Aeromóvel de Canoas (RS) segue indefinido

Imagem: divulgação (Site da Prefeitura de Canoas/RS)

Prefeitura aguarda a posição dos órgãos de fiscalização do Estado e da União, mas já trabalha com hipótese de usar recursos para outras obras de mobilidade no município

ALEXANDRE PELEGI

O projeto de Aeromóvel em Canoas, cidade do interior do Rio Grande do Sul, segue indefinido.

O empreendimento, que começou na gestão do ex-prefeito Jairo Jorge, acabou sendo paralisado pela atual gestão, de Luiz Carlos Busato.

A justificativa da gestão municipal é que é preciso obter aval da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional, a Metroplan.

Como noticiamos em 5 de março deste ano, o projeto do modal foi interrompido pelo atual prefeito após ter recebido um ofício da Metroplan reivindicando a responsabilidade pelo sistema.

Confira: https://diariodotransporte.com.br/2018/03/05/tce-rs-quer-saber-se-suspensao-do-projeto-de-aeromovel-em-canoas-gera-prejuizo/

Enquanto isso, vários equipamentos já foram comprados e encontram-se depositados em um prédio do complexo universitário da Ulbra. O local é utilizado pela Aeromovel Brasil, empresa detentora da patente da tecnologia. Marcus Coester, CEO da Aeromovel Brasil, informou ao Jornal do Comércio (RS) que há cerca de 800 toneladas de trilhos guardadas no prédio, além de ventiladores e motores. Ele teme pela deterioração desses itens.

A primeira etapa do projeto prevê a implantação de uma linha de 4,6 quilômetros, ligando os bairros Guajuviras e Mathias Velho (até a estação da Trensurb). Já foram gastos até aqui R$ 64 milhões pela prefeitura em obras e equipamentos. Além disso, há ainda à disposição da prefeitura um financiamento da Caixa Econômica Federal na ordem de R$ 272 milhões.

Em entrevista ao jornal gaúcho, tanto o CEO da Aeromovel Brasil, como o ex-prefeito da cidade de Canoas, rebatem os argumentos utilizados para manter a obra do Aeromóvel paralisada.

Coester, por exemplo, explica que um dos argumentos que foram levantados dizia respeito à dificuldade do município pagar o financiamento da Caixa. Ele alega que o modelo de concessão foi revisado, e o prazo ampliado, o que resolveria essa dificuldade.

O ex-prefeito Jairo Jorge lembra que o aeromóvel é um sistema municipal de transporte, logo não tem nada a ver com o Estado e, portanto, com a Metroplan. Jorge afirma que a fundação estadual cuida de complexos intermunicipais, e a proposta do aeromóvel de Canoas é operar dentro da própria cidade.

Enquanto isso, a prefeitura não se manifesta sobre o imbróglio que envolve o modal, e prefere aguardar a posição dos órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas do Estado, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público.

Mas a prefeitura analisa a possibilidade de redirecionar o valor obtido com o empréstimo da Caixa. Segundo nota da prefeitura, o dinheiro do financiamento seria usado em obras mais adequadas à realidade local, tais como repavimentação de vias, instalação e modernização de estações de ônibus com acessibilidade, iluminação e outros serviços, e a construção de mais de 40 quilômetros de ciclovias.

Ainda segundo a prefeitura, o projeto do aeromóvel, da forma como foi concebido, foi planejado para fazer o abastecimento do trem da Trensurb, um transporte metropolitano, que precisa ser submetido à avaliação da Metroplan.

Quanto ao financiamento da Caixa, as contas da prefeitura são de com os juros e as correções, em 30 anos, o valor original de R$ 272 milhões poderia alcançar até R$ 1 bilhão, fato que inviabilizaria as finanças municipais.

Como se não bastasse toda a confusão, a prefeitura lembra outro fato que compromete o prosseguimento das obras do modal: o contrato para a construção da via elevada que passaria o aeromóvel está parado em razão de uma disputa judicial envolvendo a empresa chinesa China Railway Engineering Group e a Queiroz Galvão.

Já a Metroplan, por meio de nota do diretor-superintendente da fundação, Pedro Bisch Neto, afirma que o sistema aeromóvel é considerado transporte metropolitano. Além disso, o texto afirma ainda que a Fundação não participou dos estudos e da proposta do aeromóvel, e a inexistência de planejamento na inclusão do veículo no Sistema Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros (SETM) poderá gerar um desequilíbrio.

O projeto total do aeromóvel prevê a construção de 18 quilômetros de linhas, com 24 estações no percurso. Tem capacidade prevista para até 12 mil passageiros por hora no pico e 82 mil por dia.

O sistema seria operado por meio de concessão. O vencedor da licitação assumirá a operação do primeiro trecho entre os bairros Guajuviras e Mathias Velho, ficando responsável pela conclusão do restante de linhas.

O investimento total no empreendimento é de cerca de R$ 1,1 bilhão.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Eliane disse:

    Quando os governantes resolvem realmente atender o interesse da população que sofre com a lentidão do transito e precariedade do obsoleto transporte coletivo de canoas vem os palhaços inoportunos complicar.

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Diário do Transporte

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading