Empresas de ônibus rodoviárias de São Paulo anunciam R$ 1 bilhão em investimentos para renovação de frota e tecnologia
Publicado em: 19 de agosto de 2023

Companhias registram aumento de demanda na ordem de 12% em comparação ao período anterior à pandemia de covid-19
ADAMO BAZANI
O Setpesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de São Paulo) informou nesta sexta-feira, 18 de agosto de 2023, que as companhias de ônibus rodoviários que atuam em linhas regulares começaram um ciclo de investimentos na ordem de R$ 1 bilhão em renovação de frota, tecnologia e ESG (Environmental, Social and Governance), uma sigla em inglês que traduzida significa “Ambiental, Social e Governança”, ou seja, boas práticas.
Estes investimentos envolvem aproximadamente 60 companhias de ônibus que fazem parte de uma campanha contra o transporte clandestino e não autorizado, chamada “Busão Legal”.
Boa parte destes ônibus novos que estão sendo comparados já possui tecnologia Euro 6, obrigatória desde janeiro de 2023 e que pode reduzir, em média, cerca de 75% as emissões de poluentes atmosféricos por veículos a óleo diesel.
Todos estes investimentos têm uma razão: o aumento da demanda de passageiros.
Segundo o sindicato empresarial, em julho de 2023, em torno de um milhão de pessoas utilizaram os ônibus rodoviários com rotas entre cidades do Estado de São Paulo. Este número significa, ainda de acordo com o Setpesp, um aumento de 12% no total de usuários na comparação com o mesmo mês de 2019, antes, portanto, da pandemia de covid-19.
O mês de julho, por ser de férias escolares e de diversas atividades econômicas, é considerado um dos mais importantes para os setores ligados ao turismo.
O alto custo das viagens aéreas e de combustível e pedágio para deslocamentos de carro ajudam a explicar este aumento na procura pelos ônibus.
As empresas de transportes coletivos rodoviários querem não só aproveitar o momento, mas fidelizar os passageiros para que não desistam viajar de ônibus, mesmo com uma eventual redução das tarifas de passagens aéreas ou do custo de viajar por carro.
Em relação à tecnologia, entre os itens que estão sendo comprados pelas empresas, estão melhoria dos processos operacionais, sistemas de telemetria e segurança, como monitoramento antifadiga, dispositivos antitombamento e acompanhamento remoto da viagem em tempo real.
As companhias também dizem que estão contratando mais motoristas e pessoal das áreas de venda, administração e manutenção.
“As empresas que fazem parte da Busão Legal são responsáveis por transportar mais de 120 milhões de pessoas ao ano, desde o embarque até o destino escolhido. Desse total de passageiros, mais de 13,5 milhões viajam de forma gratuita ou com desconto, de acordo com a legislação vigente, incluindo idosos, pessoas com deficiência, policiais e estudantes.” – diz o Sindicato.
A campanha do Busão Legal também foi criada para ser uma contraofensiva das empresas regulares em relação aos aplicativos de ônibus, que utilizam companhias de fretamento para fazer trajetos semelhantes aos regulares, mas sem cumprir horários e oferecer gratuidades.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
A campanha do Busão Legal também foi criada para ser uma contraofensiva das empresas regulares em relação aos aplicativos de ônibus, que utilizam companhias de fretamento para fazer trajetos semelhantes aos regulares, mas sem cumprir horários e oferecer gratuidades.
O engraçado é que algumas das grandes empresas associadas também tem ligações com aplicativos que fazem operação com fretamento. Tem horas que acho que as ações políticas sobre transporte deveriam se basear em evitar rixas. Só que lembremos que muitas grandes empresas estaduais e nacionais tem um grande mercado inclusive no fretamento.
Investir deveria ser uma obrigação, não uma desculpa “porque o outro tá atendendo mais porque tá barato”.
Por exemplo: Ontem fui ver o preço de passagem de ônibus entre Embu das Artes (rodoviária) e cidades do “Vale do Ribeira” (Registro e Litoral Sul), e as tarifas estavam bem caras (em torno e acima de 60 reais), diga-se de passagem. Enquanto que se dá sorte, em aplicativo por empresa oficial uma distancia maior como Curitiba é bem mais barato. Dependendo, mais fácil comprar uma tarifa para mais longe e pedir para o motorista descer no meio do caminho do que comprar a passagem da empresa oficial.
Mas ironias à parte, é como sempre bato na tecla nestes comentários: comunicar aos usuários as linhas existentes e possibilidades de partida sempre é uma boa. Muitas vezes as pessoas vão às rodoviárias pensando que vão encontrar uma rota, mas dão de cara com desinformação e desencontros. Ou ficam “reféns” de linhas que tem preços caros para chegar em cidades mais ermas e fora de rotas comuns, diferente das linhas entre as capitais e/ou sedes de metrópoles.
Boas práticas não deve só ser um nome de marketing. Isso deve ser o dia a dia da empresa, e claro, não só de uma mas de todas, e como política para a mobilidade urbana também, dado que uma empresa de transporte rodoviária FAZ PARTE do transporte público. Atender bem, comunicar de forma clara e se possível estar à frente do cliente quanto a informação,
Infelizmente, as atitudes negativas transformaram o transporte rodoviário em uma imagem negativa, gerando o velho preconceito tipo “é transporte de pobre”. Renovar esta imagem é um trabalho complicado – e vemos boas matérias no Diário do Transporte sobre o esforço desta mudança.
No entanto, ainda ficar na velha desculpa da rixa acaba só sendo enxugar gelo. Apenas se esforcem em operar legal, vejam as linhas que tenham uma demanda, ofertem e façam o usuário não se decepcionar com uma linha desativada do nada “só porque tinha baixa demanda”. Nós, usuários, damos valor a quem dá valor justo. Simples assim. ;)