História

HISTÓRIA EM RETRATOS: Os terminais rodoviários sob viadutos

Antigo Terminal Rodoviário de Santo André. Ônibus do Expresso Brasileiro na linha Ribeirão Pires - São Paulo e outro da Samavisa Litoral Transportes na linha Guarujá - Ribeirão Pires.

Terminal Rodoviário do Glicério (São Paulo), Antigo Terminal Rodoviário de Santo André (SP) e Terminal de Ônibus Internacional de Viena (Áustria) são provas ao longo da história de que os ônibus se flexibilizaram para atender ao rápido desenvolvimento das cidades

ADAMO BAZANI/MARIO CUSTÓDIO

Uma das características dos sistemas de ônibus ao longo da história, tanto urbanos como rodoviários, é a flexibilidade para atender ao desenvolvimento rápido de cidades e regiões inteiras.

Mesmo com pouca estrutura dedicada, como vias permanentes e estações específicas, os ônibus estavam lá, respondendo às necessidades cada vez maiores da população de ir e vir. Isso no Brasil e no Mundo.

Até sob viadutos, os ônibus estavam a serviço da mobilidade.

É o que mostra a segunda edição da coluna “História em Retratos”, do pesquisador Mario dos Santos Custódio, neste domingo, 24 de maio de 2020.

Custódio fala das histórias e linhas do Terminal Rodoviário do Glicério (São Paulo), Antigo Terminal Rodoviário de Santo André (SP) e Terminal de Ônibus Internacional de Viena (Áustria). Todos, com bastante coisa em comum. Acompanhe o relato:

Observem duas das três fotos publicadas neste domingo, 24 de maio de 2020, no Diário do Transporte. São de terminais rodoviários de ônibus.

Tais fotos, de minha autoria, são do antigo Terminal Rodoviário de Santo André, situado no Paço Municipal, bem como do Terminal de Ônibus Internacional de Viena, Áustria, situado ao lado da Estação Metroviária de Erdberg, além de mais uma foto, do ônibus da Empresa Nossa Senhora Aparecida que seguiu para o Terminal Rodoviário do Glicério – São Paulo procedente de Garanhuns – Pernambuco.

Qual é a característica comum aos três?

Entre outros terminais ao redor do mundo, percebam que se situam (ou se situavam) embaixo de viadutos, sem características de terminal rodoviário como conhecemos atualmente.

Além disso, a escuridão reinante num local embaixo de um viaduto, embora não pareça, existe, particularmente à noite, representando perigo adicional para as pessoas.

Como muitos já sabem, antigamente (e ainda hoje também) as chegadas e partidas de ônibus rodoviários se davam em avenidas, ruas, praças ou mesmo na garagem das empresas de ônibus.

Posteriormente, os governos e/ou as empresas passaram a idealizar estações ou terminais rodoviários, que possibilitassem maior conforto e segurança aos usuários.

Porém, em alguns casos, creio eu que por falta de opção, as rodoviárias acabaram por ser colocadas embaixo de viadutos.

Ônibus Monobloco O-355, da Empresa Nossa Senhora Aparecida na linha Garanhuns – São Paulo.

Até onde sei, a do Glicério, em São Paulo, que ficava embaixo do Viaduto do mesmo nome, foi colocada lá em 1977 para desafogar o Brás, tradicional bairro paulistano, que congregava em suas ruas as chegadas e partidas de várias companhias de ônibus que se dirigiam para o Nordeste do Brasil.

Em 1982, com a inauguração do Terminal Rodoviário do Tietê, as empresas procedentes do Nordeste do Brasil passaram a sair do novo Terminal, tal como a Empresa Nossa Senhora Aparecida, que em 1979 fazia as linhas Aracaju – São Paulo, Garanhuns – São Paulo, Natal – São Paulo e Propriá – São Paulo (cfe. Anuário do DNER).

Antigo Terminal Rodoviário de Santo André. Ônibus do Expresso Brasileiro na linha Ribeirão Pires – São Paulo e outro da Samavisa Litoral Transportes na linha Guarujá – Ribeirão Pires.

A outra foto é de Santo André, do antigo Terminal do Paço, que ficava embaixo do Viaduto da Avenida Ramiro Colleoni, hoje Viaduto Acisa – Associação Comercial e Industrial de Santo André, onde podemos ver dois ônibus, um do Expresso Brasileiro na linha Ribeirão Pires – São Paulo e outro da Samavisa Litoral Transportes na linha Guarujá – Ribeirão Pires. Em 2000 foi desativado o Terminal do Paço, tendo as operações rodoviárias sido transferidas para o novo Terminal Rodoviário de Santo André – TERSA, junto à Estação Ferroviária (hoje CPTM) de Prefeito Saladino, com muito mais empresas de ônibus, e que até hoje contribui para o conforto e a segurança dos passageiros que se utilizam dos ônibus rodoviários das diversas companhias que lá prestam seus serviços.

Aliás, voltando ao passado, em Santo André, antes de haver qualquer terminal rodoviário, as companhias de ônibus de linhas rodoviárias tinham suas agências de passagens nas ruas da cidade, ou simplesmente passavam por lá, como ainda é hoje em vários locais do mundo. Nessa época, lembro-me da agência de passagens da Viação Santa Rosa, que fazia a linha São Paulo (Penha) – São Vicente via Mooca – Vila Prudente e ABC e que foi substituída pelo Expresso Brasileiro, cuja linha remanescente é hoje operada pela Viação Cometa, a São Caetano do Sul – Praia Grande. Tal agência ficava na Rua Presidente Carlos de Campos, entre a Avenida XV de Novembro e a Rua Bernardino de Campos. Esta rua muda de nome para Rua Campos Sales, conhecidíssima pelos andreenses por ser a rua da Catedral do Carmo.

Outra empresa com ônibus rodoviários que passava por Santo André era a Viação Ribeirão Pires, nas linhas Ribeirão Pires – São Paulo e Mauá – Itanhaém (essas linhas não existem mais). Sua agência de passagens ficava no final da Rua Gertrudes de Lima, na esquina com a Rua Dom João VI, no Ipiranguinha.

E a outra empresa que passava em Santo André era a Santa Maria Viação, depois Samavisa Litoral Transportes, mas não me lembro onde ficava sua agência de passagens nem se havia agência na cidade. Essa empresa fazia as linhas Aparecida – São Vicente, Mogi das Cruzes – São Vicente (prolongadas até Praia Grande) e Ribeirão Pires – Guarujá, hoje operadas pela Viação Cometa.

Terminal de Ônibus Internacional de Viena, Áustria. Ônibus Setra da Autoprevoz na linha Viena – Banja Luka e um da Atlassib na linha Viena – Bucareste

Quanto ao Terminal de Ônibus Internacional de Viena, que fica ao lado da Estação do Metrô Erdberg, está muito bem localizado e com excelente serviço de transporte urbano à disposição, também fica embaixo de um viaduto.

Há várias companhias de ônibus que de lá partem para o Exterior (podemos ver na foto um ônibus da Autoprevoz na linha Viena – Banja Luka e um da Atlassib na linha Viena – Bucareste).

Finalizando, há uma característica interessante, inerente a terminais embaixo de viadutos, em todo o mundo, que é o passageiro nem sempre encontra uma plataforma para descer ou subir nos ônibus, por vezes tendo que fazê-lo na posição disponível para tal. Esta situação também pode ocorrer em estações e terminais rodoviários, mas as que ficam embaixo de viadutos tem essa característica reinante.

Esta breve reflexão nos permite afirmar que estações e terminais rodoviários são meios bastante oportunos para a otimização da qualidade dos serviços à disposição das pessoas que buscam o seu melhor transporte.

Texto introdutório: Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Relato histórico: Mario dos Santos Custódio, pesquisador e consultor em transportes

Comentários

Comentários

  1. Só mesmo S.André que pecou na escolha do local…bem fora de mão prá muita gente que pretende ir para o litoral, ficando muito mais fácil pegar na João Setti, em SBC,,,só ajuda a linha B13- Campestre vinda da Aclimação, B25, e intermunicipais.070 T17…Em SCS é perto da estação central, SBC , é no Paço, direto pro litoral..Mauá deve ser ali an estação principal…e RP…

  2. Marisa Vanessa Norberto da Cruz disse:

    Pra quem não sabe, Banja Luka (“bane a Luka”) fica na Bósnia-Herzegovina. É a segunda maior cidade daquele país.

  3. Carlos Eduardo disse:

    Vocês tem imagem do terminal rodoviário de Glicério do ano de 1981. Se tiver e for possível me manda escanneado gente. Parti dai do Glicério em 1981 com destino a Maceió. Queria muito essa imagem para um histórico de ida que estou escrevendo. Fico muito grato! Gostei muito desse texto.

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