Prefeitura de Diadema vai recorrer de decisão que permite retirada de cobradores de ônibus na cidade
Publicado em: 27 de abril de 2017
Lei de 2013 impede que motoristas dirijam e cobrem ao mesmo tempo, mas companhias estão amparadas em liminar
ADAMO BAZANI
Parcela significativa da frota de ônibus municipais de Diadema, na Grande São Paulo, já é operada apenas pelo motorista, que além de dirigir, é obrigado a cobrar a passagem, recebendo dinheiro e fazendo troco.
As duas companhias de ônibus da cidade, Mobibrasil e Benfica, estão amparados numa decisão judicial que permite a prática.
Entretanto, a Lei Municipal 3.310, de 2013, assinada pelo prefeito Lauro Michels, que voltou ao comando Paço, proíbe a dupla função.
Segundo o texto da lei, “ É vedado, aos motoristas dos ônibus do município de Diadema, a função de cobrar passagens ou função que implique a supressão da função de cobrador”
A liminar contesta justamente os efeitos dessa lei, que momentaneamente estão suspensos.
A prefeitura, entretanto, declarou que pretende recorrer desta decisão.
A administração ainda afirma que um acordo com as companhias de ônibus impede as demissões. No entanto, segundo o sindicato que representa os trabalhadores, diversos cobradores já perderam o emprego desde o ano passado.
Mesmo dizendo que vai recorrer da lei, a prefeitura incentiva a bilhetagem eletrônica para que não haja pagamentos em dinheiro dentro dos ônibus.
A passagem em dinheiro hoje na cidade de Diadema custa R$ 4,20 e, paga com o cartão SOU, uma espécie de bilhete único da cidade, sai por R$ 4.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Lamentável. Se os motoristas receberem mais essa atribuição, teremos varias situações onde linhas com horários apertados passarão a circular com atrasos, afinal, o motorista: deverá cuidar da catraca ( meu cartão não está sendo validado -motorista, me ajuda por favor?) ; atenderá pessoas com mobilidade reduzida no embarque e no desembarque; prestará informações( motorista, este onibus passa pelo hospital municipal?), fará os relatórios que são feitos pelo cobrador e claro: irá dirigir.
Então, as empresas, não irão colocar os ônibus para trafegar em maior velocidade, não por preocupação com a segurança, mas por questões financeiras (multas) , mas irão adequar os atrasos a uma nova tabela de horários.
Resultado: maior tempo de espera nos pontos.
Comentário perfeito do Leonardo Rocha que reflete a realidade das cidades que já tem 100% dos ônibus sem cobrador há vários anos como é o caso de Sorocaba e Joinville. Importante dizer ainda que sem a presença do cobrador que poderia ser AUXILIAR DE BORDO em caso de ônibus com catracas eletrônicas, vale dizer que É IMPRESSIONANTE a quantidade de pessoas que entram pela porta traseira sem pagar e saem pela mesma porta traseira. O calote é grande especialmente nos horários de pico e isso pude comprovar pessoalmente observando o volume de ônibus circulando em várias avenidas e ruas nas cidades citadas, o que garante que a mesma situação esteja ocorrendo em outras cidades já 100% ou pelo menos parcialmente sem a figura do cobrador.