Metalúrgicos farão assembleia sobre 3,6 mil demissões da planta da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo

Montadora alemã pretende terceirizar atividades. Diretoria da empresa esteve com sindicalistas

ADAMO BAZANI

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC vai fazer uma assembleia às 14h desta quinta-feira, 08 de setembro de 2022, para discutir comunicado da Mercedes-Benz sobre os planos de reestruturação da fabricante de caminhões e ônibus da planta em São Bernardo do Campo que pode resultar em 3,6 mil demissões.

A informação sobre os projetos da empresa foi divulgada em boletim para funcionários.

“Nesta terça-feira, estiveram aqui na sede do sindicato o senhor Achim Puchert, presidente da Mercedes-Benz; o senhor Fernando Garcia, vice-presidente de Recurso Humanos; e o senhor Luiz Carlos, diretor de Relações Institucionais da empresa. Vieram dizer aqui que querem iniciar um processo de negociação com o Sindicato acerca dos temas que estão no boletim divulgado” – confirmou o presidente do sindicato dos metalúrgicos, Moisés Selerges.

Os cortes de 3,6 mil vagas se darão de forma gradativa e representam 35% dos 10,4 mil funcionários da planta de São Bernardo do Campo e 60% das áreas diretamente atingidas.

Além da modernização da planta, com a fábrica 4.0, que elevou o índice de automação, os cortes se darão pela terceirização de departamentos como logística, manutenção, fabricação e montagem de eixos dianteiro e transmissão média, ferramentaria e laboratórios. Somente destas áreas, são 2,2 mil trabalhadores que serão cortados.

Os 1,4 mil trabalhadores temporários não terão os contratos renovados. As contratações vencem em dezembro de 2022.

A Mercedes-Benz sustenta que o mercado automotivo se tornará cada vez mais competitivo e as novas tecnologias impõem o que chamou de “nova dinâmica” no setor.

Diante do quadro alegado, a montadora alemã diz que é necessário focar apenas nas suas atividades principais que são fabricação de caminhões e chassis de ônibus, além do desenvolvimento de tecnologias e serviços do futuro.

Tal medida, no entendimento da Mercedes-Benz, reduziriam custos e aumentariam a produtividade.

A Mercedes-Benz citou que investiu no Brasil R$ 2,4 bilhões para o período entre 2018 e 2022 e apresentou a fábrica 4.0 de caminhões e chassis de ônibus.

A montadora também destacou o lançamento de “produtos de alta tecnologia e segurança”, como o chassi de ônibus elétrico urbano eO500U.

Estes lançamentos, para a Mercedes-Benz, já integram a “nova dinâmica” citada pela montadora.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos disse ainda que o clima de angústia tomou conta dos trabalhadores.

“Nós sabemos que a partir deste boletim, a angústia e o medo tomaram conta da fábrica, mas tenho certeza que se estivermos unidos e solidários uns com os outros, sairemos vitoriosos deste processo” – disse.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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