Obra do BRT Transbrasil aumenta tempo de viagem de ônibus em 60% no Rio de Janeiro

Alguns trajetos chegam a ser feitos em até quatro horas

JESSICA MARQUES

As obras do BRT Transbrasil, no Rio de Janeiro, estão aumentando o tempo de viagem dos ônibus em até 60%. Quem passa pela Avenida Brasil chega a levar até quatro horas para chegar de um ponto ao outro.

As obras começaram em 2014 e, desde então, que precisa ir da Zona Oeste até o Centro vem enfrentando problemas tanto na ida quanto na volta. Conforme informações publicadas pelo jornal O Globo, o tempo de viagem aumentou em cerca de 60% para a região.

As informações foram obtidas por meio do serviço de GPS dos ônibus municipais e intermunicipais que passam pela região em obras.

Até o momento, já foram gastos R$ 950 milhões no projeto, que está atrasado há dois anos.

A Secretaria municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação informou ao jornal O Globo que os trabalhos recomeçaram na segunda-feira. “Ação dentro do canteiro com preparo do concreto que será aplicado nas pistas é intervenção de obra e faz parte do cronograma”.

Sobre o trecho entre a Cidade Alta e Ramos, a pasta informou que ainda não pode ser aberto ao trânsito por ser usado como logística para a obra.

Em nota, o consórcio BRT informou que a primeira definição deve ser uma data de inauguração do sistema para, só então, informar o cronograma de financiamento e compra de ônibus.

“Para que se dimensione a frota necessária, é preciso que a prefeitura realize e apresente o planejamento dos serviços, realizado a partir de projetos executivos que contemplam, entre outros aspectos, o cálculo de demanda do Transbrasil”, informou o consórcio, em nota.

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou nesta terça-feira, 31 de julho, a retomada das obras do BRT Transbrasil. A licitação havia sido divulgada pela Prefeitura em 2013 e, desde então, a construção foi suspensa e o prazo, prorrogado.

Relembre: Prefeito do Rio de Janeiro anuncia retomada das obras do BRT Transbrasil

CONHEÇA O PROJETO

O BRT Transbrasil foi projetado para ser um corredor de ônibus com 17 estações, ligando Deodoro ao Centro do Rio.

Segundo reportagem publicada pelo Diário do Transporte no início de 2018, o primeiro trecho das obras, ligando Deodoro ao Caju, foi iniciado ainda em 2015, mas as obras foram suspensas em agosto de 2016, na gestão do prefeito Eduardo Paes.

As obras foram retomadas na administração do prefeito Marcelo Crivella em abril de 2017, após a prefeitura pagar um reajuste no contrato no valor de R$ 115.171.402,03. O prazo de entrega foi prorrogado para julho de 2018.

Além de estender o prazo de entrega do BRT Transbrasil, a prefeitura anunciou que ele funcionaria apenas com ônibus biarticulados, o que deveria ocorrer após a licitação e a conclusão de três terminais (Deodoro, Missões e Margaridas), além do trecho Caju-Centro.

Já em abril de 2018, no entanto, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada informava que os serviços estavam paralisados desde março por falta de repasses da prefeitura para o consórcio, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS.
Ainda segundo o sindicato, cerca de 1.300 trabalhadores já tinham sido demitidos: 600 em novembro de 2017 e outros 700 entre janeiro e fevereiro de 2018. Da obra inicial, perto de uma centena de operários seguiam trabalhando no canteiro central, dos quais 50 deles para a manutenção.

A prefeitura do Rio alega que as obras foram paralisadas por conta do contingenciamento do governo federal. E o Ministério das Cidades, no fim do ano passado, colocou em xeque a funcionalidade da obra, apontando a ausência de conexão do corredor do Caju ao Centro do Rio.

As obras do BRT Transbrasil em seu primeiro trecho consumiram até aqui 64% dos R$1,4 bilhão investidos, e até o momento a licitação para a construção de três terminais rodoviários não foi feita.

A prefeitura do Rio de Janeiro, diante da falta de recursos, fez mudanças no projeto original. O trecho entre Deodoro e Irajá será construído com asfalto e não mais em concreto. A expectativa é que com a economia de recursos seja possível completar a obra do Caju até o terminal Novo Rio. Desta maneira, o orçamento inicial já licitado seria mantido, e o BRT alcançaria o Terminal Américo Fontenelle, atrás da Central do Brasil.

O trajeto entre o Terminal Novo Rio e o Terminal Américo Fontenelle já foi realizado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) – são aproximadamente 4 km do BRT Transbrasil, assim como a calha especial na Via Expressa para receber os ônibus articulados.
A Prefeitura do Rio aguarda agora a liberação dos recursos bloqueados pelo Ministério das Cidades para poder reiniciar as obras. A expectativa é que a liberação ocorra ainda neste mês de julho.

HISTÓRICO DO BRT

Numa segunda-feira, dia 13 de maio de 2013, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciava a licitação para a construção do BRT Transbrasil.

Com 32 quilômetros de extensão, a informação era que o Transbrasil seria o maior BRT do mundo em relação à capacidade de transporte.
Em matéria do Diário do Transporte, assinada por Adamo Bazani, reportamos o que a Prefeitura do Rio anunciava à época:

“Quando estiver inteiramente pronto, vai atender diariamente a 900 mil passageiros. Capacidade semelhante à de linha de metrô, mas com custo bem menor: R$ 1,5 bilhão. Deste total, R$ 1,097 bilhão terá como fonte de recursos o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – Mobilidade Urbana, do Governo Federal. O restante virá de recursos da Prefeitura do Rio de Janeiro.

A obra será dividida em duas etapas: Do Aeroporto Santos Dumont até a Ligação com o TransOeste (Galeão – Barra da Tijuca). O custo deste trecho será de R$ 785,5 milhões. A outra etapa vai ser da Ligação com o TransOeste até Marechal Deodoro.

O trajeto completo vai atender vias e conexões com alto fluxo de pessoas. O ponto de partida será na estação de trem Deodoro de onde vai percorrer pela a Avenida Brasil.

No centro da cidade, vai seguir pela Avenida Francisco Bicalho e Avenida Presidente Vargas, chegando ao Terminal da Candelária. Depois ele vai seguir para o Aeroporto Santos Dumont, passando por um túnel que começa na Avenida Presidente Antônio Carlos e segue sob o aterro do Flamengo.

Para a implantação do BRT, serão feitos 30 mil metros quadrados de pontes, túneis e viadutos e haverá o alargamento das pistas laterais da Avenida Brasil entre Irajá e Guadalupe, zona Norte da cidade.

O BRT Transbrasil terá 16 passarelas, 28 estações e quatro terminais que serão: Terminal Deodoro, Terminal Trevo das Margaridas, Terminal Trevo das Missões, Terminal Candelária. As estações serão do mesmo padrão do BRT TransOeste: climatizadas, com as plataformas na mesma altura do assoalho do ônibus, painéis com informações sobre horários e linhas, e com o sistema de pré-embarque, que é o pagamento da passagem antes da entrada no ônibus, o que diminui o tempo de parada nas estações.

As obras começam em setembro deste ano (2013) e devem ficar prontas em 30 meses. Apenas um trecho estará em serviço para a Copa do Mundo de 2014. Para as Olimpíadas de 2016, todo o sistema deverá estar em operação.

Serão 881 veículos para atender a todo o sistema, a maior parte formada por ônibus articulados e ônibus biarticulados.

A Avenida Brasil é a principal ligação de regiões da zona Oeste e Norte com o centro do Rio, dá acesso a Linha Amarela, Linha Amarela, ponte Rio-Niterói, rodovia Washington Luiz (BR 040), rodovia Presidente Dutra (BR 116), e Rodovia Rio-Santos (BR 101).

O sistema BRT TransBrasil vai se interligar com outros corredores de ônibus que compõe os planos de mobilidade urbana do Rio de Janeiro: Transolímpica, em Deodoro, e Transcarioca,na Ilha do Governador. Esses dois sistemas serão conectados ao BRT TransOeste, que já está em operação. Ao todo, serão 155 quilômetros de BRT no Rio de Janeiro”.

Jessica Marques para o Diário do Transporte

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