ENTREVISTA: Suzantur vai testar ônibus híbrido em Santo André e 100 ônibus novos de Mauá começam em dezembro

Lote de 20 ônibus, dos 100 do Refrota, para Mauá, já estão na garagem da Suzantur

As primeiras 20 unidades dos ônibus midi já estão na garagem de Mauá. Claudinei Brogliato diz que empresa não vai participar da licitação da EMTU

ADAMO BAZANI

No final de novembro deve começar a circular pelas ruas de Santo André, no ABC Paulista, um ônibus híbrido, que pode reduzir em cerca de 30% o consumo de óleo diesel e de 35% a 90% as emissões de poluentes, dependendo do material analisado na queima de combustível.

A informação é do dono da Suzantur, Claudinei Brogliato, em entrevista na manhã desta quinta-feira, 26 de outubro de 2017, ao comunicador Ricardo Leite e ao jornalista Adamo Bazani, no Programa Bom Dia ABC, da Rádio ABC – 1570 AM, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 06h às 09h. Participou da entrevista o advogado, comentarista da rádio, Ilmar Muniz. A produção foi da jornalista Janete Ogawa.

Segundo Claudinei Brogliato, o veículo é feito pela Volvo e vai circular na linha TR 103 (Terminal de Vila Luzita – Paço Municipal de Santo André).

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Ônibus híbrido da Viação Piracicabana, em Santos. Santo André terá um igual

O ônibus é semelhante ao que está operando no sistema municipal de Santos, no Litoral Paulista, que foi bem avaliado pela empresa responsável, Viação Piracicabana, de acordo com entrevista do diretor da companhia ao Diário do Transporte, Alceu Cremonesi Júnior, na última sexta-feira. Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/10/23/entrevista-piracicabana-vai-intensificar-renovacao-de-frota-em-2018/

O modelo tem dois motores, um elétrico e outro a combustão. A Volvo, fabricante do chassi, utiliza a tecnologia híbrido paralela. O motor elétrico funciona quando o ônibus está parado e ligado, na partida e também em velocidades até 20 km/h, que são os momentos operacionais que os veículos mais poluem. A partir desta velocidade, o motor a diesel é responsável pela tração do ônibus.

Atualmente, no ABC, somente a Metra, do Corredor ABD, opera ônibus menos poluentes na região: trólebus (conectados à rede aérea), híbridos, e elétricos puros.  No caso dos modelos híbridos operados pela Metra, os ônibus têm tecnologia “híbrido em série”. Neste caso, o motor a diesel é menor e serve apenas para gerar energia para o motor elétrico, responsável por 100% da tração do ônibus.

Ainda não há um consenso sobre qual é o melhor sistema. A resposta mais sensata é que depende da forma de operação de cada linha.

O veículo a ser testado em Santo André será zero quilômetro. Claudinei Brogliato disse que o ônibus está em final de produção. O chassi é Volvo e a carroceria é Marcopolo, modelo Viale BRT.

O ônibus é dotado de ar-condicionado, carregadores USB para celulares e piso baixo para acesso de pessoas com mobilidade reduzida, como idosos e passageiros com deficiência.

100 ÔNIBUS EM MAUÁ, NO DIA 8 DE DEZEMBRO:

Na entrevista, o empresário Claudinei Brogliato revelou ao Diário do Transporte e à Rádio ABC, que atuam em parceria nas notícias de mobilidade da região, que no dia 8 de dezembro, aniversário de Mauá, onde a empresa opera todas as linhas municipais, serão apresentados os 100 ônibus zero quilômetro financiados por meio do Refrota, programa do Governo Federal com recursos do FGTS para a troca de veículos de transporte coletivo.

Ao menos 20 unidades, do tipo midi (micão) já estão na garagem usada pela empresa, no Jardim Zaíra IV, em Mauá.

Da frota de 100 veículos novos, 80 serão micrões e 20 convencionais. Anteriormente, a proposta era para ser 60 micrões e 40 convencionais, mas Brogliato disse na entrevista que a empresa identificou maior necessidade de renovação dos  mídis.

Todos os ônibus são chassi Mercedes-Benz (OF1721 – convencionais e OF1519 – midis) e carroceria Marcopolo (Torino).

Com esta renovação em Mauá, 30 ônibus seminovos que deixarão de operar na cidade em dezembro, serão transferidos para o sistema de Vila Luzita, em Santo André.  Os veículos remanejados são 2014 ou 2015.

LICITAÇÕES:

Com a saída das empresas de Baltazar, deve haver nova redistribuição empresarial na área 5

Duas licitações importantes e polêmicas devem ocorrer envolvendo o ABC Paulista: da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, que engloba a área 5, correspondente à região, e do sistema de Vila Luzita, geograficamente o mais movimentado de Santo André.

No sistema de Vila Luzita, a Suzantur opera desde outubro de 2016, após a antiga empresa responsável pelas 15 linhas da região, a Expresso Guarará, ter decretado autofalência. O contrato emergencial de 180 dias da Suzantur venceu, sem a realização de uma nova licitação. A atual gestão, do prefeito de Santo André, Paulo Serra, do PSDB, não concordou com o modelo de concorrência proposto pela gestão do prefeito anterior, Carlos Grana, do PT, e não prosseguiu o certame. Assim, a empresa opera por meio de autorização a título precário.

Uma empresa de estudos faz análise da rede de transportes de Santo André e só depois da primeira fase deste trabalho é que a prefeitura deve lançar o edital.

Claudinei Brogliato confirmou ao Diário do Transporte e à Rádio ABC que a Suzantur vai participar da licitação da Vila Luzita.

Quanto à licitação da EMTU, o empresário disse que a Suzantur não vai disputar.

As propostas devem ser entregues na sede da EMTU no dia 21 de novembro, em São Bernardo do Campo. A licitação engloba toda a grande São Paulo, mas as atenções da gestora se voltam principalmente para a Área 5, correspondente ao ABC Paulista. A EMTU, desde 2006, não consegue licitar a área, como fez com outras regiões. Em cinco tentativas, os empresários da região esvaziaram o certame, alegando que o edital não estava compatível com os custos operacionais do ABC e com projetos como o Expresso ABC, da CPTM (uma linha paralela à linha 10 Turquesa com estrutura própria – não o semi-expresso atual) e a linha 18 do monotrilho. Nenhum dos projetos tem previsão de saírem do papel.

Os detalhes da licitação podem ser conferidos em:

https://diariodotransporte.com.br/2017/09/19/confira-os-principais-pontos-do-edital-de-licitacao-da-emtu/

Com a declaração, a dúvida é em torno do “vácuo” que será deixado pelo empresário Baltazar José de Sousa, que pela sua situação jurídica e fiscal não pode mais participar de licitações.

A região operada hoje pelas empresas de Baltazar é grande, englobando todas as cidades do ABC de onde saem ou passam suas linhas metropolitanas: Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá, Diadema, São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Santo André (incluindo a Vila de Paranapiacaba).

As empresas de Baltazar são EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André, Viação Ribeirão Pires, Viação São Camilo, Empresa Urbana Santo André Metropolitana, Viação Imigrantes, Viação Riacho Grande e Viação Triângulo.

Se a Suzantur não participar mesmo, como diz Brogliato, e se as empresas do ABC não esvaziarem o certame de novo (a possibilidade ainda não está descartada), o mercado aposta no crescimento de companhias como Auto Viação ABC (família Setti Braga), Trans-Bus (família Flogli) e Mobibrasil (Niege Chaves) devem crescer. O crescimento da Rigras (Nivaldo Aparecido Gomes) também é considerado.

As empesas serão obrigadas a formar consórcios para participar.

Neste processo, o empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário do Grande ABC e de empresas municipais de Santo André, como Viação Guaianazes e ETURSA, deve ficar isolado e não integrar diretamente a área 5. Ronan deixou de operar linhas intermunicipais no ABC quando, em 2011, o Grupo ABC, comprou as linhas da Empresa Auto Ônibus Circular Humaitá e Inter-Bus, dando origem à Publix. Confira matéria da época:

https://diariodotransporte.com.br/2011/01/07/e-oficial-grupo-abc-comprou-interbus-e-humaita/

DÍVIDAS TRABALHISTAS:

Na entrevista, Claudinei Brogliato negou que a Suzantur tenha de assumir as dívidas trabalhistas deixadas pela Expresso Guarará, que não opera mais as linhas da região da Vila Luzita, de Santo André, e da Viação São José, do mesmo grupo, que tinha linhas metropolitanas da região da Vila Luzita para São Caetano do Sul.

Claudinei disse que a Suzantur assumiu cerca de 350 ex-funcionários da Expresso Guarará, com o compromisso de manter os empregos, mas as dívidas trabalhistas continuaram com a empresa anterior, administrada pela família de Passarelli.

Os trabalhadores da São José, também dos Passarelli, foram assumidos pela Trans-Bus, que opera as linhas metropolitanas, que também não tem o compromisso de pagar os débitos trabalhistas.

Brogliato também falou que a Suzantur de Santo André e de Mauá realiza uma parceria com o Sest-Senat para treinamento e qualificação profissional dos motoristas. Até agora, em torno de 250 trabalhadores já passaram pelo programa, que engloba aulas teóricas e práticas, inclusive com um simulador para ônibus, usando o mesmo conceito do treinamento de pilotos de avião.

REFROTA:

Ônibus da Garcia financiados pelo Refrota já circulam no Paraná

Os 100 novos ônibus da Suzantur foram comprados por meio do Refrota. O programa trata-se de uma linha de financiamento anunciada pelo Governo Federal em dezembro do ano passado, para a renovação de ônibus urbanos e metropolitanos. Os recursos são de R$ 3 bilhões com origem nas reservas do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, dentro do programa Pró-Transporte.

Os juros são abaixo dos praticados em outras linhas, apesar de que, com a redução da taxa de juros básicos da economia, a Selic, o Finame, linha do BNDES usada para a compra de veículos comerciais pesados, volta a se tornar vantajoso.

Apesar de os R$ 3 bilhões disponibilizados, poucos recursos foram utilizados. Isso porque, demorou para a Caixa Econômica Federal, o primeiro agente financiador, se adaptar ao mercado do transporte. Era, por exemplo, exigido um seguro que nunca existiu no mercado de ônibus. A demora para a liberação do dinheiro, diante dos problemas burocráticos, fez com que os valores dos financiamentos fossem insuficientes para a compra dos ônibus prevista em contrato, já que no intervalo da análise da Caixa, os preços de chassi e carrocerias sofreram reajustes. Uma das críticas ao Refrota é que os contratos são vinculados somente à quantidade de ônibus financiados e não ao que o dinheiro liberado pode comprar. Agora, a Caixa promete liberação mais ágil para evitar o problema, porque os entraves iniciais foram superados.

Com a Caixa, a Suzantur de Mauá, que financiou 100 ônibus por R$ 30,3 milhões, foi uma espécie de laboratório para o Refrota.

A empresa foi a primeira a assinar o contrato pelo Refrota em junho de 2017, mas a primeira empresa a ter a liberação do dinheiro, foi a Viação Garcia, do Paraná. A companhia paranaense utilizou outra instituição bancária, BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, e o crédito foi liberado em 11 de setembro de 2017.

Conforme noticiou o Diário do Transporte, nesta quarta-feira, 25 de outubro de 2017, até 2021, o Pró-Transporte, que engloba o Refrota, terá R$ 7 bilhões por ano de recursos do FGTS:

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2017/10/25/pro-transporte-tera-r-7-bilhoes-para-financiamentos-em-2018/

Por enquanto, os principais financiamentos no âmbito do Refrota são:

– Suzantur (Mauá-SP): R$ 30,3 milhões – 100 ônibus – Caixa Econômica Federal

– Sancetur – Santa Cecília Turismo Ltda (Valinhos/SP): R$ 14,9 milhões – 45 ônibus – Caixa Econômica Federal

– Viação Garcia (Londrina-PR /Maringá-PR): R$  9,5 milhões – 30 ônibus – BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (crédito liberado em 11 de setembro de 2017)

– Viação Piracicabana (Brasília-DF): R$ 8,33 milhões – 25 ônibus – Banco Mercedes-Benz

– Mobibrasil Expresso S.A. (Recife-PE, São Lourenço da Mata-PE, Camaragibe-PE): R$ 5,37 milhões – 20 ônibus  Caixa Econômica Federal

– Transcol – Empresa de Transportes Coletivos Ltda (Teresina-PI): R$ 5,2 milhões – 15 ônibus – Caixa Econômica Federal.

– Viação na Montanha Ltda (Campos do Jordão-SP): R$ 3,46 milhões  – 12 ônibus – Caixa Econômica Federal

– Viação Cidade Sorriso de Toledo (Toledo/PR): R$ 2,21 milhões – 10 ônibus – BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul

– Transportes Coletivos Capivari Ltda (Tubarão-SC e Capivari de Baixo-SC): R$ 2,98 milhões – 07 ônibus – Caixa Econômica Federal

– SEI EMTRACOL – Empresa de Transportes Coletivos Ltda (Teresina-PI): R$ 2,29 milhões – 06 ônibus – Caixa Econômica Federal

– Viação Santana Ltda(Teresina-PI): R$ 1,9 milhão – 05 ônibus – Caixa Econômica Federal (seleção da proposta)

– Transportes São Cristóvão Ltda (Teresina-PI): R$ 1,52 milhão – 04 ônibus – Caixa Econômica Federal

– Transportes Coletivos Cidade Verde Ltda (Teresina-PI): R$ 1,52 milhão – 04 ônibus – Caixa Econômica Federal

– Transportes Therezina Ltda (Teresina-PI): R$ 1,14 milhão – 03 ônibus – Caixa Econômica Federal

Os valores podem variar de acordo com a data da apresentação da carta-consulta e o tipo de ônibus.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Veja no site da Rádio ABC:

http://www.radioabc.com.br/onibus-novos-da-suzantur-comecam-a-rodar-em-dezembro-em-maua/

 

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Essa licitação da EMTOSA do ABC ainda promete fortes emoções e mudanças no tabuleiro do ABC.

    OU SEM MUDANÇAS…

    Façam suas apostas.

    Urubú, Leblon, JSL; quem sabe… ?????

    Agora emocionante mesmo vai ser quando o contrato da Metra vencer.

    Não percamos as cenas dos próximos capítulos.

    Att,

    Paulo Gil

    1. Paulo Gil disse:

      Complementando:

      Vialle mesmo é o BRS que estava exposto na Transpúblico.

      Esse ninguém põe pra rodar no Barsil, nem em teste.

      Como é duro habitar a selva cheia de JURÁSSICOS.

      Att,

      Paulo Gil

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