Eletromobilidade

Ônibus elétrico da Higer já está na Transwolff e começa testes na próxima semana pela empresa em São Paulo

Início será sem passageiros, mas veículo também vai fazer transporte de pessoas em seguida

ADAMO BAZANI

Já está na garagem da empresa Transwolff, na zona Sul de São Paulo, o ônibus 100% elétrico da empresa chinesa Higer para iniciar um novo ciclo de testes pelas ruas da capital paulista.

A expectativa da empresa operadora e da fabricante é que os testes iniciem na próxima semana.

A intenção é que nos dias 11 (terça-feira), 12 (quarta-feira) e 13 (quinta-feira) de janeiro de 2022, sejam feitos os testes de autonomia de baterias e de funcionamento de outros componentes. A partir de sexta-feira, 14 de janeiro de 2022, devem começar as operações experimentais com passageiros.

As datas podem passar por alterações e são estimativas.

As próximas empresas que devem receber o veículo para testes são Sambaíba, na zona Norte, e, em seguida, Metrópole Paulista.

Até então, o ônibus estava sendo avaliado diretamente pelos técnicos da SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema municipal.

Como mostrou o Diário do Transporte, o ônibus foi apresentado ao prefeito Ricardo Nunes em 11 de novembro de 2021.

O modelo Azure A12 BR, fabricado na China, mas preparado para receber peças nacionais, tem 12,2 metros de comprimento, capacidade para 70 passageiros entre em pé e sentados, baterias com autonomia de até 270 km, piso baixo total e o modelo de negócios contempla uma espécie de aluguel de 15 anos que inclui fornecimento de energia, troca de baterias e manutenção.

Para ouvir a entrevista, clique neste link:

https://diariodotransporte.com.br/2021/11/11/entrevista-higer-tevx-e-sptrans-apresentam-novo-modelo-de-onibus-eletrico-que-sera-testado-na-capital-paulista/

O ÔNIBUS:

O ônibus é o modelo Azure A12BR (tipo básico da SPTrans), de 12 metros de comprimento com capacidade para 70 passageiros e duas portas de acesso.

O peso é de 13,7 toneladas, o que segundo a empresa, pode ser de uma a duas toneladas menor que ônibus similares do mesmo porte. O tempo de recarga das baterias pode ser entre 2h30 e 3h e a autonomia das baterias entre 250 km e 270 km com uma carga única.

O ônibus é do tipo monobloco, que não necessita de encarrroçamento. Deve ser mantido este modelo quando as importações começarem para o Brasil.

Apesar de ser feito China, Barella e Barreto afirmam que o ônibus todo foi preparado para o mercado nacional, por isso a sigla BR na nomenclatura, inclusive sendo firmadas parcerias com fabricantes que estão instaladas no Brasil.

“O ônibus foi feito e configurado para as nomas no Brasil de segurança e acessibilidade, como a NBR 15570. A maioria dos componentes do Azure é de fabricantes que têm estrutura no Brasil; por exemplo, os eixos são da ZF, os motores são da Dana, o ar-condicionado é da Valeo, a direção hidráulica é da Bosch, a parte de suspensão da TRW, freios da WABCO entre outros. Com isso, a gente quer dar tranquilidade ao operador que ele vai ter pós-venda e peças de reposição.” – exemplificou Barella

Barreto explica que o ônibus vai ser importado no sistema PKD, ou seja, toda a estrutura do ônibus será trazida sem os componentes, que serão instalados no Brasil. Por isso, que será possível o uso de peças nacionais, sendo a Higer responsável, além da carroceria e chassis, pela bateria e por toda a “inteligência” do sistema.

“A grande tecnologia da Higer é a gestão dos controladores e inversores de energia, além das baterias. A gente tem um pacote cinco em um, de uma central total, diferentemente de outras marcas, com isso, ganhamos em peso e custo de manutenção. A tecnologia de monobloco, que estamos reinserindo no Brasil, é a mais indicada. Isso porque, o ônibus elétrico é muito sensível a peso e volume. A Higer tem chassis, mas as carrocerias brasileiras são muito pesadas, o que deixa de uma a uma tonelada e meia a mais”

DIFERENCIAIS:

A Higer enumerou algumas características do modelo que, segundo a fabricante, o diferenciam de outros ônibus elétricos disponíveis no Brasil.

– Piso Baixo Total: diferentemente dos modelos atuais Low Entry, com piso baixo só até a metade do ônibus e degraus no corredor, o Azure A12 BR tem toda a extensão (para-choque a para-choque) com piso baixo. (Atualmente, de piso baixo total só existem os Busscar Urbanuss Pluss LF, que são trólebus – ligados à fiação – que operam pela Next Mobilidade/Metra no Corredor ABD, entre a região do ABC e a cidade de São Paulo).

– Motor traseiro em vez de motor nas rodas: Para a Higer, a posição é melhor por evitar problemas que possam ser gerados pelas instabilidades do pavimento.

– Tempo de recarga: A Higer promete um tempo de recarga de 2h30 a 3h.

– Autonomia: Pode varia entre 250 km e 270 km

– Carregador tipo DC para baterias do ônibus: Segundo a Higer, a tecnologia dispensa a necessidade de transformador dentro do ônibus. Isso porque, as baterias são carregadas em todo o tipo de ônibus no modo DC, mas os carregadores no mercado são do tipo AC, sendo necessário o transformador. Com isso, é possível o carregamento ser mais rápido e a eliminação de um peso de 200 kg a 300 kg.

– Carregadores de celular para quem está em pé: além de entradas USB nos bancos, há também nas colunas

– 5G: O ônibus tem preparação para o wi-fi 5G, tecnologia que está entrando no Brasil

PACOTE COM ÔNIBUS, ENERGIA, BATERIAS E DEVOLUÇÃO:

A Higer diz ainda que firmou uma parceria com a ENEL e a ENGIE que engloba não só a aquisição do ônibus, que segundo a empresa, fará com que a vida útil do veículo tenha um custo menor em comparação a outros ônibus elétricos.

Trata-se de uma espécie “de aluguel” ou “leasing” de duração de 15 anos. Ao fim deste período, o ônibus é devolvido à Higer.

Este “aluguel” é um pacote, que engloba a aquisição do ônibus, fornecimento de energia elétrica, manutenção, peças de reposição, os carregadores e troca de bateria no oitavo ano, com o descarte sendo de responsabilidade da Higer.

“Não existe no Brasil um pacote de financiamento com este prazo. São pagamentos mensais que são bastante enquadrados na realidade dos operadores” – disse Barella.

“Com isso, ao longo de toda a sua vida, o ônibus vai ficar mais barato que as outras opções de modelos de negócios hoje existentes no Brasil” – afirmou Barreto.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Diego disse:

    Já pra pagar funcionários tem que fazer acordo na justiça e ainda por cima paga parcelado empresa lixo

  2. Max Gosslar disse:

    Torcendo para que esta fase de testes resulte em ações conclusivas e não em enrolações – já vi “testes” de ônibus a gás e etanol por anos e anos e que não deram em nada, só “pra inglês ver”. A retirada do motor a diesel de ao menos 30 por cento da frota já seria um avanço na melhoria da qualidade de vida. Sabemos todos que os doze mil ônibus do sistema da prefeitura são os maiores poluidores sonoros e atmosféricos da cidade.

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