História

HISTÓRIA: Carrocerias Asirma e Carrocerias Tudônibus

Capri Tudônibus

Carroceria da Tudônibus. Veículo Capri “emprestava” linhas e componentes de marcas renomadas no mercado, como Nimbus, Haragano e Nielson.

Fabricantes tiveram rápida passagem na história dos transportes, mas também contribuíram para o processo de evolução do setor

ADAMO BAZANI

A indústria do setor de transportes coletivos teve na história grandes nomes, alguns deles presentes nos dias de hoje, como a Caio; a Marcopolo, antes chamada Nicola, a Comil, que era Incasel, e a própria Busscar, que apesar de ter a falência decretada em 2012, e depois reafirmada em 2013, ainda possui um grande número de ônibus em circulação.

Outros grandes nomes já não são mais encontrados tão facilmente nas ruas, como a Eliziário, Nimbus, Thamco, Ciferal, incorporada pela Marcopolo em 2001, Condor, CMA, Mafersa, Cobrasma, entre outras, sem esquecer, da pioneira Grassi.

Mas a história dos transportes é bem ampla e revela nomes que não tiveram talvez a mesma grandiosidade em números e penetração de mercado, mas que também trouxeram sua contribuição para o constante processo de evolução da indústria de ônibus, que apesar de ter produtos de muito boa qualidade, precisa ainda avançar muito.

O Blog Ponto de Ônibus lembra nesta reportagem de duas marcas: a Asirma e Tudônibus , encarroçadoras do sul do país. Como características semelhantes, além da localização nesta região do Brasil, elas tiveram pouca duração e origem em negócios familiares.

ASIRMA:

ônibus Asirma

Criada no Rio Grande do Sul pelo filho do fundador da Eliziário, Asirma teve mais unidades vendidas em outros estados, como São Paulo. Modelo da foto operou pela Viação Triângulo, no ABC Paulista.

A Asirma foi criada em 1954, por Astrogildo Goulart, contabilista e filho de Eliziário Goulart da Silva, fundador da gigante para a época, Carrocerias Eliziário. A razão social da empresa era Astrogildo & Irmão Ltda e a sede ficava na Avenida Assis Brasil, em Porto Alegre.

Assim, Astrogildo começou a concorrer com o próprio pai.

Os primeiros ônibus fabricados pela Asirma tinham um estilo robusto, mais sólido, com linhas fortes, uma característica de época das encarroçadoras do Sul e, claro, da própria Eliziário.

ônibus Azirma

A Asirma produziu modelos rodoviários, alguns muito semelhantes aos ônibus da Eliziário.

No início dos anos de 1960, a Asirma começava a ter suas próprias características, com linhas nos desenhos mais leves e modernas. Por estratégia ou não, havia poucos ônibus da Asirma sendo vendidos no Rio Grande do Sul. Talvez para evitar uma concorrência mais direta com o pai ou mesmo pelo reconhecimento da supremacia da Eliziário.

No entanto, os veículos começaram a ser mais comuns em estados como Paraná, São Paulo e Minas Gerais.

Para capital mineira, por exemplo, entre os anos de 1961 e 1968 foram fornecidas 50 carrocerias.

Para capital paulista e grande São Paulo também foram vendidas unidades.

O pesquisador e historiador Mário dos Santos Custódio relata que no ABC Paulista operaram com ônibus Asirma empresas como Auto Viação Triângulo, Viação São Camilo, Expresso Santa Rita e Transporte Coletivo Nima.

ônibus Asirma

Ônibus Asirma da Viação São Camilo, de Santo André, no Parque D.Pedro II, na Capital Paulista. Nos anos de 1960, encarroçadora assumia linhas próprias.

A história da Asirma se encerrou em 1968. Após o Golpe Militar de 1964, o país vivia instabilidades financeiras, provocadas pelo cenário interno e também internacional.

Além disso, Astrogildo não tinha conseguido a mesma credibilidade que a Eliziário. Sendo assim a encarroçadora fechou as portas. Apesar disso, quem andou ou mesmo trabalhou em ônibus da Asirma, considera os veículos de boa qualidade.

TUDÔNIBUS:

Capri Tudônibus

Tudônibus fez poucas unidades que foram vendidas predominantemente para os transportes em Curitiba.

A Tudônibus Comércio e Indústria de Veículos Ltda, de Curitiba, no Paraná, não foi criada para ser uma encarroçadora de ônibus propriamente dito, mas acabou produzindo alguns veículos para o transporte coletivo. Nos anos de 1970, a empresa se apresentava como fabricante de componentes feitos de plásticos reforçados, de fibras fibra de vidro, de carrocerias para veículos frigoríficos, furgões, trailers motor homes, além de ser uma reformadora e adaptadora de ônibus.

A Tudônibus pertencia à família Reksidler, que atuava nos transportes de passageiros no Paraná desde os anos de 1940.

A família também era representante da encarroçadora Nimbus, o que a aproximou mais ainda do universo da produção de carrocerias de ônibus.

A Nimbus foi uma grande inspiradora para os dois modelos que a ônibus fabricou entre os anos de 1980 e 1981: o Capri I e o Capri II.

Os modelos, muito semelhantes entre eles, incorporavam elementos do Nimbus Haragano e do TR-3. O para-brisas era “emprestado” do Incasel Cisne e a grade dianteira semelhante à usada no Nielson Diplomata.

A estimativa é de que a Tudônibus tenha fabricado em torno de 60 unidades dos modelos urbanos Capri I e Capri II, utilizados predominantemente para o transporte na capital paranaense.

A empresa também anunciava a fabricação de ônibus rodoviários e ônibus articulados, mas não há registros de produção destes modelos.

Em 1983, a Tudônibus foi liquidada e as instalações alugadas para Trailemar, que começou as atividades no local reformando carrocerias e ônibus e depois se voltou para a transformação de ônibus em motor homes.

Tanto ela como a Asirma tiveram rápida passagem pela história, mas ajudaram ou a desenvolver técnicas de produção ou, pelo menos, difundir soluções adotadas por fabricantes maiores, contribuindo para a formação de uma cultura fabril no setor de ônibus.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Comentários

Comentários

  1. Ainda tinha a Incabasa , Industria de carrocerias da Bahia, montou monoblocos para a Mercedes Benz nos anos 70.

    1. Salvador Sobre Trilhos disse:

      Era uma empresa reformadora,montava as suas carrocerias em plataformas de MB Monobloco já usados. A encarroçadora Aratu (IASA -Ind,Aratú S/A) originaria da Bons Amigos funcionava em Salvador nas Granjas Unidas Presd.Vargas próxima a BR 324 (Brasilgás)

  2. J disse:

    A BUSSCAR faliu só aqui nessa “terra devastada” …pois no México e sabe Deus mais aonde aqui nas Américas …aonde se fala Espanhol… “ela vai muito bem obrigada” ! Esse maldito desgoverno PTRALHA imundo e essa oposição de merda da TUCANADA RABO-PRESO E HIPÓCRITA …da mesma origem maldita MARXISTA…não sabe o q fazer com o País ! O PT da nossa grana pra salvafr os empregos das pessoas…de CUBA, VENEZUELA, PERÚ, BOLÍVIA, MOÇAMBIQUE E SABE MAIS DEUS DE ONDE ! E NÓS MORRAMOS DE FOME E SEM TRANSPORTE DE QUALIDADE E SEM SAÚDE E SEM A MENOR QUALIDADE DE VIDA E COM UMA EDUCAÇÃO HORRENDA Q FAZ DE NOSSAS CRIANÇAS E JOVENS ESCRAVOS DO MALDITO MARXISMO ! FORA TODOS ! TODOS ! TODOS ! CANALHAS !! SODOMITAS E LADRÕES !

    1. diegofc88 disse:

      Não tem nada a ver com o governo a falência da Busscar, isso deve-se unicamente à administração dos Nielson, todos tentaram ajudar, o BNDES perdeu dinheiro lá, pois desviaram outras fábricas e investimentos.

  3. jair disse:

    Auto Viação Intercontinental aquí de São Paulo, que tinha 1 linha única do Jardim São Bento (zona norte do lado do Campo de Marte) ao museu do Ipiranga, operava com 1 carro reencarrooçado pela Asirma de prefixo 006 que anteriormente era encarroçado por um Caio Bossa Nova, sobre chassi mercedes LP-321, motor dianteiro e apresentava um conforto semelhante aos dos demais encarroçadores da época.
    Predominava nessa empresa a carroceria Nicola sobre os LPs 321 e o encarroçamento dos monoblocos eram feitos por Striulli e Grassi.
    Naquela época era comum o reencarroçamento da frota que não tinha idade mínima para uso.

    1. Edison Santos disse:

      OI Jair,
      Estou buscando a cor dos onibus da intercontinental que nao me lembro mais. Voce pode me ajudar?
      Edison

  4. Marcos Antonio Santos disse:

    Pois é Jair, me recordo do Asirma da Viação Intercontinental, aproveitando o gancho a Intercontinental operou também com um Nielson “Urbano” e em seus últimos momentos com um Grassi Teto Reto, o último modelo da Grassi!

    1. a cor dos onibus = azul escuro e prata

  5. Boa tarde Adamo, recebi sua publicação por um amigo, Osvaldo Born que sempre que pode está nos visitando na Rimavel Comercio de Veiculos. Com saudades lí a sua materia e me emocionei, fui parte integrante dessa aventura iniciada por meu pai Waldemar Reksiedler (in memoriam)e para dar veracidade ao seu trabalho, informo que a Tudonibus produziu exatamente 9 unidades urbanas Capri I e II, sendo que tres foram vendidas para Auto Viação Marechal de Curitiba e foram exportadas mais seis(06) para a cidade de Encarnacion no Paraguai pela empresa KSR Trading, todas montadas sobre chassi MB. OF-1313.
    Já a respeito do onibus rodoviario, foi montada apenas uma unidade (prototipo) sobre um chassi Scania usado, adquirido da Penha e vendido para uma agencia de turismo de Curitiba, a qual não recordo o nome no momento, mas vou vasculhar nas fotos e recortes de jornais que meu pai guardava, certamente vou encontrar e te mandar.
    Abraço e sucesso em suas pesquisas sobre a historia dos onibus, as quais eu faço parte desde meus avós.
    Iwerson Reksidler

    1. Olá, muito bom ter este retorno. Para nós, é gratificante.
      Poxa, se você encontrar as fotos e os recortes de jornais, será muito bom. Um registro importante, sem dúvida.
      Obrigado pelo acréscimo de informações.
      Abraços.

  6. Ciro disse:

    Esses três ônibus da Marechal tinham as numerações 572, 593 e 594 originalmente e eram pintados na tradicional combinação Verde, Amarelo e Prata, antes da padronização de 1982. Após a mesma o 572 passou a operar a linha Interbairros com a numeração 3572 e o 594 operava na linha Convencional com a numeração 1594. Não tenho certeza sobre o 593. Com relação à carroceria Asirma, a Marechal possuía um veículo número 566 parecido com esse da foto, da Viação São Camilo, entre 1968 a 1974 pois em 1975 foi substituído por um Nimbus TR-2. Lembro de alguns outros “Asirma” com a numeração de 800 em diante que inicialmente pertenciam à Auto Viação Copa Verde. Desconfio que o próprio 566 da Marechal foi adquirido da Copa Verde, por tratar-se carro único na Empresa.

    1. Muito obrigado Ciro. Excelente seu complemento e relato. Abraços

  7. Salvador Sobre Trilhos disse:

    Outras marcas – Nielson – Urbanus – Cermava – Caio Norte – Bons Amigos – Aratú (Ba) – Pilares – Cribia – Cirb – Metropolitana (Carrocerias de duralumínio) – Fenix –

  8. Marlon Garcia disse:

    Excelente matéria. Faltou citar as encarroçadoras CIRB e METROPOLITANA do RJ.

  9. EDMON BATISTA DE BITTENCOURT disse:

    A Viação Beira-Mar S/A de Salvador, comprou cinco (5) veículos Mercedes Benz com Carrocerias Asirma, nos anos 60. Possuo uma foto de jornal. Caso queira a foto, envie o endereço para encaminhar. Saudações.

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