Relatório da SPTrans mostra que remuneração média por passageiro cresceu 54% em 2020, enquanto pagamento das concessionárias caiu 9%

Receita menor das empresas se deve à forte queda de 41% na demanda de usuários por causa da pandemia

ALEXANDRE PELEGI

A São Paulo Transportes – SPTrans publicou nesta terça-feira, 20 de abril de 2021, o Relatório da Administração referente a 2020, ano marcado pela pandemia de Covid-19.

A empresa afirma que a quantidade de ônibus na cidade permaneceu em torno de 85% da frota funcionando nas linhas para atendimento da população que necessitou dos serviços, fato que impactou diretamente nas atividades e ações da empresa.

Um dos dados demonstrados no Relatório é quanto à forte queda na demanda, decorrente dos impactos decorrentes das medidas de isolamento social.

O volume total de passageiros transportados diminuiu 40,79% (1,076 bilhão) em relação a 2019. Já no comparativo das médias dos dias úteis, a redução real de passagens foi em torno de 41,4% (vide tabela).

O relatório da SPTrans afirma que mesmo com as medidas de isolamento social se iniciando na segunda quinzena de março de 2020, as variações na quantidade de passageiros transportados foram negativas nos meses de janeiro (-6,05%) e fevereiro (-5,76%). A gerenciadora conclui com isso que, antes da pandemia, já havia uma tendência de queda na demanda em torno de 6%.

Como decorrência da forte queda de passageiros em 2020, a receita tarifária, em valor corrente, apresentou uma redução de R$ 1,612 bilhão (-29,78%) em relação a 2019.

Por outro lado, a receita tarifária por passageiro transportado apresentou variação positiva de 18,66% em relação a 2019.

A SPTrans atribui esse aumento a alguns fatos.

O primeiro deles foi o reajuste na tarifa de 2,35%, que passou de R$4,30 para R$4,40 no primeiro dia do ano 2020.

Outro fator apontado foi a maior representatividade dos passageiros pagantes, uma vez que diminuiu a utilização das passagens com gratuidades e isenção tarifária devido às restrições impostas pelas medidas de isolamento social, como a proibição de uso do transporte por idosos (grupo de risco), e a paralisação das aulas. Com a redução das gratuidades, aumentou a média paga por cada passageiro.

Por fim, a SPTrans explica pela comparação entra queda da receita tarifária e queda na demanda de passageiros: enquanto a demanda reduziu em torno de 41%, a receita tarifária caiu menos, em torno de 30%.

Já no caso das concessionárias que operam o transporte na capital, em 2020 o valor pago a título de remuneração apresentou uma redução de 8,99% (-R$717,9 milhões) em relação ao ano anterior.

De acordo com o Relatório de Administração, essa queda está relacionada com a redução na demanda de passageiros e com uma menor frota em operação devido às medidas de isolamento social.

REMUNERAÇÃO DAS CONCESSIONÁRIAS

Como mostrou o Diário do Transporte, a nova rede decorrente dos contratos de concessão assinados em setembro de 2019 prevê uma forma de remuneração das empresas que levará em conta fatores de qualidade, como cumprimento de viagens, horas operadas, investimentos em frota não poluente, quantidade de passageiros, quantidade de ônibus e índices de satisfação dos usuários.

Empresas de ônibus não são mais remuneradas somente por passageiros transportados, diz SPTrans

No entanto, esta fórmula ainda não está sendo aplicada, uma vez que os contratos preveem um período de transição que seria de 72 meses desde setembro de 2019. Ocorre que este prazo foi congelado devido à pandemia de covid-19, como mostra matéria do Diário do Transporte de setembro de 2020, mês em que deveria ser iniciada a implantação da nova rede em todos os seus aspectos.

Relembre:

Estudos para implantação de nova rede de ônibus em São Paulo serão retomados após pandemia, diz SPTrans

Atualmente, ainda em fase de transição, apesar da “Demanda Realizada” contar, as empresas de ônibus não são pagas apenas pelos passageiros transportados como era nos contratos até setembro de 2019.

Existe um fator de transição, que serve para equilibrar a remuneração de acordo com a flutuação do número de passageiros transportados e da frota.

Assim, se a quantidade de passageiros cai, como ocorreu na pandemia (mesmo com a lotação nos horários de pico), esse fator é maior que 1 e compensa essa queda de demanda.

Os valores de remuneração nos contratos variam de acordo com o lote de linhas operado e foi calculado com base no custo estimado de operação nestes lotes.

Caso a frota caia, o fator também é reduzido, caindo na prática a remuneração.

Este fator não é a fórmula de cálculo de remuneração das empresas, mas ele é aplicado sobre a fórmula principal da remuneração básica dos serviços.

Na prática, este modelo impede que as empresas de ônibus tenham prejuízo.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Avila disse:

    SPTRANS bando de corruptos vagabundos, só presta pra ferrar motorista e cobradores.

    Eles estão de rabo preso com o Carlos de Abreu dono da metrópole paulista outro vagabundo que pagou um milhõe e meio por mês para os ladrões dos sindicatos pra não dar reajuste salarial para motorista e cobradores.

    Provavelmente á sptrans também estão recebendo propinas.

    Estamos trabalhando sem reajuste de salário à muito tempo.

    A sptrans e o prefeito Bruno covas não se pronunciou em nenhum momento quanto a investigação da polícia federal.

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