Indústrias alertam para risco de falta de combustíveis, comida e remédios e citam problemas com ônibus de trabalhadores, diz CNI

Entidade que reúne diversos setores se diz contrária a bloqueios realizados por grupos de bolsonaristas em rodovias; 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para transporte de sua produção

ADAMO BAZANI

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) se posicionou na tarde desta terça-feira, 1º de novembro de 2022, contra as manifestações bolsonaristas que bloqueiam rodovias em diversas partes do País. Estes grupos dizem que estão indignados e se sentem injustiçados com o processo eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro foi derrotado nas urnas no último domingo, 30 de outubro de 2022, segundo turno.

A entidade, que reúne as indústrias de diversos setores, alerta para riscos de desabastecimento de itens como comida, remédios, insumos hospitalares, combustíveis, entre outros.

A CNI ainda destacou os impactos na circulação de ônibus, dificultando o deslocamento dos trabalhadores, e que 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para transporte de sua produção.

Veja a nota oficial na íntegra:

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta para o iminente risco de desabastecimento e falta de combustíveis, caso as rodovias não sejam rapidamente desbloqueadas. As indústrias já sentem impactos no escoamento da produção e relatam casos de impossibilidade do deslocamento de trabalhadores. 

As paralisações também já atingem o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais, bem como matérias-primas básicas para as atividades industriais. Dados da CNI mostram que 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para transporte de sua produção. 

O setor industrial se posiciona contrariamente a qualquer movimento que comprometa a livre circulação de trabalhadores e o transporte de cargas, e que provoque prejuízos diretos no processo produtivo e na vida dos cidadãos – os mais impactados com essa situação. O direito constitucional de ir e vir dos brasileiros precisa ser respeitado. A CNI é veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população. 

A CNI mantém permanente contato com representações setoriais e estaduais, a fim de monitorar os impactos dos bloqueios sobre as atividades produtivas do país, bem como interlocução direta com as instituições competentes visando à célere liberação de rodovias federais e estaduais, com a observância da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

HISTÓRICO:

Bolsonaristas inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas realizam os bloqueios que causam transtornos. Bolsonaro ficou em silêncio desde a noite de domingo (30) depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter confirmado oficialmente a vitória do adversário Luís Inácio Lula da Silva, até o meio da tarde de terça-feira (1º).

Em redes sociais e em emissoras de rádio, caminhoneiros dizem que em cada ponto de bloqueio são pequenos os grupos que causam os tumultos, mas os demais não seguem viagem porque têm medo de agressão ou de ter os veículos destruídos pelos organizadores.

São três fatos inéditos na história eleitoral do Brasil desde a redemocratização:

– Nunca um presidente que tentava a reeleição foi derrotado, como aconteceu com Bolsonaro;

– Nunca um Presidente da República se calou por tanto tempo depois das eleições – só falou depois de quase 48 horas.

– Nunca ocorreram protestos simultâneos contra um resultado de eleições.

O Diário do Transporte mostrou que passageiros de linhas de ônibus metropolitanos e rodoviários foram prejudicados.

As empresas de ônibus tiveram de cancelar diversas viagens.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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