Sorocaba apresenta primeira PPP completa de BRT do País

Niege Chaves, presidente do Consórcio BRT Sorocaba, apresenta o projeto

Modelo unifica as fases de estudos, projetos, obras e operação. Serão 68 km de corredores exclusivos. Consórcio vai investir em comunicação para explicar as obras

ADAMO BAZANI – reportagem
ALEXANDRE PELEGI – redação

A prefeitura de Sorocaba e o Consórcio BRT Sorocaba apresentaram na tarde desta quinta-feira, dia 10 de maio de 2018, o projeto de nova rede de transportes e corredores exclusivos da cidade

Serão 68 quilômetros de corredores, com 28 estações, 3 terminais integrados, 4 estações de integração e 128 ônibus com Wi-Fi e ar-condicionado, de portes diferentes.

Os serviços troncais serão operados por ônibus articulados de grande capacidade. A previsão é de que as obras comecem em setembro deste ano. E a cada seis e oito meses serão entregues etapas dos corredores até que entre o final de 2019 e o início de 2020 o projeto esteja completamente concluído.

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A empresária Niege Chaves, ao lado do prefeito de Sorocaba José Crespo. À esquerda, Angela Fiorenzo, presidente da Associação Sorocabana de Imprensa.

A estimativa da prefeitura e do Consórcio é que os custos operacionais dos transportes coletivos com a implantação da nova rede caiam em torno de 20%. Já os tempos de deslocamento para a população podem ser reduzidos entre 30% e 40% dependendo dos trajetos.

O projeto vai custar R$ 384 milhões, dos quais R$ 130 milhões de contrapartida da prefeitura, com recursos financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF). O contrato é de 20 anos.

É a primeira PPP (Parceria Público Privada) de um BRT no Brasil que engloba todas as etapas do projeto, desde estudos, concepções, obra e operação.

O Consórcio BRT é formado pela MobiBrasil, pelo grupo JSL, e por construtoras de menor porte.

A presidente do Consórcio, Niege Chaves, diz que o modelo auxiliou a ganhar tempo entre todas as etapas e a melhorar o diálogo entre o poder público e a iniciativa privada num projeto de grande porte como esse.

O secretário de mobilidade e acessibilidade, Luiz Carlos Franchim, que também é presidente da URBES, gerenciadora do sistema, disse que a prefeitura contratou uma empresa certificadora de obras, que vai fiscalizar todas as etapas da intervenção. A cada etapa, segundo o secretário, será feita uma auditoria para permitir ou não a liberação dos pagamentos.

O Consórcio BRT Sorocaba vai investir também na comunicação para a população, a fim de explicar o BRT, a importância da prioridade aos ônibus no espaço urbano e também orientar sobre os impactos das obras no transporte e no trânsito da cidade.

Foram criados canais de comunicação em plataformas como site, blog, facebook, e spots de rádio, anúncios de jornais e até mesmo pinturas nos tapumes das obras vão fazer parte do pacote de comunicação.

O Consórcio também anunciou a criação de um prêmio de jornalismo voltado para a mobilidade em Sorocaba.

68 km de corredores

28 estações

3 terminais integrados

4 estações de integração

128 ônibus com Wi-Fi e ar-condicionado

160 passageiros em média


OUÇA:

Entrevista com a empresária Niege Chaves, realizada por Adamo Bazani:

Adamo Bazani: Esta é a Primeira PPP de BRT do país?

Niege Chaves: Na verdade, para a área de pneu é o primeiro BRT, onde foi feito todo o planejamento, obra, manutenção e operação pelo prazo de 20 anos. Entregaremos o serviço completo.

Adamo Bazani: Como nasceu essa ideia, de unir os setores público e privado para realizar esse projeto? 

Niege Chaves: Já faz cinco anos que começou este sonho, que eu digo que agora começou a se tornar realidade com o esforço de todos. Foi um esforço grande, porque por ser o primeiro projeto demoramos um pouco a entender o conceito. Mas qual é a ideia: é ganhar tempo e mais rápido possível poder prestar um serviço melhor para a comunidade. Porque quando é feito separado, o governo tem que fazer a licitação do projeto, a licitação da obra e depois a licitação da manutenção e operação. Então são quatro processos que não se comunicam, e cada um é estanque. Nesse caso da PPP não, nesse caso todos os processos de comunicam. Foram envolvidas a secretaria de meio ambiente, a secretaria de cidades, a secretaria de obras, as operadoras, a sociedade, para discutir o impacto dessas obras, e onde seria o melhor lugar para ampliar o corredor. Então essa junção permitiu que o processo pudesse ser mais rápido, já discutindo bem atrás o planejamento. Eu acho  que o sucesso desse tipo de projeto, pra mim, chama-se  planejamento, porque vc consegue visualizar o conceito do começo até o final.

Adamo Bazani: E o nome do ente privado é Consórcio BRT Sorocaba? Quem participa dele?

Niege Chaves: O Consórcio BRT Sorocaba é formado pelo grupo JSL, que tem 50% do controle, e a MobiBrasil.

Adamo Bazani: Há construtoras envolvidas também?

Niege Chaves: Existem três pequenas construtoras, com um percentual muito pequeno, de 0,1%, que estão nos ajudando a planejar o projeto. Mas toda a concepção, do início até agora, foi feita à luz do conceito do transporte coletivo, da mobilidade. A gente preza muito isso, e tenta colocar um ônibus mais sustentável, com um terminal também sustentável, com um custo de manutenção melhor, com facilidade e acessibilidade. Ou seja, a preocupação com a obra, mas principalmente com os 20 anos de manutenção do projeto, é muito grande, e a gente tenta exatamente de viabilizar o projeto ganhando na racionalização da rede do transporte coletivo. Enfim, a obra vai ser paga pela melhoria e racionalização do transporte coletivo que ela vai complementar.

Adamo Bazani: Seria assim: o que economizar no transporte coletivo, hoje as ineficiências, acaba pagando todo esse projeto?

Niege Chaves: Não paga todo o projeto, porque um terço do dinheiro vem do financiamento da prefeitura com a Caixa Econômica através do PAC da Mobilidade. Mas com certeza estamos projetando que em torno de 20% do custo vai ser reduzido da rede de transporte de Sorocaba com a racionalização das linhas troncais e os novos terminais.

Adamo Bazani: O custo do projeto é R$ 384 milhões. Desse valor, quanto é do público quanto é do privado?

Niege Chaves: R$ 130 milhões é da prefeitura e o resto é do privado. Esse recurso da prefeitura é proveniente de financiamento com a CEF, através do Programa PAC da Mobilidade

Adamo Bazani: São 68 km de corredores de ônibus. Já se tem uma estimativa de quanto as velocidades comerciais vão melhorar para o passageiro?

Niege Chaves: Está se projetando uma melhoria nas velocidades comerciais em torno de 30 a 40%, porque junto com a implantação dos corredores está sendo feito um estudo semafórico de prioridade ao transporte coletivo, que também será implantado junto com a área de tecnologia.

Adamo Bazani: Vai haver renovação da frota? Haverá possibilidade no futuro da frota ser menos poluente?

Niege Chaves: Estamos estudando várias possibilidades, de ônibus elétrico, ou a gás, além de outras alternativas. No Brasil tem poucas alternativas, mas no mundo tem muitas para trazer, a questão é entender como a gente equaciona o lado econômico e o lado ambiental. Tem a questão dos investimentos em novas tecnologias, de quanto isso vai custar na tarifa. Como Sorocaba já tem um subsídio elevado, porque a prefeitura paga todas as gratuidades, a gente está tentando equilibrar isso com a racionalização. Então uma de nossas prioridades é nessa racionalização gastar um pedaço da verba para melhorar a questão ambiental também.

Adamo Bazani: Quais são os prazos previstos pra início da obra, conclusão dos primeiros trechos e a conclusão do projeto como um todo?

Niege Chaves: A obra deve iniciar no final de agosto, começo de setembro, e são 18 meses para terminar tudo, então a gente espera que no final de 2019, no máximo começo de 2020, entregar tudo pronto. Mas a ideia é fazer entregas parciais, a cada seis ou oito meses entregar o que for possível para que a comunidade já comece a usufruir.

Adamo Bazani: Toda obra tem, obviamente, um impacto na cidade. Tem a questão da comunicação que o Consórcio vai investir em sistemas de comunicação, em ferramentas de comunicação para ajudar a diminuir esses impactos? Como serão feitos esses investimentos?

Niege Chaves: Esse encontro de hoje foi exatamente para pedir à imprensa explicar tudo que a gente está fazendo para melhorar a comunicação com a sociedade, e receber também sugestões. Vamos ter Blog, vamos ter página na internet, facebook, vamos ter um canal de comunicação  através do aplicativo CittaMobi também para receber só questões ligadas ao BRT e estaremos fazendo reunião físicas nas comunidades.

Adamo Bazani: Para encerrar… Podemos dizer que esse projeto é inovador no país?

Niege Chaves: Sim, podemos dizer que é inovador, e mais importante, eu acho que ele traz uma complementariedade importante para o momento que a mobilidade no Brasil está passando.

Adamo Bazani e Alexandre Pelegi, jornalistas especializados em transportes

 

Comentários

Comentários

  1. SDTConsultoria em Transportes disse:

    Parabéns Sorocaba. A população merece e conta com mais esta infraestrutura.

  2. João Luis Garcia disse:

    Como sempre os ” Grupos JSL e MobiBrasil ” sempre inovando e saindo na frente
    Sendo a primeira PPP (Parceria Público Privada) de um BRT no Brasil que engloba todas as etapas do projeto, desde estudos, concepções, obra e operação, conforme cita a matéria, esse projeto piloto atrairá novas praças.

  3. Shirlei da Silva Torres disse:

    BOA NOITE A TODOS
    SIM CONSTRUCAO OTIMA
    MAS NOS DO CAJURU PRECISAMOS URGENTE CICLO VIA QUE ATENDA
    EDEN X CAJURU E VICE VERSA
    SENHOR CRESPO OS ANSEIOS
    E DOS QUE ESTÃO CANSADOS DE ÔNIBUS LOTADOS ENTRE ESSES BAIRROS
    E TARIFAS ABUSIVAS!
    ENTÃO PELO AMOR DE DEUS !!SÓ
    SEIS KILOMETROS
    DE CICLOVIA NOS PRECISAMOS
    ACREDITAMOS QUE ESSA VERBA A BAIXA!
    ESTA PERIGOSO IR AO TRABALHO
    DE BICICLETAS MAS
    É O MELHOR TRANSPORTE
    ATUAL .CICLOVIA JÁ!!!

  4. Daniel Duarte disse:

    Prioridade semafórica é uma promeça de todos os prefeitos quando se fala em BRT, porém na prática não tenho visto isso. Hoje mesmo estava na linha expressa Santa Cândida – Praça do Japão, em Curitiba, como pode o semáforo abrir numa esquina e quando o ônibus chega na próxima o semáforo fecha !!! Absurdo Absurdo.
    Ja vi essa cena no BRT do Rio de Janeiro também.

    1. SDTConsultoria em Transportes disse:

      Bom dia ! Isto é fato , quando se fala em sinais inteligentes devemos entender de que o tempo de espera será menor… A única forma de não termos estas paradas são elevados , trincheiras … Veja o projeto LINHA VERDE tem a intenção de permitir o acesso de grandes massas de um extremo ao outro em poucos minutos , porém isto só acontece nos entre picos . Nos horários mais críticos o trânsito fica caótico e não anda. O que faltou ? Viadutos , trincheiras ou qualquer outra forma de evitar os cruzamentos em níveis . Mas o IPPUC , a URBS e a Prefeitura sabem disto e por RAZÕES QUE A PRÓPRIA RAZÃO DESCONHECE não o fizeram, assim podemos concluir que os usuários são importantes , mas a opinião deles nem sempre. Entretanto estou convicto de que esta parceria irá contemplar estes aspectos. Boa sorte a todos.

  5. MAS A PRIORIDADE PARA REGIÃO DE SOROCABA E CAMPINAS EH INSTALAÇÃO DA CPTM INTERLIGANDO O INTERIOR COM A CAPITAL DE SP POIS SEGUNDO OS ESPECIALISTAS EM TRANSPORTES POR VOLTA DE 2020 A 2022 AS RODOVIAS CASTELO BRANCO ANHAGUERA BANDEIRANTES IRÃO TRAVAR NA ENTRADA DE SP SE NAO FIZERAM NADA !!

  6. Rogerio Belda disse:

    Além de que a “mancha urbana” da Macrometróple Paulistana estará impossibilidade de espalhar-se em outras direções. R Belda

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