Setor de transportes está pessimista e empresários de ônibus pedem menos intervenção do governo

ônibus urbano e rodoviário

Transportadores em geral mostram pouco otimismo para os próximos anos, mas posições mudam em assuntos específicos. Enquanto empresas urbanas defendem Cide para tarifas, rodoviárias são contra tributo. Foto: Adamo Bazani

Mais de 80% das empresas de ônibus afirmam que o Governo deveria intervir menos no mercado estipulando gratuidades e valor de tarifas

ADAMO BAZANI

Definitivamente o setor de transporte está pessimista com a realidade atual do Brasil e uma mudança de fato só é esperada a partir de 2017. É o que revela a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2015, realizada pela CNT – Confederação Nacional do Transporte com representantes de todos os modais, entre fluviais, rodoviários, ferroviários, metroferroviários, urbano e metropolitano,  tanto de cargas como de passageiros .

Foram ouvidos 713 transportadores entre 26 de agosto e 17 de setembro.

De acordo com a pesquisa, 86% dos transportadores entrevistados não confiam na atual gestão do Governo Federal. Já para 49% dos entrevistados, o Brasil só vai voltar a crescer em 2017. E pior, outros 19,6% acreditam em melhoria somente em 2018.

Entre todos os setores de transporte 54% disseram que neste ano vão ter uma receita bruta menor em comparação a 2014.

Para 67,7%, a elevada carga tributária é um dos principais problemas do setor de transporte.

Já em relação ao transporte de passageiros metropolitano e urbano , 83,1% das empresas de ônibus se queixam do que consideram excesso de interferência do poder público no mercado, estipulando gratuidades e tarifas com pouca negociação. Em relação ao transporte metroferroviário 77,8% das empresas disseram que os custos operacionais foram elevados em 2015, considerando gastos com energia elétrica, por exemplo.

Nos segmentos de transporte rodoviário de passageiros, interestadual ou internacional, 91% dos entrevistados não aprovam a volta da cobrança do Cide no combustível. A postura é diferente entre os transportadores  urbanos, que defendem que parte do combustível subsidie as tarifas.

PRINCIPAIS DADOS

2015 – AVALIAÇÃO SOBRE GESTÃO ECONÔMICA E RETOMADA DO CRESCIMENTO

  • 54,0% disseram que esperam ter redução da receita bruta em 2015 em comparação com 2014
  • 76,4% das empresas entrevistadas tiveram aumento do custo operacional em 2015
  • 79,1% dos transportadores demitiram funcionários em 2015
  • 86,0% têm baixo grau de confiança na gestão econômica do governo federal
  • 84,0% afirmaram que a confiança na gestão econômica reduziu desde 2014
  • 91,3% acreditam que as medidas de ajuste fiscal não serão suficientes para a retomar crescimento
  • 49,0% acreditam que o país voltará a crescer em 2017. Outros 19,6% esperam crescimento em 2018
  • O que mais prejudica a atividade das empresas: crise econômica (65,9%), infraestrutura de

transporte (12,8%), burocracia (9,0%)

2016 – EXPECTATIVAS

  • 49,9% acreditam que o PIB brasileiro será ainda menor em 2016
  • 69,9% acham que a receita bruta será mantida ou reduzida em 2016
  • 29,3% acreditam que reduzirão a contratação formal de empregados
  • 80,9% acham que haverá aumento no preço do diesel; 79,1% de lubrificante e 79,6% de pneus
  • 67,0% acham que a inflação aumentará; para 70,4%, haverá aumento na carga tributária;

66,4% acham que a taxa de juros vai se elevar e 56,3% apontam aumento na taxa de câmbio

INFRAESTRUTURA E INVESTIMENTOS

  • 62,4% consideram que infraestrutura de transporte é insuficiente
  • 53,7% consideram a qualidade da infraestrutura existente no país ruim ou péssima
  • 42,2% acreditam que a qualidade da infraestrutura será apenas mantida em 2016
  • 45,1% acreditam que os investimentos públicos serão reduzidos em 2016
  • 42,9% esperam que os recursos privados investidos em 2016 sejam mantidos no mesmo patamar de 2014

RODOVIÁRIO DE CARGAS

  • 36,4% dos empresários dispensaram transportadores autônomos de carga agregados em 2015
  • Para 2016, apenas 17,3% das empresas devem aumentar a contratação de transportadores

autônomos de carga agregados

  • 57,2% relataram aumento no roubo de cargas, no último ano, nas áreas em que atuam

FERROVIÁRIO DE CARGAS

  • 100% das concessionárias têm invasões de faixas de domínio e passagens em nível em suas malhas (anteriores às concessões)
  • 60% das empresas esperam aumento no volume de cargas movimentadas em 2015 e 2016
  • 80% apontam a necessidade de definição de regras de reversibilidade dos contratos
  • 100% apontam necessidade de revisão da Resolução ANTT nº 2.695/2008, que estabelece

precedentes para a execução de obras na malha ferroviária

TRANSPORTE URBANO DE PASSAGEIROS POR ÔNIBUS

  • 50,6% afirmaram haver mecanismos de priorização do transporte público coletivo nas cidades em que operam
  • Entre os benefícios da priorização do transporte público estão: redução do tempo em trânsito dos

veículos (65,5%), maior pontualidade nas rotas operadas (17,8%) e economia de combustível (9,5%)

  • 49,4% afirmaram haver plano de mobilidade nos municípios em que operam
  • 83,1% das empresas afirmam que medidas de redução da intervenção do governo no mercado (gratuidades, tarifas etc) é a ação que mais beneficiaria o desempenho da atividade.

TRANSPORTE METROFERROVIÁRIO

  • Falta de recursos financeiros (44,5%) e de projetos (22,2%) são dois dos principais entraves à

expansão das linhas férreas

  • 77,8% das empresas tiveram seus custos operacionais elevados em 2015
  • No caso do aumento do custo com energia elétrica, 66,7% dos empresários afirmaram que foram prejudicados pelo sistema de bandeiras tarifárias de energia elétrica, implementado pela Aneel
  • 55,6% dos entrevistados afirmaram que a principal medida para melhorar a operação das empresas é o deslocamento do horário de pico de energia para o sistema metroferroviário

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS (INTERESTADUAL E INTERNACIONAL)

  • 39,6% afirmaram transportar usuários beneficiários de gratuidades
  • Desoneração de combustíveis é apontada por 66,7% dos entrevistados como a ação mais

importante para as empresas

  • 91,0% não aprovam a volta da cobrança da Cide-combustíveis

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO (NAVEGAÇÃO MARÍTIMA E INTERIOR)

  • 57,5% das EBNs(Empresas Brasileiras de Navegação) revelaram aumento do custo operacional em 2015
  • 84,6% dos empresários apoiam a criação de novos centros de formação de oficiais no país, com autorização da Marinha do Brasil
  • 53,8% dos entrevistados utilizamTUPs(Terminais de Uso Privado) emsuas operações. Desses, 42,8% afirmam preferir TUPs por serem mais eficientes
  • As ações mais importantes para o segmento são o programa continuado de dragagens, a liberação de construção de novos TUPs e derrocamentos em pontos estratégicos

TRANSPORTE AÉREO DE PASSAGEIROS

  • 66,7% das empresas aéreas esperam aumentar o volume de passageiros em 2016
  • 83,3% dos entrevistados afirmaram que a taxa de câmbio tem elevado impacto sobre a atividade
  • O problema citado por 100% dos representantes da aviação civil brasileira é o alto

custo dos insumos

  • Redução da alíquota de ICMS incidente sobre o QAV (querosene de aviação) é apontada comonecessária. Empresas desejam alíquota máxima de 12%

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.

Comentários

Comentários

  1. anônimo disse:

    Bom dia.

    Àdamo… Suas matérias têm sido, como de costume, interessantes e estimulantes.

    É difícil, manter-se em silêncio.

    Quanto à matéria em específico, creio que, alguns “empresários”, inclusive do setor em específico, precisam deixar de praticar, o capitalismo de quadrilha, pagando o “café”, para o Douto Prefeito, Douto… e assim por diante, para varrer a concorrência do mapa.

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