Eduardo Paes suspende decisão sobre aumento da tarifa de ônibus no Rio de Janeiro

Motivo foi polêmica com o prefeito eleito Marcelo Crivella e equipe

ADAMO BAZANI

O prefeito Eduardo Paes decidiu agora há pouco cancelar o reajuste nas tarifas dos ônibus municipais do Rio de Janeiro a partir da próxima semana.

A medida foi tomada após manifestação do futuro secretário Municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, que será vice-prefeito, e do prefeito-eleito Marcelo Crivella, que já haviam se posicionado contra o reajuste.

Caso houvesse o aumento, a tarifa subiria para R$ 3,95.

As empresas de ônibus alegam problemas financeiros por causa de uma eventual defasagem, inclusive com a possibilidade de fechamento de mais viações em 2017. Entre 2015 e 2016, seis companhias de ônibus faliram.

A Secretaria Municipal de Transportes divulgou uma nota oficial comunicando a suspensão do reajuste

“Tendo em vista as manifestações do vice-prefeito eleito e futuro secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell contra o reajuste anual das tarifas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, uma obrigação estabelecida no contrato de concessão, a Secretaria municipal de Transportes decidiu não publicar a resolução de mudança do valor. De acordo com a fórmula parimétrica, a tarifa do Bilhete Único Carioca passaria a ser de R$ 3,95, com um reajuste de 3,59%, valor bem abaixo da inflação de 6,58% acumulada nos últimos 12 meses pelo IPCA-E. Apesar de defender o cumprimento do contrato, o prefeito Eduardo Paes entende que no momento é necessário respeitar a decisão do prefeito eleito Marcelo Crivella e sua equipe”.

Em nota, o Rio Ônibus, sindicato das empresas da capital lamenta a decisão e diz que a equipe de Crivella não conhece o sistema:

A respeito da decisão sobre a suspensão do reajuste da tarifa de ônibus em 2017, o Rio Ônibus esclarece:

– O Rio Ônibus lamenta que a primeira decisão da futura administração da área de Transportes não tenha respeitado o contrato de concessão assinado em 2010. É o contrato que garante a segurança jurídica necessária à continuidade dos investimentos feitos pelos consórcios. O reajuste anual da tarifa representa a recomposição de custos e obrigações assumidas ao longo do ano, como combustível, mão de obra, entre outras.

– A decisão da futura administração da área de Transportes sinaliza um desconhecimento em relação à crise econômica que vem impactando o setor de ônibus do município do Rio. De acordo com dados da própria Secretaria Municipal de Transportes, nos primeiros nove meses do ano houve uma perda de 48 milhões de passageiros, que vem acentuando o desequilíbrio econômico-financeiro das empresas, agravado também pelo crescimento do desemprego. Desde abril de 2015, seis empresas encerraram as suas atividades e outras 12 enfrentam atualmente dificuldades semelhantes.

– A suspensão do reajuste da tarifa de ônibus coloca o Rio na contramão de decisões tomadas por administrações de outros municípios em todo o país, que respeitaram contratos vigentes e concederam a reposição do valor das passagens. É importante lembrar que outros modais de transporte tiveram seus reajustes recentemente anunciados, como trens e barcas, de forma a assegurar o equilíbrio econômico-financeiro de seus contratos.

– Mesmo não concordando com a decisão, o Rio Ônibus se coloca à disposição para esclarecer  dúvidas e fornecer as informações financeiras e operacionais dos consórcios. Vale ressaltar que todos os dados enviados ao poder público passam por auditoria externa.

– Ao mesmo tempo em que está aberto ao diálogo, o Rio Ônibus não deixará de adotar as medidas cabíveis de modo a garantir o cumprimento do contrato de concessão e a continuidade dos serviços de ônibus no município do Rio. 

 Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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