Atualização para tecnologia Euro VI garante vida mais longa a antigos e icônicos ônibus de Londres

Iniciativa da Cummins permitirá que modelos mais antigos continuem em operação na capital britânica

ALEXANDRE PELEGI

A cidade de Londres seguramente é lembrada por alguns símbolos que a tradição do país monárquico preserva: as cabines telefônicas, o legendário relógio Big Ben e, com toda certeza, os ônibus de dois andares (double-decker).

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, decidiu em 2017 implantar uma “Zona de Ultra Baixa Emissão” (ULEZ – Ultra Low Emission Zone), voltada a todos os veículos a gasolina e/ou diesel que não cumprem as normas de emissões do país. Cidades europeias como Paris e Madri também estão tentando reprimir veículos poluentes com multas e restrições. Relembre:

As medidas estão sendo tomadas como política de saúde pública, devido à má qualidade do ar, e a Zona de Ultra Baixa Emissão em Londres começará a valer a partir de abril de 2019. Em 2020, ela será expandida para toda a cidade, valendo inclusive para ônibus e caminhões.

Uma pergunta que paira no ar é como ficarão os tradicionais e antigos ônibus double-decker que ainda circulam pela cidade.

Para os amantes da tradição e dos lendários modelos antigos e icônicos dos ônibus londrinos, uma boa notícia: a Cummins decidiu substituir o sistema de pós-tratamento desses veículos pela tecnologia Euro VI totalmente certificada.

Como informa a Cummins em comunicado postado em sua página na internet, a atualização do motor Euro IV produzido em 2007 para o mais recente padrão Euro VI 2017 reduzirá as emissões de material particulado em quase 90% e do óxido de Nitrogênio (NOx) em 50%.

O repotenciamento vai ainda prolongar a vida útil dos ônibus em até oito anos, informa a empresa de energia, o que deverá trazer uma melhoria de desempenho com resposta superior de torque para que a frota seja conduzida com menos esforço.

route_15Com a iniciativa da Cummins, um clássico ônibus londrino London Routemaster RM1005, que entrou em serviço em 1962, está já totalmente certificado para atender às emissões Euro VI, podendo assim seguir em atividade.

O modelo RM1005 operou recentemente na rota 15 do sistema de transporte de Londres e, agora, possui certificação Low Carbon, estendendo sua aposentadoria por mais alguns anos.

Como descreve a Cummins, o ‘repower’ conta com um sistema stop/start integral que corta automaticamente o motor quando os passageiros estão embarcando ou desembarcando, o que pode reduzir o consumo de combustível de um ônibus de dois andares em até 8% em ciclo de operação de até 16 horas por dia. “O menor consumo de combustível também reduz a pegada de carbono do ônibus, com o potencial de eliminar entre 4 e 6 toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO2) por ano e por veículo”, informa o site da empresa.

Ashley Watton, diretor de Negócios Rodoviários da Cummins na Europa, afirma que a iniciativa da empresa visa aumentar rapidamente o número de ônibus urbanos com motor Euro VI, “além de contribuir significativamente para melhorar a qualidade do ar e reduzir as emissões de carbono em Londres e em outras cidades que estabelecem Zonas Ultra Baixas de Emissão”.

Watton afirma ainda que o pacote da Cummins inclui incorporar recursos inteligentes, “como o Cummins Stop/Start, sistema de telemetria, com dados do motor em tempo real entregues para o operador por meio do sistema Cummins Connected DiagnosticsTM. Isso significa que nosso Euro VI pode reduzir significativamente os custos operacionais da frota e obter maior disponibilidade do equipamento em atividade”.

O motor Cummins B6.7 de quatro cilindros ou o B4.5 de seis cilindros, tornam o sistema totalmente compatível com o nível mais rigoroso dos padrões Euro VI, sendo o controle de Diagnóstico On-Board (OBD) necessário para alertar o operador sobre eventual falha com os limites de emissões.

Os motores de ônibus Cummins Euro VI são compatíveis com o uso de biodiesel B20 ou diesel renovável HVO.

Em comparação com o diesel convencional a base de fóssil, o HVO oferece o potencial de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 40% a 90% ao longo do ciclo de vida total do combustível, dependendo da matéria-prima do combustível.

Um dos primeiros projetos de repotenciamento da Cummins está em fase de conclusão. Trata-se de um veículo especial de dois andares construído em 2009, que recebe o mais recente sistema Cummins B6.7 Euro VI.

O novo pacote incorpora uma nova transmissão ZF, novo sistema de arrefecimento e auxiliares elétricos, como a direção hidráulica.

O teste do ônibus está em andamento, com resultados iniciais que demonstram maior eficiência de combustível com a tecnologia Stop / Start e melhor dirigibilidade devido à maior entrega de torque do motor atualizado.

TRADICIONAIS E ICÔNICOS AEC ROUTEMASTER

Os ônibus AEC Routemaster são conhecidos em todo o mundo, e infelizmente para os amantes da tradição a maioria deles já parou de circular.

Introduzido em 1956 e fabricados até 1968, hoje eles são usados em apenas algumas rotas históricas de Londres.

Em 2016, Sir Peter Hendy, ex-dirigente da Transport for London (TfL), proprietário de um Routemaster RM1005, ano 1962, desafiou a Cummins a estender a vida operacional de seu veículo.

Os engenheiros da Cummins aceitaram a oferta, e reabasteceram o ônibus com um motor a diesel limpo Cummins ISB4.5. A experiência funcionou, e a iniciativa da Cummins estendeu-se aos ônibus antigos em operação na frota da capital britânica.

Os produtos da Cummins vão de motores a diesel e de gás natural a plataformas híbridas e elétricas, bem como tecnologias relacionadas, incluindo sistemas de bateria, sistemas de combustível, controles, controle de ar, filtragem, soluções de emissão e sistemas de geração de energia elétrica. Com sede em Columbus, Indiana (EUA) desde a sua fundação, em 1919, a Cummins emprega atualmente cerca de 58.600 pessoas.

Leia também: Londres dá exemplo de como subsidiar renovação da frota com ônibus mais limpos

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Ligeiro disse:

    Fica a questão: será que se pudesse atualizar tecnologicamente os antigos ônibus, seria relevante para assim ter novas oportunidades e assim aumentar a vida útil, economizar e ajudar na economia geral?

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