Eletromobilidade

Fabricantes de veículos elétricos repudiam veto de Tarcísio e declaração de Zema

De acordo com ABVE, atitudes podem prejudicar investimentos: Governador de São Paulo vetou incentivo a veículos elétricos e Governador de Minas Gerais disse que carro elétrico é ameaça contra empregos

ADAMO BAZANI

Fabricantes de motos, carros, caminhões e ônibus elétricos no Brasil, reunidos na ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) repudiaram por meio de nota oficial nesta sexta-feira, 20 de outubro de 2023, o veto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a um projeto de lei que isenta donos de carros elétricos de IPVA por cinco anos.

A entidade também criticou, na mesma nota, as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que afirmou que carros elétricos “são uma ameaça aos nossos empregos”.

Como mostrou o Diário do Transporte ainda na manhã desta sexta-feira (20), para justificar o veto, Tarcísio alegou que o PL (Projeto de Lei) desconsiderou veículos de outras tecnologias que também podem trazer benefícios ambientais, como etanol e biometano.

O governador de São Paulo ainda sustentou que a isenção tributária alcança veículos híbridos com motores movidos exclusivamente à gasolina. Isso, segundo observa, está em descompasso “com o vigor da produção do etanol e com as promissoras perspectivas de utilização do biometano produzido no Estado”.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/10/20/tarcisio-de-freitas-veta-lei-que-incentiva-uso-de-carros-eletricos-e-hibridos-no-estado-de-sp-ideia-ele-diz-desconsidera-etanol-e-biometano/

Já Zema, na abertura do encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), realizada na tarde desta quinta-feira (19) em São Paulo, disse que o aumento da frota de carros elétricos “ameaça” os empregos no Brasil.

Na visão do governador de Minas Gerais, o Brasil possui uma solução igual ou melhor que o carro elétrico: o etanol.

“Nós temos que lembrar: o carro elétrico é uma ameaça aos nossos empregos aqui. A transição para o carro elétrico envolve a importação de baterias, que pouquíssimos países produzem. Envolve nós destruirmos aqui milhões de empregos de uma cadeia produtiva que não vai ter mais sentido, peças de motor à combustão, escapamentos, uma série de itens não são utilizados no carro elétrico. Vai significar a migração de empregos, sem considerar em posto de gasolina, em concessionárias”, afirmou Zema.

A entidade dos fabricantes disse os “posicionamentos [dos dois governadores] podem causar insegurança às empresas que já estão investindo e gerando emprego e renda no país”

Sobre Zema, o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, lembrou que, em maio de 2023, o próprio governador de Minas Gerais lançou na Nasdaq, a bolsa de valores do setor tecnológico de Nova York, o projeto do Vale do Lítio.

“Esse lítio é só para ser exportado in natura? Não seria mais adequado essa riqueza servir à produção de baterias, automóveis e ônibus elétricos no Brasil”?

Já a respeito do veto de Tarcísio, o representante das fabricantes disse que a decisão do governador de São Paulo de vetar um projeto de lei da Assembleia Legislativa que propunha incentivos à eletromobilidade no Estado, substituindo-o por uma proposta que esquece os veículos elétricos, vai na contramão da via tecnológica mais promissora de combate às mudanças climáticas.

Veja a nota na íntegra:

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico manifesta sua decepção com as declarações recentes dos governadores de São Paulo e Minas Gerais, ambos surpreendentemente hostis ao desenvolvimento do mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil.

A surpresa é ainda maior se considerarmos que os investimentos mais firmes do setor automotivo brasileiro, anunciados nos últimos meses, são justamente de empresas que estão transformando a indústria nacional, investindo em novas tecnologias e renovando suas linhas de ´produção para fabricar tais veículos no país, inclusive com a aquisição de plantas industriais desativadas.

“Não faz sentido as autoridades dos principais Estados do país criarem insegurança a empresas que já se comprometeram a gerar empregos de qualidade e trazer inovação tecnológica à indústria brasileira” – disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.

“Não nos parece sábio essas autoridades darem um sinal de desconfiança à tendência mais relevante do setor automotivo mundial, e esperamos que essas posições sejam reconsideradas”.

“A eletromobilidade é um ecossistema completo. Inclui não só automóveis, mas a nova cadeia produtiva de ônibus elétricos, a vibrante indústria de infraestrutura de recarga elétrica e um promissor setor de mineração” – acrescentou Ricardo Bastos.

Ele lembrou que, em maio, o próprio governador de Minas Gerais lançou na Nasdaq, a bolsa de valores do setor tecnológico de Nova York, o importante projeto do Vale do Lítio.

“Esse lítio é só para ser exportado in natura? Não seria mais adequado essa riqueza servir à produção de baterias, automóveis e ônibus elétricos no Brasil”? – pergunta o presidente da ABVE. 

A ABVE entende que as afirmações do governador de Minas Gerais, segundo quem o veículo elétrico “é uma ameaça” aos empregos, estão em descompasso com a realidade internacional e o desenvolvimento do próprio mercado brasileiro.

Já a decisão do governador de São Paulo de vetar um projeto de lei da Assembleia Legislativa que propunha incentivos à eletromobilidade no Estado, substituindo-o por uma proposta que esquece os veículos elétricos, vai na contramão da via tecnológica mais promissora de combate às mudanças climáticas.

Para a ABVE, o crescente número de emplacamentos de veículos leves elétricos e híbridos nos últimos anos prova que o consumidor brasileiro aposta cada vez mais em produtos modernos e sustentáveis – daí os investimentos no setor.

Esses investimentos estão criando um conjunto amplo de empresas de veículos, componentes, equipamentos e serviços, com um número crescente de startups surgindo a cada dia.

Por fim, a ABVE ressalta que a eletromobilidade não é incompatível com o setor de biocombustíveis. Ao contrário, ela se soma a uma vocação já consolidada da indústria brasileira e potencializa os benefícios de uma das matrizes de geração de eletricidade mais sustentáveis do planeta.

São Paulo, 20 de outubro de 2023

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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