Com prejuízo, Supervia pode interromper serviço de trens no Rio de Janeiro a partir de agosto

Estação Gramacho do sistema de trens do Rio de Janeiro. Foto: Divulgação / SuperVia.

Concessionária acumula perdas na ordem R$ 102 milhões desde o início da pandemia de Covid-19

WILLIAN MOREIRA

A SuperVia, concessionária que opera o sistema de trens ferroviários no Rio de Janeiro, informou que pode interromper o serviço no estado a partir de agosto. A empresa diz que vem acumulando prejuízos desde o começo da pandemia de Covid-19, causando um desequilíbrio de caixa.

O prejuízo contabilizado é de R$ 102 milhões, com uma queda de 31 milhões de passageiros ao longo do período da crise do coronavírus.

“A concessionária avalia que, se a partir de agosto não obtiver apoio financeiro para manter seu serviço, não terá caixa suficiente para cumprir com todos os seus pagamentos, como por exemplo, as contas de energia e os gastos com manutenção da frota, o que colocará dificuldades na operação dos trens”, informoua SuperVia, em nota.

A concessionária alega que os pagamentos devidos, como folha salarial, energia, entre outros, foram mantidos normalmente, já que não existe subsídio na concessão. Assim, as receitas vêm diretamente da tarifa e da locação de espaços comerciais em estações, setor que soma 80% de inadimplência desde a volta das atividades econômicas.

Com objetivo de melhorar o caixa, a empresa informou que está cortando gastos, reduzindo a jornada de trabalho e o salário de 2 mil funcionários em 25%, preservando assim os postos de trabalho.

A concessionária tem afirmado que busca solução para a crise financeira não apenas com o governo, mas junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e órgãos federais, porém até o presente momento, nenhum apoio foi concretizado.

Confira a nota da SuperVia ao Diário do Transporte, na íntegra:

A SuperVia esclarece que registrou desde o início da pandemia um prejuízo de R$ 102 milhões, com queda de 31 milhões de passageiros. A demanda dos passageiros chegou a cair 74% e agora se estabilizou em torno de 60%. Por outro lado, os gastos fixos com folha de pagamento e energia se mantiveram porque o custo para operar os trens com baixa lotação ou a lotação normal é o mesmo. A empresa continuou com a operação de todos os ramais durante o período de isolamento, uma vez que era o único meio de transporte a fazer a ligação entre a Baixada Fluminense e a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Após a flexibilização das restrições, a concessionária percebeu um aumento de apenas 5% no número de passageiros diários, o que demonstra que a volta ao movimento normal diário de 600 mil passageiros/dia, que era registrado antes da crise, deve ocorrer apenas no final de 2021, prolongando a crise financeira.

Diante dessa situação, a concessionária avalia que, se a partir de agosto não obtiver apoio financeiro para manter seu serviço, não terá caixa suficiente para cumprir com todos os seus pagamentos, como por exemplo, as contas de energia e os gastos com manutenção da frota, o que colocará dificuldades na operação dos trens. Como a receita de empresa vem quase que integralmente da venda de passagens, uma vez que o sistema não conta com subsídios, a queda de arrecadação impacta diretamente no caixa da concessionária. Importante ressaltar que a arrecadação com receitas não-tarifárias também foi reduzida. Metade das lojas e quiosques existentes nas estações está fechada, e a inadimplência chega a 80%.

O que a empresa solicita é um reequilíbrio do contrato junto ao Poder Concedente, que é o Governo do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que a manutenção dos serviços, em meio a uma queda de receitas tão abrupta, pode levar ao prejuízo dos próprios passageiros. Os dados da empresa sobre arrecadação e receita estão abertos e qualquer apoio do poder público será feito com total transparência. A preocupação da concessionária é manter o serviço a seus passageiros que dependem do transporte do trem para os deslocamentos.

Para melhorar seu caixa, a SuperVia tem feito um grande esforço com corte de despesas, para compensar a perda de receita. Para evitar demissões e preservar os empregos, a SuperVia adotou, a partir de maio, uma redução de 25% na jornada e nos salários de 2 mil funcionários. Enquanto isso, a concessionária tem buscado uma solução financeira por meio de várias negociações junto ao Governo do Estado, ao BNDES e a órgãos federais, a fim de garantir a manutenção da operação do sistema de trens do Rio de Janeiro. No entanto, até o momento, nenhum apoio se concretizou.

REUNIÃO

Por conta da crise financeira, os presidentes da SuperVia e do MetrôRio vão se reunir nesta quinta-feira, 09 de julho de 2020, com autoridades do Governo do Estado. O objetivo é tentar um acordo para impedir a suspensão das atividades de ambas as empresas.

O MetrôRio estima um prejuízo mensal de aproximadamente R$ 35 milhões, somando R$ 150 milhões. Ambas as empresas afirmam que o caixa é suficiente para manter as operações apenas até agosto.

Willian Moreira em colaboração especial para o Diário do Transporte

Comentários

Comentários

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Diário do Transporte

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading