Defensoria Pública do Estado de São Paulo quer tirar trólebus de Santos por falta de acessibilidade

Trólebus não dependem de combustíveis fósseis para operar

Justiça negou tutela antecipada, entretanto, o processo continua tramitando com prioridade

ADAMO BAZANI

Nesta semana, o setor de transportes de Santos, no litoral paulista, foi marcado pela inclusão de um micro-ônibus 100% elétrico, que se move com auxílio de baterias, e o retorno do sistema de trólebus, ônibus elétricos conectados à rede aérea.

Os trólebus, que não emitem nenhum tipo de poluição durante a operação, ficaram em torno de 15 meses sem funcionar por causa da extensão da rede aérea do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, que liga Santos a São Vicente, e é operado pela BR Mobilidade, do Grupo Comporte, que também é proprietário da Viação Piracicabana, responsável pelo circulação dos trólebus, hoje restritos à linha 20, que liga a praça Mauá, no Centro, à praça da Independência, no Gonzaga.

O retorno desses veículos foi comemorado por associações de defesa do meio ambiente e mobilidade, como Respira São Paulo e Defesa do Trólebus, entretanto, após uma fonte jornalística entrar em contato com exclusividade com o Diário do Transporte, a reportagem descobriu que a Defensoria Pública do Estado de São Paulo quer na Justiça tirar os seis trólebus de operação.

O motivo alegado pelos defensores em processo judicial contra o município de Santos, tendo como parte interessada a CET – Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos, responsável pelo gerenciamento do sistema de transportes, é que os trólebus não possuem acessibilidade para pessoas portadoras de deficiências e restrição de locomoção, como piso baixo ou elevadores.

O processo corre desde janeiro deste ano, mas na última segunda-feira, 21 de agosto de 2017, houve uma decisão por parte da 2ª Vara da Fazenda Pública de Santos.

A juíza Patrícia Naha negou tutela antecipada para a retirada dos trólebus. Isso não significa que os trólebus estejam assegurados, apenas que a magistrada negou urgência na decisão, entretanto, o processo tem tramitação prioritária.

Na decisão, Patrícia Naha cita que a expansão do VLT provou que a Viação Piracicabana já tem condições de colocar outros veículos no lugar dos trólebus.

A Prefeitura de Santos tem esta semana que entra ainda para dar resposta na ação.

HISTÓRIA:

Os primeiros trólebus em Santos começaram a operar em 12 de agosto de 1963. Chegaram inicialmente cinco veículos de um lote de 50 do modelo Fiat Alfa-Romeo Marelli Pistoiese, importados da Itália.

As unidades pertenciam ao poder público por meio do Serviço Municipal de Transportes Coletivos SMTC, que em 1976 foi substituído pela Companhia Santista de Transportes Coletivos – C.S.T.C., também uma empresa pública.

Os atuais seis trólebus operados pela Viação Piracicabana são fabricados pela Mafersa e foram comprados pela – C.S.T.C. em 1987, sendo destinados para a linha 20.

As linhas de trólebus começaram a ter redução significativa na cidade a partir dos anos 1990, quando a C.S.T.C. enfrentava problemas financeiros e de gestão.

De mais de dez linhas, o sistema foi reduzido apenas para o trajeto da linha 20.

Em 1998, com a extinção das operações da C.S.T.C., a Piracicabana assumiu os seis trólebus Mafersa.

Para a implantação da rede aérea do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, os seis trólebus Mafersa deixaram de operar ainda no primeiro semestre de 2016. A fiação do VLT cruzava com a do trólebus.

Após a compra de uma peça importada da República Tcheca por 20 mil euros, que permite o cruzamento das duas redes aéreas, os trólebus tiveram condições de retornar em agosto de 2017.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Adamo muito legal a parte da matéria que conta a história do trólebus em Santos, precisa, concisa e informativa. Parabéns!

    Por outro lado o EFEITO BARSIL está ai mais uma vez presente FIRME, FORTE, ABESTALHADO E ATRAPALHANTE.

    A questão é salomônica e sexual de anjos.

    A pergunta que me vem a mente agora é:

    AONDE ESTÁ A RAZÃO ??

    Que cada leitor faça 5 minutos de reflexão e 1 minuto de silêncio em respeito a morte do Barsil.

    Amigos, quando isto irá acabar no Barsil ??

    Quem manda no Barsil ??

    Quando faremos bem feito da primeira vez ??

    Quem vai pagar “a peça importada da República Tcheca por 20 mil euros” ??

    Seis trólebus não são susbstituidos num piscar de olhos ??

    Por que então os seis trólebus foram “ressuscitados” ??

    Incompetência ?? Bússola sem ponteiros ?? Falta de comando ?? Política ??

    Infantilidade ?? Improbidade Administrativa ?? Abuso de puder ?? Brincando de Jestão ??

    Incompetência ??

    Só sei que estas questões servem para reflexão para o Barsil como um todos, afinal todo o Barsil é Jerido administrativamente desta forma.

    Só uma coisa é certa esta forma de Jegir o Barsil é o cancer que impede a VIDA do Barsil.

    Estou profundamente triste com esta notícia, em todos os sentidos.

    Óbvio que a acessibilidade é imprescindível, mas não é esta a questão que eu comento neste momento.

    MUDA BARSIL, OU FECHE AS PORTAS.

    É MAIS HONESTO COM TODOS.

    Att,

    Paulo Gil

  2. Arthur Lira disse:

    Poxa! Isso é patrimônio histórico! Não precisa extinguir eles.

    Mas se isso se concretizar mesmo, que a Piracicabana adquira outros trólebus novos, pra manter um pouco do patrimônio.

    Só Santos, São Paulo e o ABC possuem esse tipo de buzão, que fez muita importância na História do Transporte.

    Quando é pra ajudar, ninguém toma atitude. Mas pra atrapalhar…

    Por favor Defensoria, que tirar esses Mafersas de operação não seja tirar a rede de trólebus.

  3. De realizar esta medida, es la mas tonta de todas . El trolebus debe continuar circulando y poner ademas si quieren microbuses para personas con discapacidad . En caso que tiren los trolebuses, regalenlo a la ciudad de Rosario , Aca serán bienvenidos

  4. Urashima disse:

    Ao invés de pedir a retirada do sistema de trolebus por que não trabalha-se para a substituição por modelos novos, como os de São Paulo. Os novos modelos ten piso baixo e atendem as questões de acessibilidade. Já faz algum (muito) tempo que pessoas integrantes do judiciário optam pelo pensamento retrógrado, de proibição, cortes severidade (essa última bem seletiva). Pessoas que não foram eleitas, não são afeitas a debates democráticos mas que querem exercer as funções do poder executivo. Isso é muito preocupante.

  5. Felipe disse:

    Esses Mafersas não foram reformados uns anos atrás? Por que diabos esqueceram de colocar elevadores? Se der ruim, basta comprar novos veículos piso baixo, para retirar os fumaçentos dessa Linha 20.

  6. andre magalhães disse:

    Se em 19 anos a empresa não fez nada nos trólebus é porque não interessa e pronto!
    Se depender deles era tudo a diesel.

  7. Valdir disse:

    Estes trolebus são uma parte da história da cidade de Santos assim como os bondes. Preservar é deixar marcados nossos passos para futuras gerações. Qto a peça importada deve estar prevista no custo de implantação do VLT. Podemos replicar eliminar jamais!!!

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