HISTÓRIA: Companhia Paulista da Estrada de Ferro de Jundiahy a Campinas

Visitação no museu é gratuita. Foto: Jessica Marques.

Museu que fica há poucos quilômetros da capital traz recorte importante sobre a história da ferrovia no Estado de São Paulo

JESSICA MARQUES

A São Paulo Railway (SPR), também conhecida como Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, foi a primeira ferrovia do estado de São Paulo, há mais de 150 anos. Fundada em 1867, entrou em operação no dia 16 de fevereiro de 1867.

Esta foi a primeira ferrovia construída pela São Paulo Railway Company, uma empresa controlada por ingleses. A prioridade no século XIX, época em que a estrada de ferro entrou em operação, era o transporte do café produzido no Oeste paulista para o Porto de Santos.

Atualmente, qualquer tipo de carga pode passar pela estrada de ferro, por meio de contêineres. Produtos agrícolas e siderúrgicos são os que mais circulam nos dias de hoje, segundo a operadora logística MRS, que utiliza a ferrovia.

“A primeira iniciativa para a implantação de uma ferrovia em São Paulo ocorreu em 1836, apenas um ano após a promulgação da Lei Feijó, que concedeu o privilégio para a construção de estradas de ferro no Brasil. Mas São Paulo precisou esperar pela inauguração de sua primeira ferrovia até 1867. Ainda que, em 1855, o presidente da Província de São Paulo, José Antônio Saraiva, em discurso na Assembleia Legislativa Provincial, tivesse que defender a construção de ferrovias, suas vantagens e seus atributos”, contou a MRS, em nota.

A ideia de se fundar uma companhia particular para construir uma estrada de ferro em São Paulo surgiu em 1864, quando a inglesa São Paulo Railway Company, que ligava Santos a Jundiaí, declarou-se impossibilitada de prolongar seus trilhos até Campinas.

Em 1867, um grande passo foi dado para que a ferrovia se expandisse: um grupo de fazendeiros negociantes e capitalistas se reuniu com o Conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, Presidente da Província de São Paulo, e decidiu fundar a Companhia Paulista, para atender ao progresso da lavoura cafeeira.

Em 30 de janeiro de 1868, no então Palácio do Governo da Província, na Capital de São Paulo, realizou-se a primeira Assembleia Geral dos Acionistas da Companhia Paulista. Nesta Assembléia foram aprovados seus estatutos e eleita a sua primeira Diretoria Provisória.

Em 1869, foi eleita a sua primeira diretoria definitiva. Em 15 de março de 1870, finalmente foram iniciadas as obras de construção das linhas.

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Imagens reunidas no museu. Foto: Divulgação / Fepasa.

A construção da estrada foi iniciada em 1870 e, em 1872, circulava o trem inaugural. Com a chegada dos trilhos às margens do Rio Mogi Guaçu, foi criado o serviço de navegação fluvial entre Porto Ferreira e Pontal.

Em 11 de agosto de 1872 foi inaugurada a Companhia Paulista, quando o trem chegou à cidade de Campinas. Quando da inauguração, sua razão social era Companhia Paulista da Estrada de Ferro de Jundiahy a Campinas. Na época, esta era a grafia para a cidade de Jundiaí.

Em 1880, a construção atingiu as margens do Rio Mogi Guassu, quando passou a utilizar a navegação fluvial, entre Porto Ferreira e Pontal, numa extensão total de 200 quilômetros. Enquanto durou a exploração do transporte fluvial pelo Rio Mogi Guassu a empresa passou a se dominar Companhia Paulista de Vias e Fluviaes.

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Telefones utilizados no século XIX. Foto: Divulgação.

Em 1892, adquiriu a Estrada de Ferro Rio Claro e Araraquara. Durante o ano de 1910 foram entregues ao tráfego os carros restaurante e inaugurados os de luxo, tipo pullman, com grande aceitação por parte do público. Em 1911, quando cessou o transporte fluvial, passou a denominar-se Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Neste mesmo ano, já com grande extensão de suas linhas e concessões para construção de outras, a Paulista ostentava a imagem de uma empresa modelo em organização e pontualidade, sendo pioneira em melhoramentos ferroviários.

O MUSEU

Toda essa história é contada pelo Museu da Companhia Paulista, localizado em Jundiaí. Além de trazer os relatos e a cronologia da história da ferrovia no Estado de São Paulo, o local também reúne itens com um valor histórico inestimável.

Em 9 de março de 1979, foi inaugurado o Museu Ferroviário Barão de Mauá. Esta denominação foi justa homenagem a Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá), pioneiro do transporte ferroviário no Brasil.

O museu foi inaugurado em 9 de março de 1979 para ser um centro de referências e preservação sobre os suportes materiais da memória e a história da ferrovia da cidade de Jundiaí; no entanto após passar por um processo de recuperação e restauro, foi reaberto em 14 de maio de 1995, com novas bases museológicas, denominando-se Museu da Companhia Paulista.

Fotos, maquetes, itens utilizados no início de operação da ferrovia e outros elementos históricos são trazidos pelo museu.

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Itens expostos na entrada do museu. Foto: Jessica Marques

Conforme divulgado pelo museu, o primeiro trem de tração elétrica da América do Sul circulou nas linhas da ferrovia em julho de 1922.

“A Previdência Social no Brasil também teve sua origem na Paulista quando em janeiro de 1923 foi fundada a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários. Na área de reflorestamento, a Paulista também foi pioneira. Edmundo Navarro de Andrade deu início, instalando em Jundiaí o primeiro Horto Florestal. A Paulista chegou a ter 18 hortos florestais para tender às ferrovias do Estado de São Paulo”, contou o Museu da Cia. Paulista.

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Na década de 1970, a ferrovia deixou de se tornar uma prioridade e o setor rodoviário começou a se aquecer com a construção de rodovias. A movimentação da indústria neste setor foi uma escolha de governos da época.

“A partir da segunda guerra mundial e da priorização do rodoviarismo, a Paulista juntamente com outras ferrovias, começou a perder sua condição de empresa modelo e em 1971, quando foi formada a Fepasa – Ferrovia Paulista S.A, o Estado passou a ser seu maior acionista”, informou a administração do museu.

As ferrovias que formaram a Fepasa são: Companhia Paulista Estradas de Ferro, Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Estradas de Ferro Sorocabana, São Paulo – Minas e Estrada de Ferro Araraquara. A Companhia Paulista foi a incorporadora das demais.

Além do acervo mencionado, o museu também conta com mobiliário, ferramentas, réplicas, maquetes e imagens além de uma coleção de livros e documentos concentrados na “Biblioteca do Museu”.

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Maquete de Jundiaí no Museu da Companhia Paulista. Foto: Jessica Marques

CONHEÇA O MUSEU

A visita no Museu da Companhia Paulista é gratuita. Confira abaixo os detalhes divulgados pela administração:

Museu da Cia. Paulista 
Avenida União dos Ferroviários, 1760
Telefone: (11) 4521-3020
E-mail: museuciapaulista@jundiai.sp.gov.br

Horário de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h
Aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 12 e das 13h às 16h.

As visitas mediadas para grupos acontecerão mediante agendamento prévio através do e-mail museuciapaulista@jundiai.sp.gov.br ou pelo telefone (11) 4521-3020.

Jessica Marques para o Diário do Transporte

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, bom dia.

    Parabéns ao Diário do Transporte e a Srta. Jessica Marques pela matéria e as ótimas fotos.

    Devido a matéria anterior sobre os museus de mobilidade; há alguns dias atrás eu fui com meu filho; de CPTM chegamos até o museu; um passeio muito legal cultural e com exemplares de locomotivas ao ar livre.

    Aproveito espaço que o Diário nos permite para solicitar aos governos que destinem uma verba para conservação, pois um galpão está fechado por risco de queda do telhado.

    O dinheiro que foi jogado no lixo no VLT de Cuiabá dava para manutenção e ampliação de todos os museus do Barsil e ainda sobraria.

    O triste é saber que a linha 10 Turquesa, foi a primeira ferrovia do estado de São Paulo construída há 150 anos atrás e hoje recebe trens de 2009.

    Ai CPTM, esta linha tem de ser cuidada com mais “carinho”.

    Eu gosto do buzão e o meu filho dos trens e trilho.

    Recomendo o passeio a todos os amantes dos trilhos.

    BARSIL, VAMOS PRESERVAR NOSSA HISTÓRIA E CULTURA DA MOBILIDADE.

    Att,

    Paulo Gil

  2. José Arnaldo de Oliveira disse:

    Oi, Paulo

    Além do museu, estamos com uma campanha em Jundiaí chamada “Estaçãozinha Pede Socorro” coordenada pelo Instituto Envelhecer e que age pela memória social da Estação Jundiahy-Paulista, atingida por incêndio em 2018. Veja mais no grupo Estaçãozinha, no Facebook. Abraços.

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