inverno de Paranapiacaba, com muita expectativa. Os visitantes chegavam pela passarela metálica, que liga a Parte Alta à Vila Nova; os espetáculos se concentravam no Clube União Lyra-Serrano, outrora palco de grandes bailes e espetáculos. O Festival continua ocorrendo anualmente, se expandiu, com vários artistas se apresentando em palcos espalhados pela Vila e atualmente é um dos eventos mais conhecidos do Município. Durante o Festival vários atrativos, além dos artísticos e culturais, são oferecidos ao visitante.

Em abril acontece o Festival do Cambuci, fruta nativa da Mata Atlântica que é marca registrada da região e patrimônio imaterial de Santo André desde 2013, onde são oferecidos diversos pratos, doces e bebidas que utilizam o fruto como principal elemento.

Outros eventos, como a Convenção de Bruxas e Magos, a Festa do Padroeiro e a Feira de Artes e Antiguidades acontecem no decorrer do ano.

Jessica Marques para o Diário do Transporte

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Comentários

Comentários

  1. Theosete Macedo da Silva disse:

    Eu conheço Paranapiacaba, amei, que lugar lindo!!!

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