Votação de projeto que pode acabar com cobradores em Curitiba fica para dezembro

Profissionais dos transportes fazem manifestação na Câmara contra projeto de bilhetagem eletrônica. Foto: Câmara Municipal de Curitiba (Clique para ampliar)

Câmara adiou regime de urgência devido às eleições no sindicato dos trabalhadores

JESSICA MARQUES

A Câmara Municipal de Curitiba adiou nesta terça-feira, 20 de novembro de 2018, o regime de urgência para realizar a votação da lei da bilhetagem eletrônica nos ônibus da capital paranaense. A discussão será feita na primeira semana de dezembro.

Na ocasião, será votado o requerimento para antecipar ou não a decisão sobre a proposta de implantar bilhetagem eletrônica em todos os coletivos da cidade.

A proposta foi protocolada na Câmara Municipal de Curitiba pelo Executivo, mas ainda tramita pelas comissões temáticas. Inicialmente, o projeto seria votado apenas em 2019.

O pedido de urgência que abreviaria a tramitação foi debatido nesta terça, mas o autor do pedido, Rogério Campos, pediu que a análise ficasse para depois do dia 29 de novembro, por conta da eleição que ocorre no Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus).

Em 29 de novembro haverá eleição para a diretoria do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, do qual Campos já foi dirigente, segundo informações da Câmara.

“Ele recuou na votação imediata da urgência depois que Paulo Rink (PR) questionou a moralidade da manobra, que poderia influenciar a eleição da entidade”, informa o site oficial.

“Essa Casa não é [para ser usada para] influenciar a eleição de qualquer sindicato de Curitiba. Vamos conversar com o sindicato eleito na semana que vem”, posicionou-se Rink. Campos respondeu dizendo que não havia intenção de influenciar a eleição. “Sou homem, não sou moleque”, rebateu, postergando a votação para depois da eleição no Sindimoc, conforme relatado pela Câmara, em nota.

Aproximadamente 100 pessoas acompanharam a sessão plenária desta terça, do lado de fora do Palácio Rio Branco, próximas ao caminhão de som do Sindimoc, segundo informações da Câmara.

MANIFESTAÇÃO

Os motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba, no Paraná, fazem uma manifestação na Câmara Municipal da capital paranaense na manhã desta terça-feira, 20 de novembro de 2018.

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Sindimoc realizou protesto em frente à Câmara. Foto: Divulgação / Câmara Municipal de Curitiba

Por volta de 11h, o protesto teve início, organizado pelo Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus). O objetivo é colocar em pauta, em regime de urgência, a votação do projeto de lei que libera bilhetagem eletrônica em todo transporte coletivo.

Relembre: Motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba fazem manifestação na Câmara Municipal para pressionar votação

O PROJETO

O Projeto de Lei, enviado pela Prefeitura no dia 25 de outubro de 2018, propõe expandir o sistema de Bilhetagem Eletrônica nos pontos de acesso ao transporte coletivo. Na prática, trata-se de eliminar o dinheiro em espécie como forma de pagamento no interior dos ônibus da cidade.

Relembre: Projeto da prefeitura de Curitiba aponta para extinção progressiva da função de cobrador

A categoria teme que aproximadamente 6 mil funcionários percam o emprego caso a bilhetagem eletrônica seja implantada, causando a demissão de cobradores do sistema.

SETRANSP REBATE

Em nota, o Setransp (Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana) informou que está cumprindo o que foi acordado na convenção coletiva deste ano.

Confira, na íntegra, a nota do Setransp:

A propósito da manifestação do Sindimoc nesta terça-feira (20), na Câmara Municipal, o Setransp informa que está cumprindo rigorosamente o que foi acordado na Convenção Coletiva 2018/2019, informando os cobradores, garantindo sua estabilidade por 12 meses e dando-lhes a oportunidade de requalificação em mais de 50 cursos, em parceria com o Senat.

A modernização da bilhetagem eletrônica é um passo importante no sentido da evolução do transporte coletivo. O pagamento da tarifa com cartão agiliza o embarque, dá mais confiabilidade ao sistema e aumenta a segurança, pois diminui o dinheiro em circulação no interior dos ônibus.

Diante disso, o Setransp vê, com cada vez mais clareza, a natureza política do ato do Sindimoc. A poucos dias de nova eleição da categoria, é inadmissível que o Sindimoc faça da cidade sua refém, ameaçando paralisá-la.

O Setransp continuará sua luta em prol de um transporte coletivo mais moderno e seguro – a despeito das manifestações do Sindimoc -, pois essa evolução vem ao encontro dos anseios da sociedade.

Jessica Marques para o Diário do Transporte

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