HISTÓRIA: Stewart & Stevenson Apollo, o “O-371 americano”
Publicado em: 3 de janeiro de 2021

Modelo marcou o início dos anos 1990 e foi uma parceria entre a Mercedes-Benz do Brasil e a indústria norte-americana
ADAMO BAZANI
Qualquer semelhança, não é mera coincidência.
Pelas ruas dos Estados Unidos, no início dos anos de 1990, circulou um ônibus para transporte urbano e metropolitano muito semelhante a um velho conhecido no Brasil.
O Stewart & Stevenson Apollo trazia elementos do braseiro monobloco O-371, como, por exemplo, conjuntos óticos, design da carroceria, lanternas, para-brisa e caixa de letreiro, entre outros.
Mas antes que alguém fale que um plagiou o outro, na verdade, o modelo foi fruto de uma parceria entre a Stewart & Stevenson e a Mercedes-Benz do Brasil.
A Stewart and Stevenson, tradicional fabricante de veículos militares e equipamentos relacionados à indústria petrolífera, se aventurara entre 1987 e 1992 a fabricar ônibus e o modelo mais marcante foi o Apollo T-40.
Marcante é a palavra, porque seria um exagero chamar o modelo de bem sucedido.
Os registros históricos dão conta que apenas duas operadoras se interessaram pelos produtos da marca: a Houston METRO, em Houston, TX; e a LADOT, em Los Angeles, CA.
O veículo, nos moldes do “padron brasileiro”, tinha 12 metros de comprimento e recebeu duas opões de motorização: Caterpillar 3197 multicombustível (diesel / GNL duplo) e Detroit Diesel 6V92TA PING (Diesel / GNL Dual-Fuel), sendo o Detroit mais comum.
As opções de transmissão eram Allison HTB-748 e ZF.
Apesar de não ter sido um sucesso de mercado, não deixou de ser uma experiência interessante, em especial para a Mercedes-Benz, que anos mais tarde lançaria no Brasil o o-400, que tanto nas versões rodoviárias e urbanas encerraram em 1996 a trajetória dos monoblocos da marca pelas ruas e rodovias brasileiras que teve início com o O-321, em 1958.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
O “glorioso” O-371 iria dar início a uma inusitada carreira no mundo: ele introduziu a chamada “eletrônica embarcada”, que tantos avanços tecnológicos iria trazer. O primeiro “micro-switch” para controlar portas abertas seria usado por ele, assim como alguns poucos componentes do motor (controle de injeção). Isso daria início a um avanço que não mais cessaria: os componentes eletrônicos passariam a substituir os eletromecânicos (relés etc.), que tanto sucesso haviam tido durante meio século. O Metrô de SP, que havia feito uso de “relés eletromecânicos de gravidade” para controlar a segurança da circulação dos trens em sua Linha 1, Azul, pode passar a fazer uso de micro computadores etc. em sua Linha Vermelha. O grande experimento para que tal viesse a se dar foi realizado pelo O-371. Seus componentes foram testados quanto à resistência à poeira, ao calor, à vibração mecânica, exigências essas tão frequentes nas estradas e vias do Brasil. Só depois disso é que a “eletrônica embarcada” viria a ser instalada em naves espaciais e em carros de combate. Os veículos de guerra fabricados no Brasil e que continham esse avanço tecnológico foram usados com sucesso durante a Guerra do Iraque, onde as areias, o calor e as condições extremas do deserto foram experimentadas antes de serem aplicadas generalizadamente. Quem diria que isso, apesar de inverossímil, fora verdade, não?