ÁUDIO: Reajuste de tarifa de ônibus pode aumentar em 2% inflação, diz Nunes em encontro com Pacheco

Prefeito de São Paulo recebeu promessa de presidente do Senado de votação de projeto de custeio pelo Governo Federal das gratuidades para idosos e pessoas com deficiência; Idec é contra e manda carta a senadores

ADAMO BAZANI

OUÇA:

Em encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em Brasília nesta quarta-feira, 09 de fevereiro de 2022, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, recebeu a promessa do chefe da casa legislativa de que nas próximas semanas haverá a votação de um projeto que pode fazer com que as tarifas de ônibus não sejam reajustadas ou tenham um reajuste menor.

O projeto de autoria dos senadores Nelsinho Trad e Giordano prevê que o Governo Federal ajude as prefeituras no custeio das gratuidades para idosos com 65 anos de idade ou mais e pessoas com deficiência.

Nunes confirmou que a cidade de São Paulo não vai reajustar as tarifas de ônibus até a definição do projeto, mas expressou preocupação com o tempo.

Segundo o prefeito, o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo e em outras cidades de médio e grande portes pode trazer um impacto de 1% a 2% na inflação.

“Nossa preocupação grande é com a questão da tarifa. Se São Paulo e as demais cidades do Brasil praticarem o aumento da tarifa de ônibus, aí sim vai ter uma repercussão de 1% a 2% na inflação direta, além de prejudicar o mais pobre que usa o transporte coletivo. É preciso fazer algo para segurar os aumentos de tarifas do transporte coletivo no País inteiro” – disse ao acreditar que haverá a aprovação no Congresso.

Como mostrou o Diário do Transporte, prefeitos que integram a FNP (Frente Nacional dos Prefeitos) e a Ministra-Chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, se reuniram no dia 28 de janeiro de 2022, na prefeitura de São Paulo, para discutir como o Governo Federal pode ajudar no financiamento dos sistemas de ônibus para evitar a interrupção dos serviços e a também os reajustes das tarifas.

Foram apontados dois caminhos possíveis para que este financiamento saia do papel: ou o presidente Jair Bolsonaro edita uma MP (Medida Provisória) com a previsão dos recursos ou então a aprovação já em fevereiro de um projeto de lei que determine este custeio de gratuidades.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2022/01/28/video-mp-de-bolsonaro-ou-pl-podem-viabilizar-dinheiro-da-uniao-para-gratuidade-de-idosos-nos-onibus-em-todo-o-brasil-e-nunes-fala-em-nao-aumentar-tarifa-de-onibus-em-sao-paulo/

IDEC É CONTRA:

O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) enviou nesta terça-feira (08), uma carta aos senadores com críticas à proposta de o Governo Federal custear a gratuidade dos idosos no transporte público das cidades.

Segundo o órgão, o subsídio federal à gratuidade dos idosos apareceu no projeto de lei (PL) 4392/2021, que agora também vem sendo defendido por prefeitos, além da PEC dos Combustíveis. De acordo com o Idec, em nota, as principais falhas da proposta são:

1- Exigência de cartão – viabilizar esse formato de repasse exigiria contabilizar o número exato de idosos que circulam nos ônibus. Para isso,  propõe-se acabar com o direito do idoso acessar o transporte apresentando apenas o RG, obrigando-o a fazer cartões especiais. Algumas cidades já adotam o cartão para pessoas com mais de 65 anos, mas isso impede que o idoso acesse o benefício quando for a outras cidades. Essa dificuldade prejudica o pleno direito de gratuidade no acesso desse público ao transporte, que é garantido na Constituição.

2- Custeio imensurável – os idosos acessam o transporte apenas como o RG, não rodam a catraca. Assim, não há como contabilizar com segurança esse público para calcular de forma confiável o valor do custeio. A proposta é baseada em estimativas, o que reforça a visão já existente na sociedade sobre a falta de transparência no setor.

3- Não existe benefício novo – a gratuidade do idoso já é uma realidade. A proposta em questão não produz um novo impacto social, nem traz inovações para a transparência gestão do transporte.  Trata-se apenas de uma injeção de recursos direto para os empresários, sem gerar nenhuma melhoria no serviço.

4- Proposta não resolve o problema – a gratuidade não é um custo para o transporte. Esse argumento mascara um dos principais problemas do setor, apontado há anos: a instituição da tarifa paga pelo passageiro como a única fonte de recursos para bancar os custos do serviço. Isto é, a remuneração das empresas por lotação. O custo real dos empresários não está na quantidade de passageiros transportados, mas nos insumos para viabilizar o serviço, como combustível, veículo, salários dos trabalhadores etc.

“A melhor forma de resolver a crise é fiscalizar os custos reais das empresas e pagá-las com base nesses valores”, disse na mesma nota, coordenador do programa de Mobilidade Urbana do Idec, Rafael Calabria.

O Idec aponta projetos de lei que criam soluções que acha ser melhores para resolver a crise financeira das empresas de transporte público. Entre os quais,  estão o PL 2025/20 (Programa Emergencial do Transporte Social); e o PL 4489/21 (Vale Transporte Social). Ambos preveem a criação de gratuidades para pessoas de baixa renda.

“Esses programas atrairiam de volta para o transporte público pessoas que estão excluídas pelo alto valor das tarifas. Elas voltariam a se deslocar para procurar emprego, trabalhar, prestar outros serviços, consumir etc. Ou seja, traria um ótimo impacto social e econômico”, destacou Calabria na mesma nota.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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