TCE reafirma: compra de 16 trens da Alstom feita pelo Metrô de SP foi irregular

Foto meramente ilustrativa

Julgamento do recurso foi feito em 29 de novembro de 2017, mas só foi divulgado nesta quarta-feira, dia 24 de janeiro.

ALEXANDRE PELEGI

O TCE – Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, em julgamento realizado em novembro de 2017, julgou irregular a compra de 16 trens da Alstom feita pelo Metrô em 2007. A decisão foi divulgada na última quarta-feira, dia 24 de janeiro de 2018.

Em agosto de 2008 o conselheiro do TCE, Antonio Roque Citadini, já apontara irregularidades no contrato, após reunir avaliações de assessores técnicos do Tribunal.

Os técnicos apontaram problemas na licitação, como o uso de um contrato de 1992 para comprar trens em 2007. Segundo os técnicos, a Lei das Licitações permite que um contrato pode ser usado para novas compras até cinco anos depois. Ou seja, para o TCE o Metrô usou indevidamente um contrato vencido em 1997 para comprar os trens da Alstom dez anos depois.

O processo no TCE se arrasta desde então.

Em novembro do ano passado a corte analisou o recurso apresentado pelo Metrô de SP, e não aceitou as alegações apresentadas pela estatal do Governo de SP.

Os 16 trens foram comprados por R$ 500 milhões (valores de 2007), valor que atualizado chega a R$ 930 milhões. O governo do Estado de SP era dirigido por José Serra (PSDB-SP).

O Metrô alega no recurso apresentado ao TCE que houve economia na compra dos trens, no que discorda a conselheira Cristiana de Castro Moraes, que afirma que em nenhum momento ficou comprovado ganho para os cofres públicos.

No recurso apresentado ao TCE, a Companhia do Metropolitano de SP afirma ainda que não fez nova licitação à época para evitar danos para os interesses públicos. O cenário descrito pela empresa estatal é de que havia uma necessidade premente por novos trens para os anos seguintes, o que geraria forte concorrência, atrasando a entrega dos trens para 2010.

Outra alegação apresentada no recurso foi que, com a compra dos trens da Alstom, foi possível inaugurar três estações, Sacomã (outubro de 2009), Tamanduateí e Vila Prudente (as duas em março de 2010). Sem os trens, as estações teriam ficado mais tempo inoperantes.

A conselheira Cristiana de Castro Moraes, revisora do processo, discordou das alegações do Metrô. Segundo o despacho, “o cenário macroeconômico e o ambiente específico do mercado no ano de 2007 eram completamente distintos daqueles verificados no ano de 1992, sendo imprópria a utilização do ‘saldo contratual atualizado’ no que se referia à aquisição dos trens já obsoletos“.

Quanto aos valores da compra, a conselheira afirma que não foi feita pesquisa de preços “com consulta direta aos possíveis fornecedores”, mas somente por meio de pesquisa em sites.

PUNIÇÕES REVERTIDAS EM 2015

Em 2015, o TCE, através do conselheiro Renato Martins Costa, dois executivos do Metrô que ocupavam cargos em 2007 foram condenados pela extensão do contrato com a Alstom: Sergio Avelleda, que ocupava o cargo de diretor de assuntos corporativos (hoje é secretário municipal de Mobilidade e Transportes), e Conrado Grava de Souza, então diretor de operações.

Após recursos, o TCE extinguiu a multa de mil Ufesp para cada um, ao considerar que os executivos não agiram com dolo. E a área técnica do tribunal chegou a avaliar que os preços pagos pelos trens estavam corretos.

O Metrô diz que vai recorrer da decisão do Tribunal, por entender que há uma série de equívocos na interpretação do órgão.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa tarde.

    Mais uma vez o EFEITO BARSIL, está ai firme e forte.

    Em grandes e complexas compras e obras efetuadas pelo puuuuuuuuder público, tem de ter avaliação PRÉVIA por parte dos Tribunais de Contas, sejam eles Federal, Estadual ou Municipal.

    Análises pós compras e obras, são totalmente improdutivas e nada resolvem.

    Já estamos em 2018, já passou da hora de mudar isto.

    Sugiro que os órgãos de defesa façam uma petição eletrônica e protocolem a mesma no Congresso Nacional ou aonde for de direito para mudar esse procedimento ineficaz, pós pagamento.

    “Depois que o boi arromba a porteira, não adianta mais por a tranca.”

    Simples assim.

    MUDA BARSIL

    Att,

    Paulo Gil

  2. E cade a fiscalização antes da compra? Piada.

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