Veículo de manutenção do Metrô perde o freio durante troca de trilho: Sindicato relaciona com o problema da linha 1 e companhia descarta ligação. TCE cobra respostas

Modelo como do veículo que teve falha em freios

De acordo com metroviários, sistema de controle não reconheceu a presença do veículo no trecho e que poderia ocorre atropelamento de trabalhadores. Estatal nega risco

ADAMO BAZANI

Um veículo de manutenção do Metrô de São Paulo perdeu o freio e se deslocou por um trecho com este defeito na madrugada desta sexta-feira, 20 de outubro de 2023, na região da estação São Bento, na linha 1-Azul.

O equipamento estava sendo usado num trabalho de troca de trilhos.

A linha 1-Azul ficou mais de três horas com problemas, desde o início da operação, às 4h40 até pouco antes de 8h00, o que impactou também as linhas 2-Verde e 3-Vermelha.

A linha 1 chegou a ter a circulação suspensa por um período entre Tucuruvi, na zona Norte, e Luz, na região central, e depois o trecho operou em via única.

O Metrô chegou a acionar 20 ônibus articulados do PAESE (Plano de Atendimento entre Empresas em Situação de Emergência) para atender a este trecho.

O Sindicato dos Metroviários relacionou o problema do veículo de manutenção com o que ocorreu com as linhas na manhã desta sexta-feira (20). Já o Metrô diz que não houve relação.

Segundo os metroviários, durante o reboque do veículo de manutenção sem freio, ele ocupou o estacionamento na região de Luz que fica entre luz e Tiradentes.

O comboio (veículo socorrido + o veículo que rebocou) gerou uma ocupação na máquina de chave que é responsável no trecho para o trem sair do estacionamento para via principal (sentido Tucuruvi ou Jabaquara) e também pelas rotas normais (Tiradentes – Luz e Luz- Tiradentes).

Por causa disso, ainda segundo os metroviários, o sistema automático não funcionou, fazendo com que todos os trens operassem em modo manual do CBTC (limitado a 30 km/h e com segurança do sistema mais comprometida).

Na descrição do incidente notável, o Metrô escreveu “sistema de proteção automática do CBTC

Nas redes sociais, o Sindicato postou que  “Além de prejudicar o início da sexta feira do povo trabalhador, esse problema foi mto grave tbm porque o veículo sem freio poderia ter atropelado trabalhadores em atividade na via ou ter causado alguma colisão (…) Depois disso, o sistema de sinalização dos trens da linha 1 não estava reconhecendo a presença deste veículo na via.  A combinação desses 2 motivos – problemas no freio do veículo de manutenção e não reconhecimento de sua presença – prejudicou a operação da linha 1 hoje

Em nota, o Metrô negou a relação dos dois fatos e que os trabalhadores correram risco.

Ao contrário do divulgado pelo Sindicato dos Metroviários, a falha que impactou a operação da Linha 1-Azul na manhã de hoje (20) não tem qualquer relação com o incidente no veículo de manutenção durante a madrugada, além de não ter oferecido nenhum risco aos colaboradores que atuavam na operação no momento do ocorrido.

Durante uma atividade rotineira de troca de trilho, o veículo apresentou falha no sistema de freio hidráulico e se deslocou por um trecho. A parada foi feita ao utilizar o freio motor do veículo pelo operador. Foram tomadas as devidas ações de manobra do veículo para o estacionamento e liberada a operação comercial.

O Metrô ressalta que todos os veículos passam por manutenção preventiva e corretiva, periodicamente, para o pleno funcionamento. A última manutenção ocorreu em maio deste ano, em total conformidade com os critérios estabelecidos pela Companhia. Antes da operação matinal, os veículos passam por verificação de itens de segurança (freios, inclusive) pelo operador, sendo a inspeção realizada nesta madrugada sem qualquer intercorrência.

O Metrô reforça que não há nenhuma intenção de sucateamento das atividades e veículos e esclarece que conta com uma linha orçamentária para a renovação da frota, inclusive com a aquisição de dois veículos: esmerilhador e socadora. A Companhia mantém o foco na modernização e excelência na prestação do serviço ao usuário, bem como a responsabilidade com a segurança dos passageiros e funcionários.

O conselheiro Dimas Ramalho, do TCE (Tribunal de Contas do Estado) quer que o Metrô esclareça o que ocorreu em cinco dias, apresentando de “forma pormenorizada, as justificativas, informações e providências adotadas, bem como demais ações a serem realizadas para evitar ocorrências semelhantes, acompanhadas de documentos comprobatórios”

O  Metrô disse que dará todos os esclarecimentos necessários ao Tribunal de Contas

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

 

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