União diminui repasses de verbas e complica obras de mobilidade urbana importantes em São Paulo
Publicado em: 5 de dezembro de 2017
Houve queda de 10,44% nos recursos enviados para o estado entre janeiro e outubro. Dentre as “vítimas do PAC” estão os projetos de reconstrução de estações de trem e a ampliação do corredor de ônibus da Estrada do M’Boi Mirim
ALEXANDRE PELEGI
O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) prometia ser o maior pacote de verbas para obras de mobilidade urbana no país. Muitos projetos em São Paulo foram construídos com essa garantia, e hoje vivem com atrasos e, pior, muitos não têm sequer prazo definido para conclusão. Outros foram simplesmente cancelados.
Neste ano a situação piorou ainda mais, após o Governo Federal cortar em quase R$ 55 milhões a verba para muitos desses projetos, que hoje estão parados (alguns foram cancelados).
Um exemplo de algumas das vítimas do PAC são os projetos de reconstrução de estações de trem e a ampliação do corredor de ônibus da Estrada do M’Boi Mirim, na Zona Sul.
O corte de verbas foi geral. Entre janeiro e outubro as verbas do PAC destinadas à mobilidade foram reduzidas em 41% em todo o país.
De acordo com o Ministério das Cidades, a liberação de recursos depende de dois fatores: ritmo da execução dos projetos e contrapartidas financeiras oferecidas pelas prefeituras.
No estado de São Paulo os valores repassados pela SEMOB – Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana através do PAC caíram 10,44% em relação a 2016: enquanto no ano passado, entre janeiro e outubro, o Estado de SP recebeu R$ 525,7 milhões, este ano o valor caiu para R$ 470,8 milhões.
A Estrada do M’Boi Mirim foi um dos projetos afetados pela redução dos repasses. Com cerca de 16 km de extensão e faixas exclusivas para ônibus em alguns trechos, a via fica estrangulada nos pontos sem corredor, o que afeta diretamente o transporte coletivo.
Para ampliar o corredor do M’Boi Mirim o custo é de R$ 95 milhões (ampliação de 5 km), obra que chegou a ser licitada, para ser suspensa posteriormente no final de janeiro de 2016 por exigência do Ministério das Cidades. Outros seis corredores da capital sofrem do mesmo problema: a falta dos repasses federais através do PAC.
De acordo com a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos o Ministério das Cidades cancelou recursos para dois de quatro projetos já aprovados:
1º Projeto – Reconstrução de 18 estações, implantação de uma nova estação e de um terminal de ônibus (valor do PAC: R$ 590 milhões):
Linha 7-Rubi: Caieiras, Baltazar Fidelis, Botujuru, Campo Limpo, Pirituba, Perus, Várzea Paulista
Linha 10-Turquesa: Guapituba, Ribeirão Pires, RGS, Ipiranga, Utinga, Pref. Saladino
Linha 11-Coral: Antônio Gianetti; Mogi; Estudantes
Linha 12-Safira: Itaquaquecetuba; Eng. Manoel Feio
Implantação da estação União de Vila Nova, na linha 12-Safira
Implantação de um terminal metropolitano para ônibus na cidade de Franco da Rocha.
2º Projeto – Implantação dos sistemas de sinalização, energia e telecomando da linha 13-Jade, que ligará a capital ao aeroporto de Guarulhos (valor do PAC: R$ 250 milhões)
MINISTÉRIO DAS CIDADES PÕE CULPA NA CRISE. MAS SEM INVESTIR EM INFRAESTRUTURA, SAIR DA CRISE SERÁ MAIS DEMORADO
Para o Ministério das Cidades dois fatores contribuíram para a situação: mudança nos comandos das prefeituras no início de 2017 e a crise econômica do país.
Já o presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, Jonas Donizette, afirma que a crise econômica aumentou a dificuldade das prefeituras para investir em mobilidade urbana por conta própria. Com o aumento de gastos com saúde e educação, sobra pouco dinheiro para investimentos em infraestrutura.
Nesse círculo vicioso, o Brasil aumenta a cada dia sua incapacidade para garantir uma mobilidade urbana mais saudável. Sem recursos para investir em infraestrutura o país praticamente limita seu próprio crescimento. E sem crescimento, não se gera receitas para rodar a economia. Ou seja, se ficar o bicho come, e se correr…
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes
Amigos, boa noite.
Era a desculpa que faltava para justificar tudo no transporte coletivo de Sampa.
Agora tudo está justificado.
Att,
Paulo Gil
Sem querer defender A ou atacar B, o problema de SP (e dos demais Estados e Municípios) é a EXCESSIVA CENTRALIZAÇÃO da carga tributária, que rege o emprego dos tributos.
Cerca de 70% dos tributos são centralizados na UNIÃO, ficando um pouco mais de 20% nos Estados e apenas menos de 10% nos Municípios. Ora, o cidadão vive no MUNICÍPIO, que é onde deveria se concentrar a maior carga tributária, a fim de atender aos anseios imediatos dele, o cidadão.
Cada município tem suas características e necessidades próprias, que só podem ser atendidas se ele (município) for dotado de recursos que permitam PLANEJAMENTO A MÉDIO E LONGO PRAZO.
Como isso não acontece (nosso sistema tributário é BURRO!), a maior parte dos tributos vai para Brasília, obrigando Governadores e Prefeitos a se posicionarem DE JOELHOS perante Pres. da República e seus Ministros, Deputados e Senadores e até mesmo pessoal de 2º escalão que exerce alguma influência.
Daí o resultado que estamos vendo: dinheiro “federal” roubado e desviado a rodo e Municípios e Estados em situação crítica.
Olavo Leal, bom dia.
Muito bem colocado; perfeito seu comentário.
Esta sim é uma reforma que deve ser votada em caráter de urgência urgentíssima.
Mas ninguém quer largar a vaca.
Abçs,
Paulo Gil
É isso mesmo, Paulo Gil.
O importante é o povo ter consciência de suas necessidades.
Claro que as autoridades políticas não vão querer largar o osso. É muita grana junta nas mãos deles, em Brasília.
Mas, sabendo o que queremos, algum dia vamos atingir os objetivos de realmente tornar o Nosso País uma República FEDERATIVA. Ou seja, deixar a maior parte da carga tributária no MUNICÍPIO, a segunda maior no ESTADO e a menor na UNIÃO, que deve se encarregar somente daquilo que melhor lhe compete: FFAA, Pol Federal, Itamaraty, Justiça Federal (mormente a Constitucional), agências reguladoras, etc, etc.