Polícia faz diligências para identificar autores de vandalismo contra ônibus em São Paulo e classifica participantes como criminosos
Publicado em: 12 de julho de 2021

São dois inquéritos em andamento e outros podem ser abertos
ADAMO BAZANI
A Polícia Civil de São Paulo realiza diligências para identificar os mandantes de ataques a ônibus na capital paulista que, desde 14 de junho de 2021, têm ocorrido no sistema municipal gerenciado pela SPTrans (São Paulo Transporte).
Nesta segunda-feira, 12 de julho de 2021, mais nove ônibus foram alvos de vandalismo na zona Sul e na zona Leste, todos de forma bem semelhante: grupos invadiram os veículos, danificaram peças das carrocerias e vidros, cortaram correias dos motores e esvaziaram pneus.
Já houve ataques semelhantes na região do Parque D. Pedro II (14 de junho de 2021); Terminais São Mateus e Pinheiros (28 de junho de 2021); na Estr. Iguatemi, na Radial Leste e na Avenida Ragueb Chohfi, na Zona Leste (01º de julho de 2021) e Largo do Paissandu (06 de julho de 2021)
Em resposta ao Diário do Transporte nesta segunda-feira (12), a SSP (Secretaria de Segurança Pública) classificou os responsáveis pelos ataques como criminosos e diz que já há dois inquéritos policiais em andamento, outros podem ser abertos:
A Polícia Militar foi acionada nesta segunda-feira (12) para atender cinco ocorrências de vandalismo em ônibus nas avenidas Sapopemba, Mateo Bei e São Miguel, na Rua Doutor Luiz Ayres e na Ponte do Socorro. A PM enviou viaturas para as regiões e intensificou o policiamento para localizar os criminosos. Os representantes da SPTrans foram orientados sobre o registro da ocorrência no distrito policial. Até o momento, a Polícia Civil não localizou registros das ocorrências citadas.
Sobre os casos mais antigos, dois inquéritos foram instaurados pelo 1º DP e um pelo 14° DP. As equipes policiais realizam diligências em buscas de elementos que auxiliem no esclarecimento dos fatos e identificação dos autores.
ATAQUES:
– 02 de julho de 2021:
Nove ônibus danificados
RADIAL LESTE:
– Rua Doutor Luiz Ayres (próximo ao acesso Av. Águia de Haia), ambos os sentidos
8h20. Ônibus de prefixo 31.156 (linha 2582/10), teve pneus furados, correia partida, retirada a chave e atravessado na via sentido por grupo de manifestantes. E também no mesmo local, no sentido, o ônibus de prefixo 48.481 (linha 3539/10) teve pneus furados, retirada a chave e atravessado na pista.
SÃO MIGUEL PAULISTA:
– Av. São Miguel, 9.600, São Miguel:
7h15 – Grupo de manifestantes abordou o operador, esvaziou dois pneus do coletivo de prefixo 31.289 (linha 3301/10) e estacionou de forma atravessada, tendo sua chave suprimida. Viário foi obstruído. Desvios em São Miguel foram desativados às 9h05.
ITAQUERA:
– Rua Geraldo Vieira de Castro – Itaquera – B/C:
6h20 – Ônibus de prefixo 31.104 (linha 3686/10) depredado no vidro traseiro por indivíduo. Coletivo levado para a garagem.
SAPOPEMBA:
– Av. Sapopemba, 11.000, B/C, Sapopemba:
5h40. O coletivo de prefixo 52.129 (linha 5142/10) após ter sido depredado, teve sua correia do motor cortada e seus pneus rasgados por um grupo de manifestantes, e estacionado de forma atravessada, obstruindo o viário no sentido centro.
SÃO MATEUS:
– Av. Mateo Bei, 2.500, B/C, São Mateus:
Os coletivos de prefixo 41.477, 41.594 e 41.479 foram depredados por indivíduos. Os veículos foram recolhidos à garagem.
PONTE DO SOCORRO:
– Ponte do Socorro, sentido B/C:
5h15. Grupo de manifestantes abordou o ônibus de prefixo 73.880 (linha 675K-10) e cortou a correia do motor, deixando o coletivo atravessado na via, obstruindo totalmente o viário. Houve a tentativa também pelos indivíduos de atear fogo no coletivo, entretanto os operadores, debelaram as chamas com os extintores de incêndio dos veículos. A operação de 62 linhas ficou prejudicada até as 6h
– 06 de julho de 2021:
LARGO DO PAISSANDU:
Dois ônibus atacados.
O veículo 81.907 da linha 8700/10 Term Campo Limpo – Pça Ramos de Azevedo, teve sua chave quebrada na ignição e a correia do motor foi cortada, no Largo do Paissandu com a Avenida São João.
Já o coletivo 11.058, da linha 9501/10 Term Cachoeirinha – Lgo do Paissandu, teve seus vidros quebrados.
– 1º de julho de 2021:
ZONA LESTE
Os ônibus foram atacados na Estrada do Iguatemi, na Radial Leste e na Avenida Ragueb Chohfi.
– 28 de junho de 2021:
TERMINAL PINHEIROS (zona Oeste)
TERMINAL SÃO MATEUS (zona Leste)
Ao menos três coletivos tiveram os pneus esvaziados, obstruindo totalmente a entrada do Terminal.
VIAS DA ZONA LESTE:
Dois coletivos, sendo um na Av. Ragueb Chohfi x Av. Aricanduva e o outro na mesma avenida com a Av. Jacu Pêssego.
– 14 de junho de 2021:
VIADUTO DIÁRIO POPULAR (PARQUE D. PEDRO II)
A SPTrans informou que a partir das 7h30 de 14 de junho de 2021, indivíduos não identificados estão parando os ônibus no Viaduto Diário Popular, murcham os pneus e cortam a correia do motor, visando prejudicar a operação das linhas na região.
SINDIMOTORISTAS NEGA ENVOLVIMENTO E POLÍCIA INVESTIGA ATOS ANTERIORES
O Sindmotoristas, sindicato dos motoristas de ônibus de São Paulo, voltou a negar ligação com estes ataques.
Como mostrou o Diário do Transporte, o 1º DP (Distrito Policial) da capital paulista intimou a prestar esclarecimentos pelo menos 26 pessoas nas investigações sobre os atos de vandalismo contra ônibus na cidade de São Paulo.
De acordo com as investigações, parte das pessoas que foram ou serão ouvidas atua ou atuou como empregados em garagens do sistema.
Algumas delas não estão mais empregadas no ramo de transportes, mas não se afastaram totalmente do setor e estão presentes entre funcionários do sistema.
Os policias também, entre as linhas de investigação, verificam se há questões de cunho trabalhista entre as possíveis motivações.
Relembre:
Numa assembleia sobre a campanha salarial em 06 de julho de 2021, presidente do Sindmotoristas, sindicato dos trabalhadores, José Valdevan de Jesus Santos (Valdevan Noventa), insinuou que opositores da direção do sindicato estariam por trás de ações de vandalismo contra coletivos nos terminais Parque Dom Pedro II, Pinheiros e São Mateus que ocorreram em junho, quando pneus de ônibus foram esvaziados e correias de borracha dos motores foram cortadas.
“Aqui não é no grito, aqui é na responsabilidade de cada um de nós aqui. Então companheiros é fácil, é fácil não representar nada, é fácil não ser dirigente, é fácil não ser representante de nada e ficar 24 horas nas redes sociais pensando que contribui. Difamando esse, difamando aquele, induzindo os trabalhadores, furando pneu, cortando borracha para dizer que é o trabalhador revoltado. São esses que não representam nada, que estão fazendo esses atos vandalismo. Porque essa direção, essa direção para parar a cidade de São Paulo não precisa furar um pneu, não precisa cortar uma borracha !”
Ouça aqui:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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