Hyundai Rotem quer mais prazo para entregar trens para a CPTM

Já em 2016 o MPE decidira cobrar uma indenização de R$ 200 milhões das empresas que não haviam entregado os trens previstos em contrato com o governo estadual

ALEXANDRE PELEGI

A Hyundai Rotem, fabricante de trens com instalações próprias na cidade de Araraquara (SP), quer estender o prazo de entrega de 30 unidades de oito carros para a malha da CPTM. O valor total do contrato é de R$ 800 milhões.

A licitação de compra dos trens da Hyundai Rotem pela CPTM está no centro de uma investigação do Ministério Público Estadual (MPE), conforme anunciamos em matéria de maio passado. (Relembre: https://diariodotransporte.com.br/2017/05/05/novos-trens-da-cptm-nao-apresentam-confiabilidade-diz-relatorio-da-engenharia-do-mp/)

Já em 2016 o MPE decidira cobrar uma indenização de R$ 200 milhões das empresas que não haviam entregado os trens previstos em contrato com o governo estadual. A licitação para a compra de trens para a CPTM foi realizada em dois lotes no ano de 2013: um lote foi vencido pela empresa espanhola CAF, para o fornecimento de 35 trens. O segundo lote foi vencido pelo consórcio Iesa / Hyundai Rotem, para a entrega de 30 trens. Cada trem deveria ter oito vagões, e o contrato final, dos dois lotes, ficou em R$ 1,8 bilhão.

O contrato para fornecimento dos trens tinha prazo de entrega para julho de 2016. Até agora, no entanto, do segundo lote de responsabilidade da Hyundai apenas cinco trens foram efetivamente entregues, sendo que outros oito estão prontos na fábrica em Araraquara, segundo a fabricante.

O atraso das entregas fará com que o término da encomenda da Hyundai seja alcançado somente em junho de 2018. As multas decorrentes do atraso somam R$ 7,9 milhões, valor que até agora não foi pago pela fabricante. A Hyundai Rotem alega que as dificuldades pelo não cumprimento do contrato não foram causadas por ela.

PROBLEMAS COM A IESA, E DEMORA DO ESTADO, SERIAM A CAUSA MAIOR PARA O ATRASO, SEGUNDO A HYUNDAI:

Na época da assinatura do contrato do segundo lote da licitação a Hyundai Rotem integrava um consórcio liderado pela Iesa. No ano seguinte a Iesa entrou em recuperação judicial. Nessa época a Hyundai tentou negociar com o governo do estado de SP a saída da sócia do consórcio, chegando a antecipar a construção da fábrica instalada em Araraquara, interior de SP.

Este é um dos motivos que levam agora a fabricante a solicitar à Secretaria de Transportes Metropolitanos o aumento no prazo para a entrega dos trens. A Hyundai-Rotem alega que o atraso foi consequência da demora do governo paulista em autorizar a saída da Iesa do consórcio. A autorização do Estado, dada em 2015, aconteceu mais de um ano depois de a Iesa ter entrado em recuperação judicial e saído das atividades da encomenda.

HYUNDAI ROTEM DISCUTIRÁ MODAL INTERCIDADES NO 21º CONGRESSO DA ANTP:

A Hyundai Rotem, uma das maiores fabricantes de trens de passageiros do mundo, participará da 21ª edição do Congresso de Transporte e Trânsito, realizado pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) entre os dias 28 e 30 de junho na capital paulista.

O diretor comercial da Companhia no Brasil, André Han, será um dos debatedores da sessão “Trens Regionais. Por que não?”, que ocorre na manhã de sexta-feira, dia 30, às 11h. Ao lado dele estarão o diretor geral  da ANTT/Ministério dos Transportes, Jorge Luiz Macedo Bastos e Silvestre Ribeiro, da secretaria de Mobilidade e Transporte de Jundiaí/SP.

A moderação ficou sob a responsabilidade de Luiz Carlos Bertotto, da ANTP.

Na ocasião André vai abordar as vantagens da adoção do modal metroferroviário para o transporte intercidades de média velocidade (até 180 km/h) no Brasil.

“Acreditamos que o modelo possa ser adaptado à realidade nacional, especialmente a partir de São Paulo. A cidade tem muitas semelhanças com Seul, onde a Hyundai Rotem teve uma experiência muito positiva na implementação do modal nos anos dois mil e que até hoje é uma referência. E temos certeza de que o modelo tem grande potencial de expansão para outras cidades brasileiras” argumenta André.

O Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito é um evento bienal realizado pela ANTP desde 1978  e figura como um dos mais importantes eventos científicos e políticos da área de Transportes e Mobilidade urbana.

SOBRE A HYUNDAY ROTEM:

A Hyundai Rotem Company nasceu na Coreia do Sul em 1977 e faz parte do Grupo Hyundai Motors. Globalmente a empresa atua na fabricação de veículos ferroviários de passageiros, tais como trens metroviários, de Subúrbio, intercidades de média velocidade, de alta velocidade, Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), bem como na prestação de serviços de manutenção para trens.

A Companhia possui presença no Brasil há pouco mais de 10 anos e neste período já tornou-se a fornecedora de trens de passageiros para empresas como a Companhia do Metrô da Bahia, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a Operadora de Trens Urbanos do Rio de janeiro (SUPERVIA) e a concessionária Via Quatro, operadora da Linha Amarela do Metrô de São Paulo.

Desde 2016 a empresa conta com uma fábrica no país, localizada em Araraquara (SP), que recebeu investimento da ordem de R$ 100 milhões. A unidade conta com cerca de 200 funcionários diretos e tem capacidade de produzir até 200 carros por ano, o que a torna a segunda maior da Companhia no mundo. O projeto é transformá-la num Hub da América Latina, que deve atender a demanda do todo o continente, com possibilidades reais de expansão em médio prazo.

Dizendo-se confiante no mercado brasileiro, a Hyundai Rotem tem estimulado também a cadeia produtiva do entorno da fábrica, incluindo fabricantes de ar condicionado, motores elétricos e instituições ligadas ao ensino técnico.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa noite.

    Uma ideia a lá Paulo Gil.

    Não tem trem da Hyundai da Linha 4 Amarela parados, pela falta de finalização das estações.

    Então não dá para pintar os amarelinhos de vermelho e colocá-los para rodar na CPTM, prorroga o prazo e entrega esses pintados de amarelos para a linha 4 do metro.

    Pronto, tudo resolvido.

    Ou a bitola da CPTM é 1 mm menor do que a da linha 4 do metro Amarelo ou a bitola da linha 4 Amrela do metro é 1mm maior do que a da CPTM ??

    “Cuidado com o vão e a altura entre o trem e a plataforma”

    Att.

    Paulo Gil

    1. Luiz Vilela disse:

      Olá Paulo Gil!
      Amarela é bitola internacional – 1435mm; CPTMs todas são 1600mm.
      Abraço!

      1. Paulo Gil disse:

        Luiz Vilela, boa noite.

        Bom ler você de novo.

        Muito obrigado pela informação precisa.

        Eu já desconfiada que tinha gato nessa tumba, não não sabia o tamanho preciso dos “gatos”.

        Afinal, pra que usar padrão internacional né ??

        Ai o problema estaria resolvido e resolver problema não é o ponto forte do puder no Barsil.

        O puder no Barsil gosta é de criar problemas e dificuldades, só assim vendem as facilidades para reachear os bolsos e as contas nos paraísos fiscais.

        Vilela estou sentindo falta dos seus comentários sobre os trilhos, eles são muito legais e precisos.

        Volte a contribuir, se quiser e puder, é claro.

        Abçs,

        Paulo Gil

  2. Elder Sandim disse:

    A bitola da CPTM padrão escolhida para o Brasil é a bitola larga ou Irlandesa de 1,60 metros. A bitola utilizada na Linha Amarela quebrou o Padrão Brasileiro, foi utilizada bitola internacional de 1,435 metros. A desvantagem da bitola larga sobre a bitola internacional para o Brasil é que sem padronização os carros do Metrô da Linha Amarela nunca poderão rodar nas outras linhas do Metrô de Bitola Larga. Fora que os Metrôs Antigos utilizam terceiro trilho lateral (abaixo da plataforma, padrão americano) para captar energia elétrica e os Metrôs da Linha Amarela utilizam pantografo no teto dos trens, para captar energia por rede aérea sobre o trem.

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