Carros e ônibus elétricos vão ajudar, mas não vão impedir alta no consumo do petróleo

Publicado em: 17 de novembro de 2016

É o que diz AIE – Agência Internacional de Energia, que prevê crescimento ano a ano da dependência mundial do petróleo e de seus derivados. No entanto, mobilidade elétrica deve estar nos planos dos gestores para evitar quadro pior

ADAMO BAZANI

O aumento da frota de ônibus e carros elétricos vai ser fundamental para contribuir para melhoria do meio ambiente, no entanto, não será capaz de reduzir a dependência do petróleo até 2040.

Foi o que concluiu a AIE – Agência Internacional de Energia em relatório divulgado nesta quarta-feira, 16 de novembro de 2016.

De acordo com projeção da agência, que reúne especialistas em todo mundo, se o ritmo de medidas sustentáveis for mantido, haverá um crescimento anual de 0,4% no consumo de petróleo até 2040.

A frota de veículos elétricos, principalmente carros de passeio e ônibus, deve passar até 2040 dos atuais 1,5 milhão para 150 milhões, segundo a AIE.

No entanto, outros setores relacionados aos transportes vão continuar extremamente dependentes de combustíveis fósseis, entre eles estão os deslocamentos de cargas. A indústria e aviação também continuarão sendo grandes consumidores.

“O pico da procura do petróleo não está à vista  … A procura vai aumentar a um nível mais baixo do que no passado mas vai continuar a aumentar” – disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol em coletiva.

De acordo com projeção da agência, em 2040, o planeta deve consumir aproximadamente 103,5 milhões de barris por dia (mbd), caso os países adotem os compromissos básicos do Acordo de Paris. Em 2015, foram 92,5 mbd.

Com aumento da frota de carros e ônibus elétricos, a demanda por petróleo em 2040 deve ser em torno de 1,3 mbd menor.

Caso medidas mais duras fossem tomadas para reduzir as emissões de gás carbônico e limitar o aquecimento global em 2 graus, seria possível, ainda de acordo com a AIE , alcançar um consumo de nível semelhante dos anos de 1990, abaixo de 75 mbd.

O crescimento do consumo de petróleo deve ser diferente por região.

De acordo com a projeção, os países desenvolvidos que formam OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico vão reduzir o consumo em 12 mbd em 2040, mas nos outros países haverá aumento de 19 mbd.  A  Índia é o país que terá o maior crescimento no consumo , e a China em 2040, vai ultrapassar os Estados Unidos  como maior consumidor do planeta.

DESEQUILÍBRIO:

A AIE também projeta um desequilíbrio no mercado mundial do petróleo caso haja um excessivo desinvestimento na indústria.

Alguns planos foram adiados ou cancelados por causa da queda dos preços do petróleo que começou em meados de 2014. O valor está em torno de US$ 45 o barril. Esta redução de investimentos equivale, por exemplo, a uma perda a cada dois anos da atual produção inteira do Iraque.

Com este cenário, a Agência Internacional de Energia, que tem sede em Paris, advertiu para o risco de uma correção excessiva de preços nos próximos anos.

Em 2014, os investimentos atingiram US$ 780 bilhões, principalmente em projetos de exploração e produção. Em 2015, esse número era de US$ 200 bilhões de dólares e deve fechar este ano em US$ 140 bilhões.

“Se as aprovações de novos projetos continuarem sendo limitadas pelo terceiro ano consecutivo em 2017, parece cada vez mais improvável que se mantenha um equilíbrio entre demanda e oferta no início dos anos 2020”, alerta a AIE, como já fez a Opep.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes