Ônibus rodoviários perdem quase 40% dos passageiros em seis anos, diz Ministério dos Transportes

Carga tributária impede mais competitividade do transporte rodoviário

Já o transporte aéreo, cresceu 25,8%, no entanto, a tendência é de reversão do quadro

ADAMO BAZANI

Os ônibus interestaduais perderam 27,1% dos passageiros no período entre 2010 e 2016, quando a demanda caiu de 59 milhões de pessoas transportadas por ano para 43 milhões.

Levanto em conta as linhas rodoviárias interestaduais, internacionais e semiurbanas, a queda é maior ainda, com perdas de passageiros na ordem de 37,2%. Em 2010, os ônibus que operam estas linhas transportaram 147,3 milhões de pessoas. Em 2016, este número era de 92,5 milhões de passageiros.

Os dados são do primeiro Anuário Estatístico de Transportes, lançado pela Empresa de Planejamento e Logística – EPL, e pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, ambos do Governo Federal.

No mesmo período, ainda de acordo com o estudo, o número de passageiros que utilizaram o transporte aéreo para viagens dentro do país cresceu 25,8%, indo de 66 milhões de pessoas, em 2010, para 83 milhões de pessoas transportadas em 2016.

O quadro pode ser explicado por diversos fatores em conjunto, como as passagens aéreas que, no início da década principalmente, tinham preços mais competitivos, a rapidez dos transportes aéreos e também a carga tributária sobre o segmento de transporte rodoviário. É o caso, por exemplo, do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre o valor da passagem de ônibus, que não é cobrado da aviação.

Para rotas internacionais, o transporte aéreo também teve expansão. O crescimento foi de 34,1%, entre 2010 e 2016, com o número de passageiros sendo elevado de 15,4 milhões para 20,5 milhões.

Apesar do número maior de passageiros nas viagens domésticas, a quantidade de voos caiu 2% entre 2010 e 2016, passando de 844,7 mil rotas em 2010, ante 827,8 mil, em 2016. Isso significa aviões mais cheios por viagem e mais concentração de mercado, fenômeno, contudo, chamado de “otimização” pelo setor.

Já a quantidade de rotas internacionais subiu 14,3%, passando, de 117,5 mil em 2010, para 134,3 mil em 2016.Apesar dos números acumulados favoráveis para o setor aéreo, o estudo também indica reversão do quadro, com possibilidade de queda de demanda nos próximos meses, fato que começou principalmente a partir de 2014.

O anuário mostra que a taxa de ocupação dos voos domésticos cresceu 12 pontos percentuais entre 2010 e 2014, passando de 68% para 80%, ou seja, aviões mais lotados. Entretanto, entre a partir de 2014, não houve mais crescimento significativo, com índices estáveis.

A taxa de ocupação dos voos internacionais subiu um pouco no período entre 2010 e 2016, registrando inclusive alguns momentos de quedas.  No ano passado, as aeronaves que viajaram para fora do país tinham, em média, 84% de lotação.

INCENTIVOS AO TRANSPORTE INDIVIDUAL SÃO ADMITIDOS PELO GOVERNO:

O estudo também um quadro sobre o tipo de frota de veículos que circulam pelo país.

Ao todo, a frota circulante brasileira é composta por 51, 3 milhões de veículos e quem domina ruas, avenidas e rodovias é o carro, correspondendo a 56,2% deste total.

Em segundo lugar, aparecem as motos, com 24,9 milhões de unidades, ou 27,9% do total.

Entretanto, no período entre 2010 e 2016, o número de veículos de passeio cresceu 37,9% enquanto o de motocicletas teve uma elevação de 52,1% .

O próprio Governo Federal avalia aqui este aumento de viagens de carros e motos, já que o estudo leva em conta os veículos em circulação, se deu pelos incentivos ao transporte individual, enquanto que o transporte coletivo não recebeu a mesma preocupação.

Entre os incentivos destacam-se as isenções de IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados sobre os carros, que começaram no governo de Luís Inácio Lula da Silva, em 2010, e terminaram em 2015, já com Dilma Rousseff no poder.

Já os veículos utilitários representam 11,7%, os caminhões somam 3,6% e os ônibus apenas 1,1% da frota nacional circulante.

Neste período, entre 2010 em 2016, a frota de utilitários foi a que mais cresceu: 65,9%. A frota de ônibus e caminhões teve elevação inferior às outras categorias: 36,3% (ônibus) e 28,8% (caminhões, muitos substituídos por utilitários).

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Mario Edson frassetto disse:

    Falta de maturidade das empresas que tratam os clientes como um ser que vai usar o transporte uma única vez. (Aqui em piracicaba o descaso é total inclusive da adm da rodoviaria que não luta por novas rotas para a cidade e tbm prefeitura que não move uma palha para trazer uma empresa aérea para começar uma rota no aeroporto ).

    1. Paulo Gil disse:

      Mario Frassetto, boa tarde.

      Bem pensado, afinal Piracicaba cresceu bastante e tem até indústria automobilística recém instalada .

      Mas o lobby de Viracopos deve ser um “JATO”.

      Quanto ao buzão, no caso especial de Piracicaba, o dono é o mesmo da empresa aérea, ai ele lucra de qualquer jeito.

      O passageiro é uma manjubinha na boca dos Tubarões.

      Abçs,

      Paulo Gil

  2. Luis Nunes disse:

    Além das explicações colocadas na reportagem, acredito que contribuíram para a queda de passageiros:
    1) Passagens caras, onde viajando com mais de uma pessoa, compensa-se ir de carro.
    2) Rotas desatualizadas, forçando baldeações em terminais rodoviários obsoletos, sem segurança e conforto Além de inúmeras paradas (pinga-pinga) tornando a viagem longa e cansativa, horários impróprios que não permitem o passageiro otimizar seu dia, principalmente o cliente de negócios ou corporativo, funcionários muitas vezes terceirizados sem treinamento ou educação para trato com os clientes.
    3) A mentalidade das empresas em tratar as pessoas que utilizam seus serviços não como clientes e sim como “passageiros”.

  3. Paulo Gil disse:

    Amigos, boa tarde.

    Previsivellllllllllllllllllll né, afinal depois que as passagens aéreas ficaram mais acessíveis, ninguém vai ficar 3 dias e 3 noites num buzão, né.

    Pura lógica.

    Att,

    Paulo Gil

  4. Daniel Duarte disse:

    Acredito que essa nova onda de ônibus DD com possibilidades de serviços executivo e leito no mesmo carro, vai dar uma guinada, esses ônibus de 2 andares só de olhar já da vontade de viajar, porém concordo com vocês, a maioria dos terminais rodoviários são uma vergonha, sem falar que acabam com a imagem das cidades na visão daqueles passageiros que só estão de passagem, exemplo: São José do Rio Preto, que terminal é aquele gente ! Uma cidade tão rica.

  5. vagligeirinho disse:

    Me lembro que fora noticiado que existia planos para mudar o sistema de transportes rodoviários. Alguns que reclamaram das baldeações se esqueceram que linhas rodoviárias muito longas também tem problemas e não são lucrativas às empresas. As baldeações devem ser feitas de forma confortável e inteligente, o que concordo que não é hoje tão viável.

    Como dito também, os valores para viajar dependendo da linha não compensam. Tenho acompanhado os valores de uma linha que costumo usar (de 700 km), e em 10 anos, a mesma aumentou de valor de 80 para 140 reais. O aumento contínuo e anual das linhas contribui também para a redução das viagens. A pessoa entende que vai ter um momento que as passagens não vão compensar. Soma-se a isso a discussão sobre gratuidades, cujo pessoal que depende também está implicado, uma vez que para compensar a gratuidade, as empresas fizeram mudanças no tipo de serviço do ônibus para justamente diminuir o número de veículos que permitem gratuidade (convencional).

  6. ÔNIBUS RODOVIÁRIOS PERDEM QUASE 40% DOS PASSAGEIROS EM SEIS ANOS.
    Vários são os motivos:
    1 – Péssimo serviço : Ônibus sujos, ônibus com ar-condicionado quebrado, funcionários mal educados e reclamado da direção da empresa .
    2 – Passagens caríssimas . ( Empresários ganharam muito dinheiro , mas foram investir em outros negócios como : Agronegócio, setor imobiliários, setor aéreo e transporte marítimo, shopping center.
    3 – Serviços ( Pontos pardas ) : sujos, serviços caríssimos,
    4 – Configuração dos Ônibus e Serviços: Ônibus é Convencional ou Executivo? Leito ou Semi Leito ? preço cobrado da passagem é para qual serviço? Empresas que cobram passagens caríssimas mas não definem a configuração do ônibus no mesmo itinerario .
    5 – ANTT e o Monopólio que agora virou Oligopólio – Grupos que definem rotas, não permitem que outras empresas operem no mesmo setor . EXEMPLO : São Paulo a Ibitinga (SP ) O passageiro que esta na cidade de Rio Claro-SP ,precisa embarcar para a cidade paulista de Ibitinga é obrigado a ficar em pé, debaixo de chuva ou sol, correndo risco de assalto em plena margens da rodovia SP 310 em Rio Claro, motivo uma determinada empresa que não faz o setor não permite que a outra entre na rodoviária de Rio Claro para pegar passageiros com destino a Ibitinga e região. – ABSURDO

  7. dagc David disse:

    O governo chama de incentivo não cobrar imposto? Piada ne…. Cobrar pouco imposto deveria ser uma OBRIGAÇAO.

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